Capítulo 95

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Escutei passos atrás de mim e assim que me virei dei de cara com o Nicolas vindo em minha direção a passos pesados, punhos fechados e a raiva estampada em seu rosto.

Assim que ele parou na minha frente simplesmente levantou o braço e acertou um soco no meu queixo. Me levantei na hora e vi o mundo gritar por alguns instantes.

Ele veio para cima de mim de novo, mas dessa vez o afastei empurrando ele pelo peito.

-O QUE MERDA TU TA FAZENDO?- ele veio pra cima de novo e acertou uma joelhada no na minha barriga, me fazendo ficar sem fôlego e me curvar.

-O QUE MERDA EU ESTOU FAZENDO? O que merda tu fez!? Você deixou a marca dos seus dedos no pescoço dela, porra! E ainda fez isso na frente do pivete, que ainda está chorando! Tu tem ideia das merdas que tu faz caralho? Como tu ama a mina e faz isso?- arregalei os olhos para ele e ele gargalhou.- Faça favor né? Qualquer um que conviva com vocês sabe disso, mas tu só pensa em si mesmo, Steve! Tu fica tratando a mina mô de boas, todo carinhoso, confundido os sentimentos dela e depois vai lá e a maltrata. Eu sabia que tu poderia ser uma pessoa terrível, mas isso é baixo até pra você. E o pior disso tudo é que ela ainda consegue te amar. Sabe o que ela estava fazendo agora? Tá tentando acalmar os filhos de vocês e inventando a merda de uma desculpa esfarrapada para eles não te chamarem de monstro, que eles continue com a porra da imagem de um bom pai que você é. Pensava que depois dos três anos você tinha tomado vergonha na cara, mas pelo que estou vendo você só aperfeiçoou o monstro que tem dentro de você. Continua assim, tu tá certinho, mas quando nenhum deles principalmente os pivete, não quererem nem olhar na rua cara não acha ruim não. E eu te juro, se tu encostar mais um dedo nela não vou quero saber se tu é meu padrinho não, tu vai sofrer na minha mão. Até porque daqui a pouco sou o novo chefe do CV né?- ele deu um sorriso falso e desceu.

Fiquei olhando para aquela escada por alguns segundos, tentando entender o que tinha acabado de acontecer e passando a mão no meu queixo, moleque bate com força.

Respirei fundo e desci as escadas, uma hora ou outra vou ter que falar com eles, certo?

Certo.

Entrei em casa pela porta dos fundos e a cozinha estava totalmente deserta, mas dava para escutar um soluço de choro vindo da sala. Meu peito começou a se apertar de novo quando consegui identificar de quem era.

A passos pequenos e vacilantes entrei na sala. O Oliver estava nos braços da Morena, já vestido e com o rosto escondido no peito dela. Subi um pouco o olhar e encarei seu pescoço, estava com a marca dos meus dedos e uma cor horrível. Ela percebeu minha presença e olhou para mim, mas logo desviou o olhar para o pivete tentando acalmar ele.

-Fica calmo meu amor, não foi nada demais já passou.- falou acariciando os cabelos dele e ele soluçou.

-Mas ele machucou você.- falou com a vozinha rouca pelo choro e um nó se transformou na minha garganta. Ela ficou em silêncio por alguns minutos até abrir a boca.

-Não machucou não.- falou com a voz doce e baixinho. Ele levou a mão até o pescoço dela.

-E por que está dessa cor?

-Porque… porque a pele da mamãe é frágil, qualquer coisa fica assim.- ela falou me deixando totalmente surpreso.

Por que ela ia mentir? Ela poderia muito bem se aproveitar da situação, mas pelo contrário, ela preferiu mentir do que deixar que ele pensasse que eu era um monstro.

Por que porra eu sou assim? A mina mentindo pra meu filho não ficar com uma imagem ruim de mim e o que eu faço em troca? Humilho e bato nela.

Tudo o que minha coroa pediu para que eu não fazer.

Se estivesse aqui com certeza ia puxar minha orelha e me dá uma surra, o que quase não acontecia, mas quando acontecia coitado de mim.

Quando fui perceber já estava em pé ao lado deles.

-Oliver…- falei e ele se encolheu todo, a Morena olhava para todo lugar menos pra mim e prendia mais o pequenos nos braços.- Olha pro pai, Oli.- ele ficou na mesma posição e as lágrimas começaram a se formar nos meus olhos.

Me ajoelhei para ficar na altura dele e segurei seu queixo, fazendo ele me encarar. Os olhinhos estavam inchados e o rosto vermelho.

-Me desculpa?- ele negou com a cabeça e escondeu o rosto no peito dela.

-Acho melhor você deixar ele se acalmar.- Melinda falou com a voz áspera ainda sem me encarar e aquilo me atingiu pra caralho.

Me levantei e abri a porta da sala, passando por ela logo em seguida e desci para a boca principal.

Assim que os vapores me viram chegando foram se levantando e jogando o cigarro fora, bando de filho da puta. Nem vou render, se não mato tudinho.

Quando pisei os pés dentro da minha sala dei de cara com o Higor e o Nicolas.

-Qual foi?- perguntei me sentando na cadeira.

-Tu só faz merda fi. Achou pouco os três anos que ela passou fora?- na hora me levantei da cadeira e soquei a mesa com força. Fechando os olhos e trincando os dentes.

-Vão entrar na mente de outro, que eu estou me controlando pra não sair atirando em qualquer um.

-Alá, e desde de quando os outros tem culpa dos tuas merdas?- Nicolas perguntou com um sorriso no rosto.

-Me respeita, moleque!- apontei o dedo pra ele, que só revirou os olhos e saiu da sala.

-Tô falando, não vai deixar pra da valor quando tu perde de vez! A mina ja aguentou de mais, e agora tem 3 crianças envolvidas que amam a mãe quanto te amam, ou talvez mais.- cruzo os braços olhando pra ele e me sento na cadeira de novo.

-E o que você quer que eu faça? Me ajoelhe nos pés dela?- ele sorri.

-Sim!- nego.

-Nem fudendo.- ele gargalha.

-Nem fudendo?- me olhou com malícia e joguei uma caneta nele.

-Olha como tu fala!- apontei o dedo pra cara dele brincando. Ele riu, mas logo ficou sério.

-Tô falando sério Steve, se tu não der valor ela vai dar um pé na tua bunda…- ele foi interrompido por alguém me chamando no rádio

-Solta a voz.

-A patroa tá querendo sair com o pivete mais velho.- na hora meu coração errou uma batida.

-Por que ela quer sai?- perguntei com um tom de voz sério, tentando esconder o medo de que ela fugisse de novo.

-Sei não, Demo.

-Pergunta caralho!- demorou um pouco e logo ele me respondeu.

-Vai resolver uns bagulhos da faculdade.- e então soltei um suspiro de alívio que nem sabia que estava prendendo.

-Deixa passar, mas quero quatro cara limpa na cola dela.- e desliguei o rádio.

O Higor me olhou com uma sobrancelha arqueada, negou com a cabeça rindo e saiu da minha sala

De Patricinha a Patroa - RETIRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora