Prólogo

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  A neve caía aos poucos e congelava meu rosto, me permiti encarar o cinza sufocante do céu naquela manhã e me perguntar se existia algo além daquela cor morta.
   Mas parecia que não, nenhum mísero raio de sol atravessava aquelas nuvens. Eu estava deitado no chão do parque central da cidade, e estava tudo completamente branco por causa da última nevasca, minhas roupas já estavam úmidas e isso indicava que era hora de voltar pro ônibus de excursão que trouxera minha sala, e mais duas turmas para aquele lugar vazio; ninguém queria visitar o parque quando podiam estar em casa se aquecendo.
  Sentei na poltrona e relaxei por alguns minutos.

-Pet? -O som de uma voz familiar soou. Abri os olhos e lá estava minha professora de física, sentada ao meu lado. -Podemos conversar?

-Claro, pode falar Srta. Suzette.

-Bem, com tudo o que aconteceu eu não tive tempo de perguntar como você estava, quero dizer, com tudo isso. Ou se queria conversar, desabafar sabe.

-Sinceramente, a coisa que eu menos quero fazer agora é conversar com alguém.

-Por que? -A irmã mais velha da Srta. Suzette era psicóloga e com todo o escândalo envolvendo a escola e minha pessoa, ela a aconselhou a perguntar como eu me sentia, e tentar me fazer sentir bem.

-Que diferença faria eu abrir a minha boca e dizer um monte de coisas que você já ouviu e acha uma bobagem? Até a polícia acha tudo isso muito contraditório.

-Pet não é assim que as coisas são, você passou tempo demais perto daquela garota, ninguém sabe o tipo de lavagem cerebral ela fez em você.

-Do que você está falando?

-Julie, a garota que o induziu a fugir com ela.

-Eu não sei de quem a senhora está falando, não conheço e nunca conheci nenhuma Julie.

-E por acaso ela teria outro nome?

CorinOnde histórias criam vida. Descubra agora