Prólogo

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Não sei se choro ou sorrio diante da minha audácia.

Quem, em sã consciência, aceitaria trabalhar como babá sem nenhuma experiência? Sim, eu mesma.

Não consigo lidar nem comigo mesma, imagine com uma criança.

Como fui me enfiar nessa situação? Ah claro, contas atrasadas.

Isso só pode ser um pesadelo. Como cuidar de uma garota de quatro anos cujos pais são milionários?

Como, diabos, eles me escolheram? Eu só me inscrevi por inscrever, não pensei sinceramente que seria chamada. Meu currículo não é dos melhores; nem a faculdade terminei ainda. Provavelmente, havia babás melhores do que eu e com bem mais experiência naquele site de empregos.

Não que eu esteja reclamando por ter sido escolhida. A questão é: como ser uma boa babá?

Respiro fundo antes de abrir o e-mail com o contrato para a posição de babá na família Torres. Numa folha de papel, listei todos os pontos interessantes do contrato.

1. Compromisso de 12 meses;

2. Residência na mansão;

3. Fim de semana livre;

4. Disponibilidade para viagens com a família quando solicitado;

5. Salário de R$2.000 por mês.

Reviso o contrato novamente para entender de onde veio o valor de R$2.000 por mês, pois parece um salário muito alto para uma babá.

Que tipo de família é essa? Mafiosa? Eu não ganhava dois mil nem em um ano trabalhando no meu antigo emprego como garçonete, e agora vou ganhar dois mil por mês como babá?

Vamos lá, Samantha, você consegue. Não deve ser tão difícil cuidar de uma criança de 4 anos. Você não tem nada a perder: está sem família, amigos e namorado. Além disso, está atolada em dívidas e prestes a ser despejada do pequeno apartamento que chamou de lar por 10 anos. É uma excelente oportunidade de emprego.

Afundo as costas na cadeira, fecho os olhos, exausta, e respiro fundo. Parece um sonho, mas meus instintos me alertam de que pode ser um pesadelo disfarçado.

Desligo o computador, ainda zonza com a oferta, e começo a arrumar minhas poucas coisas. A vida me empurrou para essa decisão, e não tenho outra escolha a não ser agarrar essa oportunidade com todas as forças. Talvez cuidar de uma criança seja a minha chance de recomeçar. De me redescobrir.

No dia seguinte, encontro-me em frente à enorme mansão dos Torres. O portão se abre lentamente, revelando uma propriedade imponente que me faz sentir pequena e insignificante. Uma mulher de aparência severa me recebe na porta, e sinto um frio na espinha ao perceber que não será fácil lidar com essa gente.

"Bem-vinda, senhorita Samantha," ela diz, com um sorriso que não chega aos olhos. "Espero que esteja preparada para o que lhe espera."

Engulo em seco, mas mantenho a compostura. "Eu também espero", respondo, tentando parecer mais confiante do que realmente sou.

Enquanto sou guiada para dentro, penso na pequena garota que estarei cuidando. Como será ela? Mimada e impossível de lidar? Ou uma criança doce e carente de atenção? Não sei o que esperar, mas sei que preciso me preparar para qualquer coisa.

Quando finalmente sou apresentada a ela, sinto um misto de alívio e apreensão. Ela me olha com grandes olhos curiosos, segurando um ursinho de pelúcia marrom. Algo em seu olhar me diz que ela pode ser tão perdida quanto eu nesse mundo. Talvez, juntas, possamos nos encontrar e, pela primeira vez desde que aceitei esse emprego, sinto que talvez, só talvez, tudo isso possa dar certo.

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