O Filho de Saturno

CAPÍTULO 1 - Der anfang

Oi, meu nome é Noah, eu sou um menino trans e até hoje eu me pergunto o por que deu ter que dizer isso sempre quando perguntam sobre mim, eu sou um menino e ponto, mas como virou costume.Enfim, eu tenho 16 anos, moro com os meus pais adotivos e com a minha irmã mais nova, a Sophia,em uma cidadezinha no interior do Reino Unido. Eu e minha irmã não somos tão próximos por conta da nossa idade, ela tem apenas 8 anos e ela ama me irritar o que também não ajuda muito na nossa aproximação, mas eu tô tentando ficar mais com ela, brincar mais, mas tem vezes que ela me tira do sério, principalmente quando entra no meu quarto.

Meu quarto é o lugar mais importante do mundo pra mim,pois é nele onde eu reponho minhas energias, onde escuto minhas músicas, o lugar em que eu mais reflito sobre diversas coisas. É nele onde eu passo a maior parte dos meus dias e eu amo isso. Para muitos eu sou um garoto estranho, pelo fato d'eu quase nunca sair de casa a não ser quando a Emma me arrasta pros lugares. Emma é minha melhor amiga, única amiga pra ser sincero.Desde que me conheço por gente eu estudei em casa mesmo e quando eu entrei no colégio da cidade, ela foi a única pessoa que teve coragem de conversar comigo e eu sou grato por ela ter ido me chamar, não sei o que seria de mim sozinho naquele mar de adolescentes desconhecidos me encarando todo dia por eu ser diferente. Uma diferença que eu nunca entendi até antes de começar a estudar em uma escola de verdade. Eu percebi que nem todos respeitam o fato de eu ser trans que nem os meus pais e o pior ninguém, absolutamente ninguém além de mim tem olhos violeta.

Sim, eu tenho olhos violeta, mas na real nem eu sei o por quê. Pra mim isso sempre foi normal, nunca foi algo que eu olhei e odiei, eu amo meus olhos, a cor deles são incríveis e acho que é a coisa mais bonita em mim. Sempre pesquisei sobre e nunca achei o motivo deles serem assim, não achei se é genético nem nada. No começo isso me irritou, de certa forma me frustrava não saber a minha origem. Meus pais nunca me contaram como eles me adotaram, só disseram que foi um dia incrível e por isso registraram minha data de nascimento na certidão nesse dia, dia 06 de Junho. Eu gosto dessa data, assim como para eles representa um dia incrível, pra mim é confortante, sinto que aquela data é realmente pra mim, me traz um quentinho no coração.

*batidas na porta*

               - Noah! Noah! Abre a portaaa, vai logo - reviro os olhos, não precisava nem abrir a porta pra saber que quem estava por trás dela era Sophia. Ela sempre me acordava assim, sempre com muito bom humor.

               - Me deixa em paaaz!! - digo colocando o travesseiro sobre minha cabeça, mas não adiantou, ela continuou batendo. Me levanto suspirando e contando até 10 para não xinga-la. Abro a porta e sou surpreendido por ela pulando em meus braços me dando um abraço. Envolvi os meus braços em seu corpo e a levantei, apesar dela me irritar, o abraço dela era o que eu mais gostava, ainda mais de manhã.

                - Eu tava com saudade!! - desfaço do abraço e a encaro com uma expressão de confusão.

                - Mas você me viu ontem pirralha!! Eu te coloquei pra dormir esqueceu? - digo bagunçando o cabelo dela.

                - Mesmo assim, gosto da sua companhia. - Me segurei para não aperta-la, ela conseguia me irritar e ser extremamente fofa também, como isso é possível? Mesmo assim, mantenho minha postura de irmão mais velho chato, mas não aguento por muito tempo.

                - Te amo maninha! - Me agacho e dou um beijo em cada bochecha dela e por último na testa, assim que me levanto vejo minha mãe encostada no batente da porta.

                - Que lindo, finalmente dando amor para a sua irmã! - dá umas risadas.

                - Do que que você tá falando? Eu sempre dou amor pra ela tá?! Ela só não entende que demonstro meu amor de maneira agressiva, mas eu também sei ser carinhoso. - digo pegando minha roupa para me trocar.