Capitulo 1

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- Sentirei sua falta, princesa.- Diz meu pai, deixando um beijo em minha testa, quando ainda estou sentada no banco traseiro do seu carro, ao seu lado.
- Te amo, pai.- Digo, analisando o rosto preocupado de meu pai.
- Te amo muito... Qualquer coisa liga que o seu pai vem correndo te buscar.- Diz meu pai.
- Não se preocupe, irei sobreviver sem a sua super proteção e sem as panquecas da Marta.- Brinco, descendo do carro.

Pedro, motorista de meu pai que nos trouxe, subiu comigo levando as minhas malas, colocando-as no chão. Assusto-me ao deparar com um homem e uma mulher em meu quarto, deduzi que seriam namorados.
- Senhorita Hastings, precisa de mais alguma coisa ou já posso ir com seu pai?- Pergunta Pedro.
- Pode ir, Pedro, muito obrigada.- Digo, levando-o até minha porta.
- Então... Senhorita Hastings, eu sou Amy, não sou uma criada sua, mas me terá como companhia.- Diz Amy ironicamente.
- Você deve ser minha colega de quarto... Pode me chamar de Dalila.- Digo gentilmente.
- Dalila? Dalila é um nome grande demais, te chamarei de Lila.- Diz Amy.
- E não, não sou a sua colega de quarto, sou irmã do seu colega de quarto.- Diz Amy.
- Ele é meu colega de quarto?- Pergunto assustada.
- Se me pagar bem, posso ser seu novo motorista.- Brinca Victor, que até agora estaria calado.
- Não se ofenda, é porque jamais pensei em dividir o quarto com um homem, pensei que seria uma garota.- Digo.
- Então mande seu pai comprar a faculdade, porque aí você pode decidir com quem dividirá o quarto.- Diz Victor.
- Para de implicar com a garota, Victor... Não liga pro Victor, Lila... Depois que vocês pegarem mais intimidade ele vira outro... - Diz Amy, checando o celular.
- Bom, vou encontrar o Alan, vejo vocês mais tarde.- Diz Amy, levantando-se da cama que seria de seu irmão e saindo do quarto.

Admito que fico bastante constrangida em ficar sozinha com o tal Victor, ele não parece ser das pessoas mais simpáticas.
- Não vai arrumar suas coisas? Está esperando que venha o serviço de quarto? Aqui não está em sua casa, princesa.- Diz o tal Victor.

Mas que droga, o que fiz para esse cara implicar comigo? Ainda vem me chamar do apelido que meu pai me chama.

- Se está tão incomodado arrume você, está preocupado com a minha vida por que? Não tem com o que cuidar da sua?- Digo irritada, sentada na cama que seria minha.
- Olha... ela sabe dar fora... Boa menina.- Diz Victor.
- Não estou disposta a perder meu tempo com você, então faremos a política da boa vizinhança... Você fica quieto no seu canto e finge que eu não existo, e eu faço o mesmo com você.- Digo irritada, levantando-me da cama e abrindo a minha primeira mala, que é aonde estariam os meus livros.
- Não acredito nisso... Além de patricinha é nerd? Não tem como a sua vida ser mais entediante.- Diz Victor.
- Talvez não mais que a sua, porque ao menos eu estou me preocupando com a minha própria vida, enquanto você está fiscalizando a vida alheia.- Digo, retirando o primeiro monte de livros para organizar na prateleira que teria ao lado de minha cama.
- Nervosinha... No momento não tenho nada para fazer, por desprazer da vida terei que tolerar a sua presença por algumas horas.- Diz Victor.

Ouvir a voz de Victor está começando a me irritar bastante, então deixo três livros que eu teria colocado na prateleira caírem ao chão. Respiro fundo e irritada, me baixando para pegar e quando vejo Victor segura um deles.
- Tire as mãos do meu livro, agora!- Digo irritada.
- Orgulho e preconceito... Até que você tem bom gosto, embora que soa meio contraditório, porque você faz parte da burguesia que esse livro tanto critica.- Diz Victor, entregando-me o livro.
- Não tão contraditório quanto você, que esnobou o fato de eu gostar de ler livros, e conhece uma história que não são todos os jovens que costuma ler.- Digo provocativa, segurando o livro.
- Sou uma caixinha de surpresas, cara Dalila.- Diz Victor.
- Pois lhe digo o mesmo ao meu respeito.- Rebato, colocando o livro no lugar e me virando de frente para ele.

Interpretação do Victor.

É, implicar com a caloura vai ser o meu novo hobbie. Após toda aquela discussão inicial, Dalila resolveu se calar e continuar arrumando suas coisas, enquanto eu fui tomar um banho para encontrar meus amigos em uma de nossas festas. Saio do banheiro apenas com a toalha enrolada a cintura e apareço repentinamente na frente de Dalila, que estaria lendo um livro. O susto que Dalila tomou foi muito engraçado, analisou-me rapidamente e quando percebeu a situação suas bochechas coraram e rapidamente cobriu seus olhos com o livro que teria.
- Você poderia ao menos ter um pingo de respeito já que está dividindo o quarto com outra pessoa?- Pergunta irritada.
- Estou te respeitando, ué, estou coberto com uma toalha, e além do mais... Você só olha se quiser...- Digo, aproximando meus lábios de seu ouvido. - Olhar não arranca pedaço.- Sussurro.

Tenho certeza que impactou Dalila de alguma forma, pois ela levantou-se bastante nervosa e ficou de costas para mim.
- Vista uma roupa, agora! Ou irei reclamar com o reitor.- Diz Dalila.
- Como quiser, senhorita Hastings.- Digo, ainda irônico.

Nessa hora, Amy adentra o quarto feito um furacão, encontrando Dalila de costas para mim e eu vestindo uma calça.

- Aqui já está animado desse jeito?- Brinca Amy.
- Seu irmão não tem senso! Acredita que saiu de toalha na minha frente? Já que ele insiste em não se trocar no banheiro, ficarei de costas até que termine.- Diz Dalila chateada.
- Aposto que não é nada do que já não tenha visto... A diferença é que com certeza é bem maior.- Digo.
- Você me respeite! Pensa que está falando com quem?- Pergunta Dalila irritada, no qual suas bochechas novamente coram.
- Está vermelha?- Pergunta Amy
- Estou vermelha de raiva, vou solicitar um pedido para me trocarem de quarto o quanto antes.- Diz Dalila irritada.
- Deixa ela, Victor.- Repreende Amy, antes que eu fale qualquer coisa.
- Venha com a gente se divertir, aproveito e te apresento pro resto da galera.- Diz Amy.
- Agradeço muito o seu convite, Amy, mas estou cansada, irei dormir mais cedo hoje.- Diz Dalila.
- Vai dormir nada... Vai ficar lendo esses livros velhos de romance dela.- Digo.
- Sim... Livros no qual um deles você mesmo já leu.- Rebate Dalila.
- Sim, o Victor gosta de livros... No fundo, no fundo, ele é um nerd.- Diz Amy.
- Também não é para tanto... Vamos logo que quero me livrar da presença dessa freira.- Digo, terminando de vestir a camisa e saindo do quarto.

Interpretação da Dalila.

Não dou a mínima para o comentário de Victor e torno a me sentar na cama com o livro que teria em mãos.
- Acho muito legal esse lance de ler e tudo mais... Mas você também precisa conhecer um pouco mais da vida, já foi para alguma festa?- Pergunta Amy.
- Claro que sim! Os aniversários de meu irmão, dos meus primos, tios...- Digo, mas logo Amy me corta.
- Sem ser da família, Lila.- Diz Amy.
- Bom... Eu e minhas amigas fazíamos festas na piscina, quando viajávamos juntas sempre comemorávamos algo no hotel...- Digo, mas novamente Amy me corta.
- Ou seja, sempre esteve na mesmice de sempre, nunca conheceu algo diferente do seu mundinho de princesa e a sua chance é agora.- Diz Amy.
- Prometo que na próxima eu vou.- Digo.
- Não deixe para depois o que pode fazer agora... Pelo que vejo você sempre está lendo, venha se divertir um pouco, acabou de chegar, precisa ao menos se enturmar.- Diz Amy.
- É, Amy... Você é bastante persistente, me venceu pelo cansaço.- Digo, fechando o livro e caminhando em direção a prateleira, colocando-o lá.
- Deixe-me ver o que tem de bom para vestir.- Diz Amy, analisando alguns de meus vestidos.
- Vou trancar a porta, vai que seu irmão decide voltar e não quero que me veja de roupa íntima.- Digo, trancando a porta.
- Você é uma pérola, garota...- Brinca Amy, puxando um vestido azul-claro de meu armário.
- Isso aqui é o menos patricinha que achei, ainda que seja muito patricinha.- Brinca Amy.
- Bom... Então vamos começar a produção.- Brinco, segurando o vestido que Amy escolheu.

Interpretação do Victor.

Já estou na social que meu amigo teria organizado, tenho um copo de bebida na mão e uma garota morena com maior corpão no colo. Entre um intervalo e outro trocávamos uns beijos, amassos e até transamos antes da chegada delas. Querem saber de quem estou falando? Pois bem... Estou falando de Amy, minha irmã e sua nova amiga, a Dalila. Convenhamos que a garota é muito patricinha, mas é gata demais e tem um corpão que nossa senhora. Estou aos beijos com a garota, e de repente me vem à figura de Dalila adentrando a social. Dalila está usando um vestido azul que bate em suas coxas, valorizando bastante as curvas de seu corpo e tem os cabelos soltos, completamente diferente dos cabelos que tinha quando chegou. Não consigo parar de prestar atenção nela, não consigo deixar de olhá-la.
- Fecha a boca se não a baba cai.- Brinca Bryan, meu amigo.
- Boa noite, galera... Essa é a Lila, companheira de quarto do Victor.- Diz Amy, a apresentando.
- Agora sim à noite fica boa.- Diz Anthony, um de nossos amigos.
- Seja muito bem-vinda, gatinha.- Diz Mason, outro de nossa turma.
- Obrigada.- Diz Dalila, seguindo os passos de Amy e sentando-se perto dos demais.
- Essa é a sua companheira, Victor? Tirou sorte grande.- Diz Bryan.
- Sorte grande vai tirar quem conseguir ficar com ela no verdade ou desafio.- Diz Mason.
- Verdade ou desafio? Isso é jogo de criança.- Diz Dalila.
- Não da forma em que jogamos...- Diz Babi, a garota que estaria em meu colo.
- Vamos começar com você, Lila... Verdade ou desafio?- Pergunta Babi.

Meu colega de quartoOnde histórias criam vida. Descubra agora