Eles almoçam na varanda, sentados de pernas cruzadas, os joelhos se tocando, olhando para o mar. Louis de alguma forma simultaneamente se sente calmo e como se algo estivesse zumbindo bem abaixo da superfície de sua pele. Harry retorna da cozinha, e o coração de Louis gira em torno de sua cavidade torácica daquele jeito especial reservado apenas para Harry.
"Precisamos ir buscar comida."
"Devemos esperar pelos caras?"
Harry encolhe os ombros. "Não acho que isso importe. Nós poderíamos passar no pequeno mercado que vimos na estrada, não é muito longe daqui."
"Harry, eu não quero comer apenas frutas durante toda a semana."
"Eles também têm legumes. E pão, e queijo. Eu já fui lá antes."
Louis aperta os olhos para ele. "Por quê?"
"Eu vim aqui por alguns dias num verão. Apenas sozinho. Precisava fugir, sabe?" Harry olha para o mar como se estivesse procurando por algo, e Louis não diz uma palavra, não quer quebrar a magia. "Você quer ir agora?" Louis pergunta, aparentemente fora de seu transe. "Se eu entrar na água novamente, nunca mais vou querer sair."
Harry estende a mão e Louis a pega, se levantando. Suas roupas estão quase secas agora, mas Louis ainda estremece ao entrar na casa com ar condicionado.
"É melhor pegar um moletom, você sabe que vai ficar com frio no carro."
"Eu acho que não trouxe nenhum", diz Louis, ambos empolgados e irritados porque Harry sabe tudo sobre ele. Bem, tudo exceto uma coisa. A coisa mais importante.
"Você pode pegar um dos meus", Harry diz distraído enquanto procura pela chave do carro.
"Eh... tudo bem. Se você realmente não se importa."
"Claro que não, Lou."
"Você quer que eu pegue um para você?"
Harry balança a cabeça sem olhar para ele, e Louis corre em direção ao quarto de Harry, arrepiando sua pele por outras razões que não são o frio. Ele abre o pequeno armário e corre os dedos pelas mangas dos moletons de Harry, uma sensação estranha de decepção correndo em suas veias ao perceber que ele nunca viu a maioria deles. Mas então ele vê. O suéter de lavanda, ainda tão suave como era em todas aquelas noites que Louis roubou, porque ele precisava se sentir mais perto de Harry, precisava sentir o cheiro de nada além de Harry, e se sentir seguro e envolvido em amor. Não há como o suéter caber mais em Harry. Louis não entende por que ele ainda o possui, muito menos porque ele iria trazê-lo pra cá. A menos que... a menos que ele soubesse que Louis estaria com frio e que ele seria o horrível fazedor de mala que ele sempre foi, incapaz de trazer roupas quentes. Harry trouxe isso para ele? Harry certamente se lembra que era o seu favorito. Ele desliza a peça de roupa para fora do cabide, coloca sobre sua cabeça e pega uma roupa preta maior para levar para Harry.
O coração de Louis está batendo forte e rápido, temendo a reação de Harry, embora ele não saiba exatamente o motivo. O pânico crescendo dentro dele é abafado quando Harry sorri, com covinhas e rugas os olhos. "Você parece um ovo de páscoa."
Louis olha para baixo e vê que a descrição de Harry é muito precisa. Rosa e lilás, que combinação sexy. Ele parece uma menina de quatro anos.
"Cale a boca", ele diz com uma risadinha, jogando o outro moletom no rosto de Harry. "Você vai parecer uma abelhinha adorável, então não está muito melhor do que eu."
Harry puxa o moletom sobre os olhos e bate os braços como se fossem asas, seu sorriso crescendo no segundo até que ele percebe que parece um pouco psicótico. "Tudo bem, hora de voar! Tenho que pegar um pouco de néctar. Vamos!" Ele se vira e dobra os joelhos apenas o suficiente para que Louis entenda o que ele quer. Louis corre em direção a ele, a felicidade incontrolável forçando risos altos de sua garganta, e pula em suas costas.
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Petrichor [l.s] • portuguese version
Roman pour AdolescentsLouis volta para casa depois de se formar na faculdade e descobre que Harry não mudou muito nas coisas importantes. Seu cabelo está mais longo e sua voz mais grossa e ele agora é dono da padaria que eles trabalhavam quando crianças. Mas seus olhos s...