As gotas escorriam pelo vidro da janela,
Através dos contornos o cinza invadia o azulado.
A chuva lavava as ruas, mas não a tristeza dela
E o coração se contraia nas curvas do passado.
A melancolia fluía pela corpo como chuva,
Desbotava esperanças de dias ensolarados,
Como se a mágoa servisse como luva,
Que envolvia a alma e os sentimentos já guardados.
Mesmo com o corpo e coração dilacerados,
Decidiu compreender sua jornada.
Juntando cada um dos pedaços esquecidos,
Sentindo a dor de se ver renunciada.
Desprende-se das feridas do que se foi, mas também da ânsia do porvir.
Suspensa nas gotículas do presente,
Apronta-se para se reconstituir
Deixando os pesares e a angústia latente,
Aprendendo a caminhar sem ter medo de cair,
Para ter consigo só um coração resiliente.
Enquanto a garoa chora a solidão da cidade,
As lágrimas dela secaram num vazio pungente.
A metrópole não percebe a própria vaidade,
Mas ela enfim aceitou-se como semente.
A chuva fina transformou-se em tempestade,
Que move tudo em todo lugar,
Apesar disso ela busca a serenidade
E encontra sorrisos perdidos no luar.