Novos Ares

One.

Sou Renato, tenho 29 anos e alguns anos atrás, eu vim morar em São Paulo. A vida toda morei no interior. E agora vivendo em uma cidade grande, acreditava que poderia finalmente ser eu mesmo. Não sabia o que me aguardava, mas estava muito ansioso por isso. Chegando ao meu apartamento percebi que ele era de tamanho médio, o que eu acreditava ser o suficiente para mim.

Ele já era todo mobiliado, possuía a cor azul por todo o apartamento em diferentes tons e uma vista para uma rua movimentada. Tudo isso bancado pela empresa na qual eu iria trabalhar.

Apenas saber que finalmente poderia conviver bem com a minha orientação sexual sem medo de alguém me tratar mal era uma coisa maravilhosa. Eu sei que as coisas na cidade grande não são perfeitas, mas no interior são bem piores.

Aliás,esse é um dos motivos que fizeram com que eu aceitasse comandar a filial da empresa do meu amigo em SP. Lutei muito para chegar até aqui. Cresci em um orfanato e tive a sorte de conseguir ter uma boa educação. Olhei ao redor e me alegrei pensando em minha nova vida. Decidi conhecer a noite da cidade, me arrumei e sai de carro observando as ruas.

Encontrei uma boate gay, entrei e fiquei observando as pessoas. Eu já havia entrado em algumas no interior, mas nada se compara a essa. Fiquei abismado, era um show de luzes maravilhoso, um verdadeiro espetáculo. Percebi alguns olhares em mim mas não pretendo dormir com ninguém essa noite, apenas vou me divertir vendo o amor acontecer na minha frente como uma forma de comemoração a minha nova vida.

Não vou negar que eu fazia um certo sucesso, sou um homem bonito, negro, 1,75 de altura e cabelo cortado bem baixinho.

Fiquei algumas horas ali e fui para casa,dormi e fui para a empresa. Quando cheguei lá, avistei meus novos funcionários, tentei ser simpático com todos. Fui para a minha sala e poucas horas depois, minha secretária me chamou informando que que o sócio da empresa havia chegado. Ele havia deixado a empresa de lado para cuidar de um novo empreendimento. Por isso foi necessaria a minha contratação.

Era um tipico playboy, pulava de um empreendimento em outro como se não fosse nada mas Gustavo era um homem bonito, tinha a minha idade, e quando meu amigo pediu para ele me ajudar durante alguns meses na adaptação na empresa, ele aceitou sem reclamar. Eu fiquei bastante entusiasmado com as suas idéias e modo de pensar, ele me deixou muito animado com o futuro da empresa. Saímos para um café e falamos um pouco sobre a vida.

- Você viveu a vida toda em SP?- perguntei

- Sim,é uma ótima cidade -me respondeu olhando para o horizonte- Vou te levar para conhecer os centros históricos da cidade. É importante para o seu trabalho.Topa? -eu respondi que sim.

Saimos dali e fomos no Centro Histórico mais famoso da cidade, eu fiquei encantado com tudo. E me dei conta que esse trabalho era tudo que eu precisava na minha vida. Tinha tudo a ver comigo.

- Obrigado pela atenção, sua recepção é muito importante para que eu me adapte aqui. -falei para Gustavo.

-O Garcia me disse que você merecia ser bem recepcionado,e eu apenas cumpri o que ele pediu. Mas tive sorte de você ser um cara legal -disse.

Agradeci e seguimos. Na empresa, ficamos falando apenas de trabalho. Mas eu não podia negar que estava encantado com Gustavo. Se pudesse, o chamaria para sair. Mas nossa relação poderia ser apenas de amizade e eu estava bem com isso. Quando cheguei em casa aquele dia, resolvi voltar a boate do dia anterior. Quando estava chegando na porta, fui puxado bruscamente, era Gustavo. Ele me deu um abraço

- Fico feliz que tenha vindo conhecer o meu novo empreendimento. Você é gay? Que maravilha, mais um cliente! -disse de modo engraçado.

Era óbvio que ele sabia que eu não tinha conhecimento de quem era o dono do lugar Gustavo foi logo me apresentando a um rapaz.

- Esse aqui é o meu namorado Antônio. Antônio,cesse é o Renato. Novo ocupante do meu antigo cargo -ele fez as apresentações e seguimos para o interior da boate. Ficamos conversando e dançando a noite toda, e quando eu ia embora ,dei carona para Antônio.

Ele me convidou para um evento que aconteceria na próxima semana . Mas não quis me dar detalhes do que seria. Apenas me deu o local e horário para comparecer. Estranhei porque não me lembro de Gustavo ter citado nenhuma festa.

Cheguei em casa e fui me deitar, fiquei pensando na vida, no que meus amigos da antiga cidade, deveriam ter feito hoje. Se fosse como sempre, eles deveriam ter se reunido na casa do Luciano para assistir futebol. Sidney, Luciano e eu crescemos no orfanato. Aliás, era da empresa do Luciano a filial que eu iria administrar. E por uma sorte do destino, o provedor da instituição investia muito na educação dos menores que viviam lá.

Com isso, entrei em uma boa faculdade de administração, e consegui bons empregos. Igualmente aconteceu com meus amigos. Foi pensando sobre essas coisas que eu adormeci.

No outro dia na empresa, fiquei observando Gustavo de longe. Eu sabia que não deveria deixar me encantar por ele, mas não conseguia evitar, ele era lindo, loiro, olhos castanhos e muito gente boa. Mas logo me desviei desses pensamentos e segui trabalhando. Não tive muito tempo para trabalhar, logo fui surpreeendido por uma visita inesperada.