Capítulo 99

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Cansado pra caralho eu tô, pense em umas crias pra da trabalho. Quando não é um gritando com o outro, é o três gritando contra o mundo, ou correndo pela casa, ou querendo assistir três desenhos diferentes ao mesmo tempo na mesma TV, ou estão falando que estão com fome, ou estão testando a porra da minha paciência!

Mas depois de algumas horas consegui que todos ficassem quietos. Deixei o Oli jogando no Xbox, o JP com o tablet e a Madu assistindo a porra de um desenho idiota pra caralho com um peixe fora d'água que fala, uma macaco que também fala e uma menina. Mas ela ficou quieta é o que importa.

Ela consegue tirar minha paciência em questão de segundos, os outros dois eu consigo fazer eles ficar quietos na maior facilidade, mas pense em uma menina marrenta pra caralho.

Saio dos meus devaneios com a porta se abrindo e olhei para a mesma vendo a filha da puta passando por ela. Melinda olhou pra mim e deu um sorriso, mas apenas desviei o olhar. Desgraçada ainda consegue agir como se nada tivesse acontecido.

-Mamãe!- a Madu desceu do sofá e correu até ela que a pegou no colo.

-Oi pequena!- e ela andou até mim e se abaixou para me beijar, mas virei a cabeça para o lado.

Tô tentando manter a porra da calma pra não fazer nada na frente da piveta, mas ela não está cooperando. Falsa do caralho!

-Sabia que o papai queblou seu celular? Só puque tinha o joguinho que eu gosto.- falou enrolando os cabelos da Morena no dedo. A mesma mania estranha que a Melinda tem.

Ela olhou pra mim e arqueou uma sobrancelha colocando a bolsa no sofá.

-Por quê?- perguntou e preferi ficar calado, melhor do que sair quebrando as coisas.

-Bem na hora que o Titio Thor estava ligando!- ela falou alheia ao clima estranho e apertei os punhos com força.

Todo o sangue que tinha no rosto dela simplesmente sumiu e ela abriu a boca para falar várias vezes, mas não saiu porra nenhuma.

-Cadê seus irmãos?- ela perguntou por fim para a Madu.

-Estão no quarto.

Ela apenas assentiu com a cabeça e começou a subir as escadas com a Maria no colo. Não demorou muito e escutei ela descendo a escada.

-Eu… eu posso explicar…- chegou perto de mim e me levantei na hora, só não consegui levantar a porra da minha mão pra meter na cara dela.

-Explicar o que caralho? Que tu tá me traindo sua puta?- ela arregalou os olhos e negou. Passei as mãos no cabelo tentando me controlar e sai de perto dela.

Mas logo ela mudou de semblante assustado para sarcástico.

-Não tem como eu tá te traindo sabe por quê? Porque eu não escutei nenhum pedido de namoro ou de casamento não e não tem a porra de um anel no meu dedo não! Você simplesmente me prendeu nesta casa e me apresentou como fiel, como se eu fosse um troféu intocável e valioso que você tem que se exibir com ele. Mas eu não sou porra nenhuma! Eu sou uma mulher com quase vinte e três anos que quer levar uma vida normal, mas isso é impossível com você do meu lado. Uma hora diz que me ama e na outra de chama de puta!? O que porra tu tem nessa mente doentia?- ela estava se segurando para não chorar, eu sabia disso pelo modo de como ela está batendo os cílios rápido.- E COMO EU ESTARIA TE TRAINDO COM UMA PESSOA QUE ESTÁ PRATICAMENTE DO OUTRO LADO DO MUNDO?

-E PORQUE PORRA O NÚMERO ESTAVA SALVO COMO “MÔH”?- gritei e cheguei perto dela, muito perto, me fazendo sentir a respiração dela no meu peito e por um segundo ela se assustou dando um passo para trás e me encarando com medo.

De Patricinha a Patroa - RETIRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora