FILHOS DO MORRO (GDDM 2)

CAPÍTULO TRINTA E SETE

Alice.

Aos poucos eu percebo que está tudo dando errado em minha vida. Em que momento isso começou? Estou tão exausta de tudo, quero apenas que isso pare. Essa raiva, a tristeza, cansaço, o tédio, vontades, chatice, tudo. Espero que tudo isso acabe logo, porque eu já não aguento mais sentir as mesmas coisas todos os dias.

O único problema é que eu não sei como fazer para as coisas melhorarem. Eu só sei piorar a minha vida e a da minha família. Estou brigada com Pablo por uma burrada que ele fez, provavelmente seja culpa minha. Eu deveria ter deixado claro para ele que eu não quero nada, eu podia ter dito desde o começo que eu sou completamente apaixonada pelo o George. Eu sou uma idiota por ter feito tudo isso. Sou lerda e sem juízo de dar uma de louca, dar uma de foda-se para as coisas.

Meus pais estão brigados. Todos os dias tem uma discussão diferente por qualquer besteirinha e isso sempre leva para o mesmo lado: meu pai indo dormir na boca e minha mãe choramingando no quarto trancada. Com toda a certeza, isso é culpa minha e me sinto péssima.

Os dois nesse momento estão em casa, meu pai na sala tentando brincar novamente com Lorenzo e minha mãe na cozinha fazendo alguma coisa, já que ela prefere ficar lá. Eu preciso dar um jeito de concertar isso, porque eles não merecem isso. Meus pais não merecem se desfazer por causa de um problema que eu mesmo fiz.

Eu vou ajeitar tudo isso. Preciso pelo menos tentar ajeitar as coisas com os meus pais, eles se amam muito e não tem como eles ficarem assim por culpa minha. Eu só preciso conversar com eles.

Levantei rapidamente da cama e desci para a sala aonde meu pai estava sentado no sofá, Lorenzo no chão com seus brinquedos e meu pai o observando. O mesmo me encarou e desviou seus olhos em seguida. Nem se quer se preocupou em perguntar por que não desci para tomar café ontem, mas tudo bem. Eu entendo  mais ou menos o seu ódio, ele não quer que sua filha fique falada por gostar de uma pessoa, por passar todos os dias na casa dele fazendo o que ele não quer que eu faça. É besteira isso, uma hora ou outra, eu iria fazer, por quê ficar assim comigo então?

— Olha, papai. – Lorenzo lhe mostra um carrinho. – Esse é o mais rápido.

— Sério? Como sabe disso? – ele perguntou.

Fui para a cozinha, minha mãe estava sentada na cadeira enquanto mexia em seu celular e ria de alguma coisa. Parecia engraçado já que ela não faz isso a muito tempo. Rir.

— Mãe, tá rindo do que? – perguntei me aproximando.

— Seu tio Leon que me mandou um vídeo antigo.

— Ah.

Logo o meu pai entrou na cozinha e observou a minha mãe rindo.

— E tu, tá rindo do que aí?

— O que você quer, Igor? – Luna perguntou revirando os olhos.

— Quero saber porque tu tá rindo olhando para o celular, tá conversando com quem? – ele tentou puxar o celular da sua mãe, porém ela desviou e escondeu o celular atrás dela. – Tá vendo ai, tá escondendo algo. Conversando com macho que eu não sei?

— Que macho, Igor? Eu sou casada, porém parece que só eu me lembro disso, não é?

— O que? Não vem com essa não. Querendo virar o jogo com esse papinho idiota? Me fala logo, tá falando com quem? – perguntou irritado. – Fala, Serena!

— Vocês poderiam parar de discutir por bobagem? – olhei para eles.

— Como é que é? – perguntou meu pai.

— Vocês estão discutindo na frente do Lorenzo. – apontei para a porta da cozinha aonde Lorenzo estava parado.

— Ei, vem cá, meu amor. – minha mãe chamou meu irmão.