CAPÍTULO 25-MARTA E DANIEL

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— Pelos chupões no pescoço, posso imaginar que vocês dois não perderam tempo enquanto eu estive  fora. —Marta foi logo dizendo, assim que chegou na casa com as compras, uma semana depois.

Daniel ficou vermelho e pigarreou desajeitado, tentando esconder as marcas com a gola da camisa.

— Confesso que foi uma fraqueza que nunca mais irá acontecer, Marta. — assumiu Daniel pegando uma das sacolas e levando para a cozinha, enquanto Marta olhava para João que lhe fez um sinal desanimado.

— Você aprontou demais com ele, João...tem que dar um desconto. — disse Marta num sussurro, enquanto os dois subiam as escadas levando outras duas sacolas com roupas limpas e material de toalete.

João  sentou-se  na cama, enquanto ela ajeitava as roupas de cama limpas nos armários.

— Nós fizemos um acordo, Marta.

O policial  resumiu o que haviam combinado. 

— Acho que tudo acabou e que é uma questão de tempo até que ele se vá e desapareça da minha vida. Aliás...não sei se ainda será uma vida, Marta. Só de pensar em não ver o Daniel nunca mais, sinto que vou enlouquecer! Será que ele não percebe que o remorso é um castigo eterno e constante que está massacrando o meu peito? Já não viu que fui castigado mais do que posso suportar? Acho que se ele me desse um tiro doeria menos!_desabafou.

— Se você tivesse me amado desse jeito, nosso casamento nunca teria acabado. — resmungou Marta. — Que dia eu poderia imaginar que estaria sentada discutindo a relação do meu ex com o namorado dele...especialmente sendo você, o machão que era, o meu ex...se tornando um veado totalmente entregue a uma relação dessas... confessando que seria capaz de fazer das tripas coração apenas pra cair nas graças de um lourinho inocente como o Daniel. A metamorfose do poderoso Christian Grey em "Cinquenta tons de cinza" perto disso é fichinha...talvez até vire um bestseller gay o caso de vocês dois...já até imagino o nome do romance: "Vinte e quatro tons de rosa".— ironizou.

— Pode falar o que quiser, Marta. Nada mais que você disser irá me atingir, acredite. Eu não sou mais aquele homem, não sou mais o policial truculento e machista com quem você casou. Agora eu sou um veado amedrontado pela possibilidade de perder o seu homem...pra falar a verdade, nem eu acredito que estou falando isso. Nem eu entendo como o Daniel conseguiu fazer tudo isso comigo...no início eu achei que a atração que sentia por ele seria justificada quando eu confirmasse que ele era meu filho...depois eu achei que seria porque eu tinha a consciência pesada pelo que tinha feito com ele, mas agora...vejo que  o que eu sinto ultrapassa tudo isso. Marta, eu estou louco pelo Daniel de uma forma que nunca estive por ninguém nessa vida...nem pela mãe dele, a Lúcia, senti algo tão forte! Eu preciso dele, como preciso do ar  pra respirar! —confessou Maurício aflito.

— Pare, pare, pare... — Marta levantou as duas mãos e rejeitou o que ouvira com repulsa. — Menos informações, por favor. Nem vou ressaltar que você não incluiu o meu nome na sua lista...Maurício, você acha que eu mereço escutar você falando tudo isso assim, na minha cara...depois de termos nos casado, feito planos...

— Quando você vai entender que aquele homem, seu marido, não existe mais? Que eu sou João, agora? João, Marta...João, amante de Daniel... — explodiu impaciente. —Espere aí, até quando vamos ficar girando como dois cães tentando pegar suas próprias caldas, hein?! Não estamos chegando a lugar nenhum com essa conversa...eu preciso de ajuda, não percebeu ainda?

Marta o olhou em silêncio. Ele estava abatido e visivelmente implorando por socorro!

João...só podia ser isso: ele agora era João e não Maurício. Talvez ela tivesse deixado a ficha cair somente naquele momento, finalmente, com toda aquela declaração de amor a Daniel.

VOCÊ ME PERDOA, AMOR?-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora