Acordo cedo, como sempre. Não posso me dar ao luxo de dormir até tarde. Devo continuar a minha busca, a minha busca contínua.
Recolho tudo o que posso e coloco em minha mochila. Pego o diário do meu pai em cima da mesinha ao lado da minha cama. Estava ao lado de uma foto da minha família. Meus pais estavam jovens aqui. Eu tinha dez anos nessa foto. Foi tirada pouco antes de partirem naquela expedição, quase seis anos atrás. Devo admitir, me pareço muito com o meu pai, exceto os olhos, são os olhos da minha mãe. Chacoalho minha cabeça, afastando meus pensamentos. Não posso perder tempo. Pego o diário do meu pai, as anotações que eu fiz ao longo desses anos e o mapa do local onde eles sumiram.
Estava saindo, porém acabo derrubando algo de dentro do diário. Olho para o chão: era uma espécie de um monóculo estranho. O recolho é saio do meu quarto.
- Carter - ouço meu avô me chamando assim que chego na sala. - Você já está pronto?
- Sim. - Finalmente tenho a permissão do meu avô para sair da cidade, porém ele só concordou com a condição de que eu só sairia acompanhado. - O Luke e a Jessie já devem estar chegando.
- Me prometa que vai voltar. - Olho-o em seus olhos cor de mel, eles me lembram os do meu pai, tudo em meu avô me lembra o meu pai. Eu não o respondo, apenas o abraço com um pouco de dificuldade por ser um pouco mais alto que ele. Ele parecia não querer me soltar. Eu o entendo. Nós só temos um ao outro agora, ele não quer me perder. Eu também não quero perdê-lo. - Você é tudo que sobrou dos seus pais, não suma também.
- Eu não vou. - respondo de forma simples. Logo ouço batidas na porta.
- Com licença, Sr. Johnson - Jessie diz, abrindo a porta. - Vamos, Carter? - Afirmo com a cabeça.
- Tchau, vô - desfaço o abraço. - Eu volto. - sussurro.
- Não se preocupe, Sr. Johnson, vamos cuidar bem do seu neto. - Luke diz, tentando acalmar o meu avô.
- Fale por você - Jessie murmura, logo recebendo uma leve cotovelada. Quase dou risada com a cena.
Desvio o meu olhar para a poltrona onde o meu cachorro estava.
- Cuida bem do vovô, está bem, garoto? - digo acariciando sua cabeça. Ouço o meu avô limpar a garganta, chamando atenção para si.
- Você não quis dizer para eu cuidar do cachorro?
- Claro, é claro que sim! - respondo, tentando disfarçar. O meu avô é um imã para confusões e desastres. Sem falar que não posso deixá-lo sozinho aqui. - Ah, eu esqueci de falar, eu pedi para a Kira cuidar do senhor. Não posso deixá-lo sozinho.
Ele faz uma careta, mas concorda.
- Tchau, Carter - ele diz acenando.
- Tchau, vovô - aceno de volta. - Por favor, não esqueça de alimentar o Max de novo!
- Não se preocupe, o seu cachorro vai estar em boas mãos.
Saio de casa em silêncio. Logo encontramos com Kira.
- Boa viagem - ela diz sorrindo.
- Você não vem conosco? - Luke pergunta. Ela apenas nega.
- Vou ficar aqui, cuidando do Sr. Johnson. Mas não quer dizer que não possa ajudar. Vocês vão precisar disso. - ela diz enquanto nos entrega uma espécie de rádio com fones. - Vocês não falam outros idiomas, por isso eu fiz esses comunicadores. Eles vão traduzir tudo que vocês falarem e ouvirem. - ela sorri com as bochechas levemente coradas. As vezes eu me esqueço de como ela é inteligentete.
- Obrigado! - respondemos. O que seria de nós sem ela? Nós nos despedimos e começamos a andar. Viro para o bairro onde vivi toda minha vida. O que nos aguarda agora? Eu não sei, mas é agora ou nunca?
* * *Olho o mapa da cidade. Acabamos de chegar e quero ter certeza de que não vamos nos perder. Vasculho cada detalhe do mapa. Mas não fazia sentido. No diário do meu pai, ele disse que foi para uma aldeia, porém o mapa não mostrava nenhuma aldeia. Que estranho.
- Temos que pedir informações. - digo tirando os olhos do mapa. Eles colocam seus comunicadores. Começo a fazer o mesmo, porém, enquanto o retirava do bolso, acabo derrubando algo : aquele monóculo estranho. Ele possui uma lente esverdeada, assim como o seu corpo, e é preso com uma corrente maior que o normal, podendo ser usado como colar. É exatamente o que faço. Coloco-o ao redor do meu pescoço e coloco o comunicador em minha orelha. Logo me lembro de algo : - A Kira ensinou como se liga essa coisa?
- Não.
- Então os dois tontos não perceberam isso e estamos perdidos já que não falamos espanhol?! - Jessie pergunta com raiva.
- Você também não percebeu!
Dou as costas para os dois, que não notam já que estão ocupados demais discutindo. Caminho até uma moça que estava parada.
- Com licença, moça, pode me dar uma informação? - até que eu não sou tão ruim falando em espanhol. Acho que ela entendeu o que eu disse, mesmo parecendo um pouco confusa com o meu sotaque.
- Claro, o que precisa?
* * *
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A Busca na Floresta
Historia CortaCarter Johnson não teve uma infância como a de outras crianças. Aos dez anos, teve que ficar apenas com o seu avô, logo após o desaparecimento de seus pais. Agora, perto de seu décimo sexto aniversário, ganhou permissão de ir procurar por seus pa...