CAPÍTULO 9-ARLETE DESABAFA COM PIETRO

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"Nem todas as verdades são para todos os ouvidos..."(Umberto Eco)

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Pietro agradeceu por Érick já ter recontratado o antigo empregado da casa, pois foi ele quem ajudou o assistente do pintor a retirar Davi, ainda desmaiado, do carro.

_Oh, meu Jesus! O que fizeram com o meu filho? Ele está todo machucado!_gritou Arlete segurando o rosto desfigurado de tanto que ela já havia chorado naquele dia.

A governanta sentia-se culpada por tudo o que estava acontecendo, afinal, reconhecia que por medo de ser rejeitada pelo filho, ela não desobedecera a ordem de Nicolau que insistia que seria ele a revelar toda a verdade para Davi.

_Fique calma, Arlete. Não é nada grave. Bebeu todas e brigou com alguns beberrões também. _Pietro tentou aliviar.

_Não acha melhor levá-lo para um hospital, Pietro?_Iolanda, vó de Davi, veio aflita ver o neto que era carregado pelos dois homens.

_ Isso é resultado de quem quer sufocar o que sente no álcool e aí, só faz coisa errada._esclareceu Pietro._Daqui a pouco ele recobrará a consciência e aí eu mesmo verifico se não quebrou nada, prometo.

Levaram Davi para o banheiro, o despiram, pois ele havia vomitado no carro e estava sujo de sangue e vômito.

_Eu quero ajudar...é meu filho._gemeu Arlete chorando na porta.

_Você pode ajudar sim, Arlete. Faça um café bem forte que eu vou ver se ele toma quando recobrar a consciência._prometeu o funcionário de Érick.

Naquele momento, Davi finalmente recuperou a consciência e teria ido ao chão, se Alencar, o funcionário da casa (uma espécie de "faz tudo" que ficava ali para ajudar Arlete no que precisasse) não o tivesse amparado junto a Pietro.

_Onde está meu irmão veado Nicolau? Aquele desgraçado...eu vou socar o pau daquele escroto que está espalhando por aí que é meu pai..._falou o agricultor  com a voz enrolada.

Pietro fez sinal para que Arlete se afastasse, pois sentia pena da pobre mulher que não precisava ser castigada por mais aquela cena deprimente.

Alessia estava certo ao dizer que ele se sentira atraído pela mãe de Davi assim que trocou meia dúzia de palavras com ela. Era uma bela mulher, olhos grandes e doces, cabelos ondulados castanhos, como os do filho e um sorriso cativante. O carisma de Arlete era um bálsamo para qualquer um que dela se aproximasse, reconhecia o italiano.

Logo providenciaram  uma cadeira onde sentaram Davi e deram banho nele, entre frases desconexas e insultos aos dois que faziam os seus ferimentos arderem  com o sabonete líquido.

_Tá ardendo, seus bostas! Dá pra fechar a porra desta torneira e deixar eu sair daqui?_gritou de forma grosseira tentando empurrar as mãos que o banhavam.

_Tem que lavar sim!_Pietro falou autoritário, lembrando-se da insinuação de Alessia de que ele seria o futuro padrasto de Davi._Você caiu no chão, trocou socos e pontapés com aqueles caras e se não limpar, os ferimentos  vão infeccionar, rapaz!

_Se infeccionar tudo eu vou morrer? Você promete que eu vou morrer?_Davi sacudiu Pietro falando com a voz pastosa._Porque eu não quero mais viver com esta vergonha de ser filho de um irmão meu...de uma bicha que mandou  outra bicha para cuidar do meu dinheiro...do meu dinheiro...

Davi sacudiu Pietro, molhando o pobre completamente!

_Seu dinheiro pra comprar todo o estoque de álcool em todos os bares da cidade, Davi! Que vergonha...olha como você está!_falou Pietro irritado.

MATÉRIA BRUTA- Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora