O que queres que eu vos fale?
Sobre a paz? Sobre a pós-modernidade?
O som? A luz? Talvez.
Mas depois de outro mês, vos visitarei
Em paz com os meus pés e mãos.
Todos os dias, eu vos capto os olhos;
Quando vos avisto pelas portas da cidade
Da educação, meu corpo vira chão;
Ou o chão vira meu corpo? Venho a cair
No chão sujo, no sujo chão, a olhar a vossos
Olhos cristais de esmeralda-rubi, coloridos como
O papel de uma criança aos seus terceiros cardinais anos.
Ao dizer tantas frases, tantas palavras com S,
É-vos a vosso olhar brilhoso uma cobra.
Uma cobra verde cor de espinho do mato, uma cobra
De língua cor de fogo-fátuo, que mata mamíferos andantes,
Tanto aos macacos quanto a nós, seres sofredores de tamanha sofreguidão
Mundial, universal, interestelar e divinal; Isto tudo com um simples sibilo
E ataque preciso com certidão e dedicação, quando nos ataca a nossas veias,
E nossos corpos se esfregam em solo terreno de nossos compadres,
Tirando-nos o fulgor de nossa idade e sufocando nosso fôlego, assim morrendo.
Por que viestes a este ponto, ó minha alma? Por que começastes em romance
E parastes em morte, morte de cobra, que nos cobra a nossa alma? Porque somos como Cobras: disfarçamo-nos de folhas e matamos a outros como selvagens, sobrevivendo
Ao frio, a fome, e a frieza do coração.
Respeitosamente me despeço.