Os Sibilos das Cobras

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O que queres que eu vos fale?

Sobre a paz? Sobre a pós-modernidade?

O som? A luz? Talvez.

Mas depois de outro mês, vos visitarei

Em paz com os meus pés e mãos.

Todos os dias, eu vos capto os olhos;

Quando vos avisto pelas portas da cidade

Da educação, meu corpo vira chão;

Ou o chão vira meu corpo? Venho a cair

No chão sujo, no sujo chão, a olhar a vossos

Olhos cristais de esmeralda-rubi, coloridos como

O papel de uma criança aos seus terceiros cardinais anos.

Ao dizer tantas frases, tantas palavras com S,

É-vos a vosso olhar brilhoso uma cobra.

Uma cobra verde cor de espinho do mato, uma cobra

De língua cor de fogo-fátuo, que mata mamíferos andantes,

Tanto aos macacos quanto a nós, seres sofredores de tamanha sofreguidão

Mundial, universal, interestelar e divinal; Isto tudo com um simples sibilo

E ataque preciso com certidão e dedicação, quando nos ataca a nossas veias,

E nossos corpos se esfregam em solo terreno de nossos compadres,

Tirando-nos o fulgor de nossa idade e sufocando nosso fôlego, assim morrendo.

Por que viestes a este ponto, ó minha alma? Por que começastes em romance

E parastes em morte, morte de cobra, que nos cobra a nossa alma? Porque somos como Cobras: disfarçamo-nos de folhas e matamos a outros como selvagens, sobrevivendo

Ao frio, a fome, e a frieza do coração.

Respeitosamente me despeço.

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⏰ Last updated: Apr 25, 2019 ⏰

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