Matilde - Gato

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             Quinta-feira, 18 de abril de 2019, fim de tarde de um dia chuvoso véspera de Sexta-Feira Santa, porém era uma chuva fraca, com tom de tristeza.

              Matilde, uma jovem de 16 anos, cabelos na altura do ombro, cor de ébano, rosto sem expressão, 1,60 de altura, estava arrumando suas coisas para ir para casa. Deu uma última olhada nos corredores entre as prateleiras da biblioteca onde trabalha, isso se tornou um costume, dar uma última olhada, como se estivesse procurando algo, ou alguém. Ela pegou sua mochila que estava em cima de uma longa mesa de madeira e foi em direção à porta.

              –Até amanhã – Disse Dona Helena, gerente da biblioteca e patroa de Matilde.

            Ela continuou andando, como se não tivesse ouvido. Saiu pela porta e foi para o terminal de ônibus, não ligando para a chuva molhando seu moletom nos ombros. Andou por cerca de 120 metros, ao chegar pegou o ônibus da linha 242. Durante a viagem ela ficou olhando para as gotas de chuva que caiam no vidro enquanto pensava em algo que já era comum pra ela, se um dia seria importante para alguém de novo. Desceu em um ponto próximo ao condomínio de edifícios onde mora, foi até lá, subiu para seu apartamento, do qual tinha "ganhado" de uma senhora que não tinha filhos e que ajudara quando criança. Ao entrar no apartamento lhe deu uma aflição, ele estava estranho, algo estava diferente, parecia que tinha ou esteve alguém ali, mas ainda assim foi andando até o banheiro, tirou seu moletom molhado, sua calça jeans surrada e o resto de suas roupas e foi tomar banho.

             Eram 9 horas da noite, sentada no sofá Matilde estava no escuro, olhando a chuva pela janela fechada da sala, quando voltou a sentir algo estranho, olhou para trás e viu um gato preto, de olhos de cores diferentes, um castanho e o outro azul claro, sentado no meio da sala, isso lhe assustou, pois ela não tem gato. O bichano levantou e foi em direção ao seu quarto, ela foi atrás, então o medo tomou conta de seu corpo, o gato havia sumido, dando lugar a outra "criatura" que estava sentada na cama de Matilde, parecia ser uma pessoa, estava com um sobretudo do qual era impossível ver seu rosto, ou até mesmo se era realmente uma pessoa. Matilde fechou os olhos fortemente, pensando que aquilo poderia ser um sonho, ao abrir os olhos, ela estava no banheiro, tomando banho, havia acabado de chegar em casa, estou ficando louca? pensou Matilde. Ao sair do banheiro novamente, ela olhou para a sala e o medo se tornou maior, começou a tremer como nunca tinha tremido antes, será isso real? pensou. Havia um gato preto no meio da sala, de novo. Ela foi para o quarto e não viu nada, voltou para a sala e o gato havia sumido, ela era o único ser vivo dentro do apartamento, mas sentia que não estava sozinha.

              Matilde acorda, no feriado santo, deitada na cama fica pensando sobre o que aconteceu no dia anterior, olhou para a cabeceira e ficou olhando a foto da dona Judith, uma senhora simpática para a qual a Matilde começou a trabalhar quando tinha 10 anos de idade, por esse motivo abandonou a escola. Dona Judith quando jovem era prostituta, porem ela se destacava das demais e logo se tornou uma das melhores acompanhantes de luxo da região, ela não podia ter filhos pois ficou estéril devido ao uso excessivo de uma droga chamada Violet, por isso tratava Matilde como sua filha, e ela retornava o carinho tratando dona Judith como mãe, já que nunca teve uma.

              A senhora ensinou tudo que sabia para Matilde de acordo com os anos, como mentir, como beber, quais eram os efeitos das drogas e suas consequências, e até mesmo como satisfazer um homem.

              Quando tinha apenas 13 anos, Matilde fez sua primeira vítima, seu próprio pai, que a maltratava, pois culpava pela morte de sua mãe que morreu no parto, sendo assim, ela foi morar com dona Judith. Aos 14 anos, ela viu dona Judith morrer de overdose, aos 70 anos de idade, como não tinha filhos, deixou em testamento tudo para a jovem Matilde.

              Ela olhou no relógio e viu que já eram 11 horas da manhã. Levantou mais disposta do que imaginaria estar, foi ao banheiro, escovou os dentes, arrumou o cabelo e se vestiu. Era estranho, porque mesmo com o ocorrido na noite anterior, ela sentia que era um bom dia para sair para almoçar. 

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⏰ Last updated: Apr 25, 2019 ⏰

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A Sucessora da MorteWhere stories live. Discover now