Escrito por: pjmcoeur
Revisado por: Marveril
Arte por: LizGael
Capa por: shyminbO vento das quatro e meia da tarde batia contra o corpo de 1,81m do loiro de olhos inchados, o que evidenciava sua dor, dor essa que não era física, pois pelo menos para Kim Namjoon, era impossível algo machucar tanto assim a ponto de seu coração realizar os movimentos de sístole e diástole cada vez mais rápidos, e quem sabe eles estivessem realizando-se de maneiras invertidas. O Kim nunca entendeu de verdade termos médicos e técnicos, por mais que seu appa o tivesse obrigado a passar seis anos em uma faculdade de medicina.
Tudo pela família, foi a justificativa que Kim Jiyong, seu appa, dera assim que Namjoon, no auge de seus dezoito anos e recém formado no terceiro ano do ensino médio, apresentou o desejo de cursar letras . Sua mãe e sua irmã mostraram apoio na época, mas logo acabaram cedendo aos desejos do mais velho, e justificaram dizendo que a profissão já havia se tornado uma dinastia na família, e que todos presentes na casa haviam adorado ir para faculdade de medicina da Coreia, em Seoul.
E por mais que quissesse recusar, ele não tinha voz ali, não no momento, e agora, dez longos anos depois, só lhe restaram arrependimento, lágrimas, uma garrafa de soju e o inverno nada incrível da capital, estação cujo o mais alto sempre odiou, e seu appa sempre amou, dois extremos estranhos mas que metaforizam bem a personalidade de ambos.
Kim Jiyong nunca ligou muito para o sonho do filho, era frio e demonstrava afeto raramente a Kim Namjoon e Jennie Kim, seus filhos, cujo o mesmo passou a metade da vida planejando a vida de cada um dos dois, milimetricamente, e talvez seja isso e só isso que tenha feito a vida de um de seus filhos desandar. Kim Namjoon, o oposto de seu pai, era gentil e sempre amou abraços, nunca costumou planejar a vida, vivia o momento, mas justamente por viver o momento é que este se esquecera de que havia alguém planejando sua vida por ele, e quando se deu conta, já era tarde demais para agir.
As gotículas de chuva que insistiam em cair por agora misturando-se aos cabelos platinados do rapaz traziam mais questionamentos a ele, pois aquilo lhe lembrava o quanto ele havia chorado de desespero e tristeza nas últimas vinte e quatro horas. Namjoon sentia desespero por não saber o que fazer, visto que nos últimos vinte e nove anos recém completados de existência, tudo o que ele havia feito era sempre através de seu pai.
E agora o homem alto e de sorriso bonito que exibia covinhas não sabia se largava tudo e seguia seu sonho de finalmente cursar história da arte, ou se mantinha o cargo de alto escalão no hospital de sua família, tudo sempre por meritocracia, método que na opinião dele era uma merda, mas todos os envolvidos acreditavam que não.
A oferta de seguir seu sonho e talvez perder toda sua herança era tentadora naquele momento, afinal não havia nada a perder, ninguém mais poderia o impedir e não existiam limites para os sonhadores, frase esta que ele havia lido horas atrás estampada em um outdoor em frente ao crematório, e aquelas letras pareciam ter sido enviadas por algum tipo de divindade naquele momento, porque haviam sido mais reconfortantes que os milhares de sinto muito que já tinha escutado naquele local de pessoas desconhecidas.
A frase ainda perdurava em sua mente, mesmo horas depois de ter lido aquilo, as letras dançavam e ricocheteavam em cada neurônio existente em seu encéfalo, a cada instante em que pensava nisso era como se milhares de dúvidas e certezas batalhassem dentro dele, mas Kim Namjoon sabia a resposta, e ela estava há minutos de ligar para ele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Logophilism
ФанфикLogophilism: o ato de ser apaixonado por palavras. Assim como todas as vezes a onda ricochetea contra a rocha de maneiras singularmente distintas, para mim, desde nosso primeiro contato, você tem me tocado de formas intangíveis, com os mesmos dígit...