Sentimentos

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Escrevo cartas para desvendar meus sentimentos, que as vezes são tão confusos que palavras não sao suficientes para demonstrar.

Escrevo cartas, pois enquanto escrevo meus sentimentos, começo a me entender um pouco mais.

Faz um tempo que eu procuro em algumas pessoas o amor que encontrei a alguns anos atras, aquele amor sincero, puro, simples...

Eu querendo ou não, sou o tipo de pessoa que vive do amor, de amigos, entes queridos, etc. Mas eu sentia uma falta tão grande daquele amor de verdade. Aquele que começa em uma paixão boba, que faz as borboletas se agitarem no estômago, que tira sorrisos bobos, que causa ciumes idiotas.

E eu procurei, tentei em várias bocas encontrar mais uma vez aquele beijo que se encaixa perfeitamente com o meu, em vários abraços encontrar o aconchego, em outros colos encontrar sossego. E nada. Tentei criar amor por pessoas por quem eu tinha carinho, tentei sentir de novo o que meu coração pedia incessantemente. Ele pedia aquela pulsação a mais, Ele pedia que eu encontrasse aquele olhar que o faria quase sair pela boca, e aquele abraço que o acalma nos dias mais tensos.

Ele me implorava que eu encontrasse aquela peça do quebra cabeça que faltava dentro de mim.

Mas depois de me decepcionar tantas vezes tentando encontrar o encaixe perfeito, desisti de procurar. Pois o que me decepcionava não eram as pessoas e sim a maneira de como não se encaixavam comigo, a frustração de mais uma vez ter criado expectativas em vão.

E eu tenho tanto com o que me preocupar na vida, tantas coisas a serem resolvidas... Que na verdade nem me sobraria tempo de continuar a procurar essa tal peça tão valiosa de mim que estava perdida.

Tantas questões a serem resolvidas em minha vida, que amor já não era mais a primeira opção. Mas o tempo passou e nada se resolvia, a frustração tomando conta de mim e mais uma vez me peguei caindo do penhasco em queda livre.

Eu já cai tão fundo que cheguei a imaginar que não conseguiria mais me reerguer. Tão fundo que eu ja previa, imaginava, planejava o fim. Mas uma luz em meio a escuridão me deu forças pra voar e sair daquele abismo que eu havia caido sem pretenção nenhuma de levantar.

Essa luz foi o amor.

Mas sem ele, parece que aquelas nuvens cinzas voltaram a pairar sobre mim.

E eu escorreguei mais uma vez na beira do penhasco e estou me segurando com todas as forças para não cair novamente.

Pois lá no fundo é frio, escuro, sombrio...

Então por acaso em meio a tantas peças que eu procurei para mim, uma daquelas que não se encaixava brilhou e ascendeu uma fagulha no meu peito. De repente aquele sorriso alem de me fazer sorrir me fez feliz, em meio a todo caos dentro de mim, aquele abraço me aconchegou, o beijo me arrepiou e do nada todo aquele frio se tornou calor.

A minha cabeça continua a insistir, que eu já sei que essa peça não se encaixa, que meu coração está me iludindo com falsas sensações de paixão, que isso tudo é uma ilusão e quando eu acordar estarei no chão, no fundo daquele abismo.

Eu estou me afogando mesmo sabendo nadar, eu sei que me debater não vai ajudar.

Talvez quando eu chegar no fundo tenha um bom impulso pra voltar, mas talvez eu não queira voltar.

Eu estou afundando e sentindo a agua entrar nos meus pulmões como uma chama ardente me queimando por dentro.

Não estou mais tentando sobreviver, estou deixando tudo acontecer.

E quanto mais fundo, mais longe eu estou da luz.

Meu coração espera que aquela fagulha seja o suficiente para que eu inflame e volte mais uma vez a ser luz e não escuridão.

Mas no meio desse conflito entre razão e emoção. Eu continuo inerte, sem ação.

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⏰ Last updated: Apr 29, 2019 ⏰

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Uma cartaWhere stories live. Discover now