Melinda narrando:
Mano não sei quem eu mato primeiro, a Madu ou o Steve. Os dois são exatamente iguais, um é a cópia do outro!
-O que foi que tu fez, Maria Eduarda?- ela fez uma carinha fofa e falou com a voz bem calma.
-Não fiz nada. Aquela azeda que queria ficar no meio do Enzo e do João. Eu pedi pra ela sair, mas ela não quis!- e deu de ombros como se fosse a coisa mais natural do mundo.
-Você sabe que não pode fazer isso, não sabe Eduarda?- ela apenas confirmou com a cabeça.- E por que você fez?
-Porque ela não fez o que eu mandei!- falou irritada.
-Ela não tem o dever de te obedecer Maria, você não manda nela!- falei passando as mãos nas têmporas.- Não é pra você fazer isso de novo, está me escutando?- ela apenas afirmou com a cabeça.- Eu tô falando sério! E não vai comer nenhum doce o resto da semana!- ela arregalou os olhos.
-Mas o papai já tirou a TV, o celular e o tablet!- falou de braços cruzados com os olhinhos cheios de lágrimas.
-Tivesse pensado nisso antes de bater na menina.- olhei para um lado e para o outro, nem um sinal daquele dois.- JOÃO PEDRO E OLIVER, SE VOCÊS ESTIVEREM FAZENDO ALGO COISA ERRADA VOU BATER NOS DOIS!
Escutei a risada deles da cozinha e corri para a mesma, vendo apenas a caixa de cereal no chão junto com algumas balinhas de chocolate e a porta que dá acesso a área de lazer aberta.
Respira e inspira Melinda.
Sai para o lado de fora e nenhum sinal do dois.
-Para onde os dois foram?- perguntei a um vapor e ele apontou o dedo para o corredor do lado da casa que dava acesso a entrada. Filho da mãe nem olhou para minha cara.- OLIVER!... JOÃO!
-ESTÃO SUBINDO A ESCADA, MAMÃE!
-CALA A BOCA, SUA CHATA!
Escutei a Madu e o Oliver gritando lá de dentro. Apressei o passo e logo entrei na casa, a Maria estava sentada no sofá com um dedo na boca e enrolando outro em uma mecha do cabelo.
-Foram para o quarto e trancaram a porta!- respirei fundo e subi as escadas.
-Abre isso aqui!- falei batendo na porta, em troca só escutei o silêncio.- Eu não estou brincando!- escutei a risadinha do JP e juro que se soubesse onde fica as chaves reserva eu dava uma surra nos dois.
Suspirei e desci as escadas indo até a Madu.
-Pega sua bolsa para fazermos as atividades.- ela fez careta, mas obedeceu. Esperta ela.
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-Maria, por favor brinca quieta, ou fala mais baixo, eu preciso terminar isso aqui!- falei trincando os dentes pela dor de cabeça insuportável.
-Tá certo!- ela sussurrou e uma risada escapou dos meus lábios.
As duas pestes, cujo meus filhos, estão no quarto ainda, mas isso é maravilhoso tanto que coloquei uma cadeira na maçaneta interrompendo qualquer movimento.
Tô precisando de paz! E eles podem ficar algumas horinhas trancados.
Quando começou a escurecer guardei os materiais da facu e peguei a Madu no colo, que terminou dormindo no chão enquanto brincava. Ainda bem que ela estava em cima do tapete emborrachado, a última coisa que eu preciso é que ela tenha uma crise!
Levei ela para o quarto e a coloquei no berço, daqui a pouco acordo ela para jantar.
Tirei a cadeira do lugar e assim que virei a maçaneta a porta se abriu, encontrei os dois dormindo na cama do Oli e o baralho espalhado na mesma. No chão estava um saquinho de cereal e eu revirei o olhos.
Está aí o porque deles não fazerem um escândalo por estar com fome. Tirei o JP da cama do Oli e coloquei ele no berço. Ajeito o Oli na cama e liguei o ar saindo do quarto.
Entrei no meu e fui direto para o banheiro, tirei minha roupa e fui para debaixo do chuveiro deixando a água quente cair no meu corpo.
Depois de 10 minutos saí do banheiro e vesti a primeira roupa que vi. Desci a escada e vi que já era quase sete horas, o Demo chega perto das nove, mas não vou arriscar.
Andei até a porta principal e passei a chave duas vezes, certificando-se que estava trancada. Fechei todas as janelas e andei até a cozinha, trancado a porta de lá também. Subi as escadas de novo e sai trancando todas as janelas, vai saber do que ele é capaz, né?
Desci e andei na direção da cozinha, assim que entrei na mesma resolvi fazer miojo, não estou afim de fazer outra coisa.
Peguei os saquinhos de miojo de galinha e coloquei na bacia, abri o microondas e coloquei a bacia com oito saquinhos de miojo dentro. Coloquei dez minutos e esperei sem nem um tipo de paciência os miojos cozinharem. Assim que o microondas apitou peguei um prato e tirei uma parte deixando a outra dentro para quando as donzelas acordarem comerem. Coloquei meu prato em cima da mesa e fui atrás de um comprimido para dor de cabeça.
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Assim que coloquei a última garfada de macarrão na minha boca, escutei o som de alguém tentando abrir a porta e um sorriso se transformou em meu rosto. Andei em direção a sala e assim que entrei na mesma escutei ele bufar alto.
-Abre essa porra, Melinda!- falou alto e começou a bater na porta. Cheguei mais perto da porta e bati na mesma para ele parar.
-Cala a boca! Vai acordar os meninos e eu estou morrendo de dor de cabeça!- falei entre dentes e tenho certeza que ele está passando a mão entre os cabelos.
-Então me deixa entrar, caralho! Eu juro que se tu não abrir essa merda eu arrombo e te mato de uma surra!
Em vez de sentir medo da forma ameaçadora que ele falou, apenas comecei a gargalhar.
-Foda-se Demo, eu sei que você não consegue me matar, enfim, se quisesse dormir em casa, na cama maravilhosa lá do quarto teria descido do carro quando eu pedi. Agora, por favor, saía da frente da minha porta os vizinhos querem dormir!- falei sarcástica e escutei uma risada vindo do fundo.
-Tá rindo por que pau no cú? Quer ir dar uma visitinha ao diabo?
-Nã… não!- falou com a voz trêmula e senti vontade de rir novamente. Coitado desses vapores!
-Mamãe?- ah, que beleza.
Me virei e encontrei a Madu descendo as escadas esfregando os olhinhos.
-Madu?- chamou o outro.
-Papai? Por que o senhor está do lado de fora?-Porque…- interrompi ela na hora.
-Porque ele está de castigo e não vai dormir em casa!- falei com um sorriso nos lábios e ela cruzou os braços.
-O papai pode dormir fora de casa, mas eu não posso!- falou indignada e eu ri.
-Se tu não abrir essa merdaa eu vou para a cama da primeira puta que aparecer na minha frente e vou comer ela!- na hora meu sorriso se desfez e meu peito se apertou, ele não pode está falando sério.
“Pode e estar, estamos falando do Demo!”
Uma voz dentro da minha cabeça me lembrou.
-Você não faria isso…- minha voz saiu em um sussurro e não sei como ele conseguiu escutar.
-Sim, eu faria e você sabe que sim!- a voz dele estava cheia de veneno, o que fez meu peito se apertar mais e as lágrimas começarem a descer pelas minhas bochechas.
Mas o que eu estava esperando? Eu sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra, que o Steve voltaria a ser o Demo, só não queria acreditar.
Peguei a Madu no colo e a levei para a cozinha, felizmente ela não abriu a boca.
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De Patricinha a Patroa - RETIRADA
Novela Juvenil+18 Melinda uma garota que de tudo que queria tinha, considerada filhinha de papai. Uma garota frágil, doce e humilde. Melinda mesmo tendo na mão tudo o que queria era uma garota humilde, educada pelos pais a sempre ajudar as pessoas necessitadas. U...