Coloquei o miojo para esquentar e pedi paa a Madu para ela ficar quietinha. Acho que ela percebeu o clima estranho, já que fez o que pedi sem nenhum “mas”. Subi as escadas e fui até o quarto dos meninos, sequei as lágrimas e entre no quarto. Acordei o JP que pediu abraço e depois acordei o Oli que já foi perguntando porque o meus olhos estavam vermelhos e inchados.
Apenas dei um sorrisinho e peguei na mão dele descendo a escada. Quando chegamos na cozinha coloquei eles nas cadeira da mesa e dividi o miojo entre eles.
-Cadê o papai?- o Oli perguntou e a vontade de chorar veio com mais força.
-Ele está de castigo, a mamãe que colocou.- o Oliver olhou para mim confuso, mas apenas desviei o olhar.
As vezes ele parecer ter mais idade do que realmente tem.
Os três terminaram de comer calados e o João estava quase dormindo em cima do prato. A Madu também estava sonolenta, já o Oli estava com os olhos mais abertos que o normal.
Peguei o celular e vi que são quase nove horas. Coloquei os pratos na pia e levei os meninos para o andar de cima. Dei um banho super rápido neles e os vesti o mais rápido possível. Só quero me trancar, ficar longe da inocência deles e das perguntas que fariam.
Coloquei primeiro a Madu no berço dela e depois o João, assim que fui cobrir o Oli ele se sentou na cama e me abraçou com força.
-Eu te amo!- falou baixinho só para eu escutar e meu peito apertou de novo e um nó se transformou em minha garganta.
-Eu também de amo meu pedaço de gente!- as palavras quase não saíram por ponta do choro que estou controlando e o apertei com força.- Dorme bem, meu pequeno!- deitei ele e o cobri.
Sai daquele quarto rápido e entrei no meu, ou melhor no dele, afinal, tudo aqui é dele.
Assim tranco a porta atrás de mim um soluço se escapa da minha garganta e as lágrimas começaram a descer.
Por que ele tem que ser assim? Por que não uma pessoa normal? Um casal normal?
Coloco as mãos na minha boca para abafar meus soluços altos e quando olho para a frente vejo meu reflexo no espelho. O meu olhar fica preso aos meus olhos no reflexo e percebo aqueles olhos sem brilho, aquele olhar que o Demo causa. Não o que o Steve consegue tirar de mim.
Por que só não o Steve? O meu Steve? O homem que se declarou pra mim e prometeu mudar?
Isso dói demais, muito mais do que as surras que eu já levei, porque essa dor que estou sentindo agora não passa com um remédio.
E agora, encolhida no chão se sentindo sozinha, sem ninguém para me ajudar, me sento como se estivesse perdendo meus pais pela segunda vez.
Por que simples palavras machucam tanto?
●●●
Minha noite foi horrível, mal consegui pregar os olhos. Rolei de um lado para o outro diversas vezes na cama, meus pensamentos não conseguiam sair dele e várias imagens dele com outra vinheram a minha mente, me deixando mais triste.
O despertador do celular tocou exatamente cinco e meia e desliguei o mesmo. Meu corpo estava pesado e dolorido, me levantei me arrastando e fui até o banheiro. Assim que vi meu reflexo no mesmo fiz uma careta.
Meus olhos estavam inchados e as olheiras estavam fortes, meus lábios estavam inchados e meu cabelo totalmente despenteado. Senti vontade de chorar novamente, mas me impedi de fazer isso, ele não merece.
Lavei meu rosto e escovei o dentes. Tomei um banho demorado e quente, foda-se faculdade e tenho certeza que os meninos preferem ficar em casa.
Não quero sair da porra desse quarto, mas não tenho muita escolha, já que tenho três filhos que precisam dos meus cuidados.
Depois de quase meia hora debaixo do chuveiro desliguei o mesmo e amarrei uma toalha em volta do meu corpo. Entrei no closet e vesti meu pijama, voltei para a cama e peguei meu celular entrando no whats.
Tomara que nenhum dos meninos se acordem, não estou nada bem para conseguir falar com eles, quando perguntarem por que estou assim. Procuro o contato do Demo e ele não está online, viu por último ontem. Não tem status também e não sei se isso é bom ou ruim.
Quando percebo meu celular está vibrando na minha mão e o nome da Débora aparece na tela, provavelmente ela já está lá em baixo.
Desço a escada o mais rápido que consigo e assim que chego em frente a porta fico encarando a mesma, sem conseguir fazer nada. Até que consigo abrir minha boca.
-Déh?
-Abre a porta, Melinda.- suspiro aliviada e viro a chave duas vezes, puxando a maçaneta logo em seguida abrindo a porta o bastante apenas para ela passar.
Olho rápido para o lado de fora e encontro o DG e o FL fazendo a guarda.
-Melinda?- o DG me chama assim que a Débora entra.
-Oi?- perguntei com a voz falha, colocando ao mínimo possível minha cabeça para fora.
-Fica sussa que ele não comeu puta nenhuma não. Saiu daqui e foi direto para uma casa desocupada na rua 15. E uns vapor falou que ele já tá na boca, tudo de confiança… Ele falou aquilo só pra te magoar, pequena.- e sorriu de forma amigável.
O DG é uma ótima pessoa, a minha vontade mesmo era de sair de detrás dessa porta e o abraçar com força, mas não tenho disposição para isso.
Um alívio passa por todo o meu corpo e quase me esqueço que o Demo falou aquilo propositalmente para eu me sentir mal. Abro um meio sorriso para o DG e falo um obrigado tão baixo que só sei que ele escutou porque faz um movimento com a cabeça.
Fecho a porta e assim que me viro abraço a Déh com o restinho de força que ainda tenho.
-Ele é tão… tão…- não consigo encontrar uma palavra para defini-lo e a Débora faz um movimento com a cabeça enquanto me aperta em seus braços.
-Ridículo, escroto, nojento, monstro…- a interrompo antes que diga mais coisa, porque isso não ajuda em nada.- Por que você não me ligou ontem, Melinda?- olho pra ela confusa.- O DG me falou do showzinho patético e escroto que aquele filho da puta fez.- ela fecha os olhos com força.
-Mas você acabou de chegar.
-Corrigindo, eu acabei de te ligar. Agora me fala.
-Não queria encher você com isso.- falo baixinho e ela suspira.
-Você sabe que pode contar comigo…- a interrompo de novo, o que eu menos quero agora é um sermão.
-Cala a boca e só me abraça!- implorei e ela fez o que pedi.
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De Patricinha a Patroa - RETIRADA
Teen Fiction+18 Melinda uma garota que de tudo que queria tinha, considerada filhinha de papai. Uma garota frágil, doce e humilde. Melinda mesmo tendo na mão tudo o que queria era uma garota humilde, educada pelos pais a sempre ajudar as pessoas necessitadas. U...