O garoto entrou na sala de Agatha, e sentou do outro lado. Ela prometeu a si mesma não encará-lo, e tentou prestar atenção na aula.
Almoçou sozinha, e no intervalo da tarde, resolveu sentar-se na arquibancada assistir ao treino de futebol.
Havia um jogador excepcional, e Agatha não pôde deixar de não notá-lo. O jogador parecia miúdo perto dos outros, mas ágil.
Touchdown. A garota levantou as sobrancelhas, esquecendo um momento do caderno, e olhou o jogador.
O tal jogador comemorou, e então tirou o capacete, chocando a morena: era uma garota, os cabelos cacheados, de um louro levemente acobreado, e traços bonitos. Uma garota? O melhor jogador do time era uma garota? E... Ela estava vindo na direção de Agatha?
Agatha estremeceu. O que estava acontecendo? A menina sorriu para ela, subindo a arquibancada. Possuía sardas que pareciam constelações, e seus olhos eram da cor de mel. A morena fechou o caderno, e então...
A jogadora passou direto.
Passou direto e se sentou dois ou três degraus acima.
Dois ou três degraus acima, exatamente onde havia um garoto.
Um garoto que não era apenas um garoto. Era AQUELE garoto.
Os dois se sorriram e se conversaram, ele a elogiava, brincando um com o outro, ambos rindo.
E Agatha observou tudo ali de baixo.
Ela juntou seu material, colocou na mochila e saiu de perto, não sabendo exatamente o que estava sentindo.***
- você tem certeza disso? - Dayane observou de longe. Carol, ao seu lado, pegou sua mão:
- tenho. Deus ordenou, certo?
- É estranho voltar para a terra depois de tanto tempo. E com uma missão dessas.
- Mas Vitão quem teve a ideia. Ele sabe o que faz...
- sabe? Miguel sempre foi meio doido...
- Ei! - a ruiva bateu no ombro da morena e riu. - Não fala assim.
Day sorriu, marota.
- É, acho que vai ser divertido. - olhou novamente para os jovens no campo. - Só tenho medo de Dreicon.
- Lucifer, Day.
- Dele. - torceu o lábio, preocupada. - Por onde será que ele anda?
- Espero que longe de nossas protegidas.
- Eu também... Eu também.***
Eric sorria em brincadeiras com a garota ruiva.
- Bianca vai lá em casa hoje, né? Sabe a regra, hoje é dia de video game! - Ele sorria, lhe dando um empurrão com o ombro. A ruiva lhe deu um soco no ombro.
- Vou te vencer de novo no superkart, você não cansa de perder?
- Nem a pau.
- Vai chamar quem mais? - Ela o olha, curiosa.
- Não sei. A Talita, acho? Eu amo aquele brigadeiro que ela faz.
- Ta certo! Pode deixar que eu chamo. Vê se arruma o quarto hoje! Bagunceiro! - ela bagunça o cabelo do rapaz e lhe beija o rosto - chego lá as quatro.
- Fechado! - Eric sorri, pegando o telefone celular.***
Agatha seguiu pelo colegio, apressada. Andou tão rapidamente, que quando olhou em torno, sentiu-se perdida. Ela desconhecia o local, e aqueles corredores possuiam uma iluminação mais baixa e estavam vazios, denunciando ser uma parte menos frequentada do colégio.
Bufou consigo. Começou a buscar uma saída, mas nada encontrava. A cada corredor que dobrava, sentia-se mais perdida. Parecia estar andando em círculos.
Então começou a ouvir passos.
Passos e risos.
Risos macabros que ecoavam pelo corredor.
Olhou para trás.
Uma sombra se aproximava.
Acelerou o passo,mas a sombra crescia.
Olhou novamente. A sombra agora possuía o formato de um palhaço, que sorria sádico em sua direção. Ele arrastava os pés.
Logo mais sombras tomaram o corredor. O coração da garota acelerou e ela sentiu a mão arder.
Eram vários palhaços horrendos, sádicos, com vestes sujas e alguns arrastavam ferramentas como marretas e machados. Eles continuavam se arrastando em sua direção, com grunhidos e risos histéricos.
A morena olhou para a mão, e um brilho vermelho piscou sob a manga.
Agora não, Agatha. Mantenha a calma.
Dobrou o corredor em desespero.
Uma porta se abriu subitamente em sua direção e Agatha deve de brecar em susto para não bater com a face contra a madeira maciça.
- Oh meu Deus! Me desculpe! - Uma bela garota de cabelos negros, lisos, e olhos vívidos a fitou ao sair de trás da porta. - Não vi você aí. Aliás, está perdida, não está?
Agatha ainda ofegava. Olhou para trás, por cima do ombro, e os corredores estavam vazios.
Percebeu a garota espiar por cima de seu ombro, como se procurasse entender o que ela estava olhando.
- na verdade, estou. Como sabe? - Agatha a olhou, recuperando o ritmo da respiração.
- Eles te assustaram, né? - A menina riu baixinho, depois se desculpou novamente ao ver a expressão da punk. - Os palhaços. Desculpe. É que o prédio de artes está fechado para ensaio do especial de Halloween. Acho que você não viu a placa. Os palhacos assassinos? Eles são alunos de teatro. Não conta para ninguém nosso especial. Aliás, você é nova, não é? Nunca te vi no colégio. Desculpe. Eu estou falando demais?
- um pouco, talvez...? - Agatha torceu o nariz em uma cara confusa. Aquela menina realmente havia simpatizado com ela?
- oh. Olha! Meus amigos estão me chamando para sair hoje. - ela pegou o celular - Você quer ir junto? Você deveria ir junto. Já que é nova. Sabe? Fazer amigos. Conhecer gente. Você parece legal. Você vai comigo, não vai? Vai ser legal.
-eu não sei se devo, eu... tenho lição, eu acho...
- A gente é responsa. Avisa sua mãe que vai estudar com uns amigos. Sério. Você precisa. Vai gostar. Qual teu nome?
- Pai. Meu pai. Minha mãe, ela...
- Oh meu Deus me desculpe! Eu não sabia!
- Não teria como saber, né? - Deu um sorriso sem graça.
-Mas então. Você vai né? Você vai. É, como disse que era seu nome mesmo? - A garota a tomou pela mão e foi puxando para fora do prédio.
- Agatha. Meu nome é Agatha.
- Amei seu nome. Agatha Christie. Misteriosa. Faz seu estilo. Misteriosa. Adorei.
- Ahm... e você é...? - Agatha continuava sendo puxada, confusa, perdida em meio a tantas palavras que aquela garota era capaz de metralhar.
- Oh desculpe. AH SIM. Meu nome. Meu nome é Talita.--------
E aí, um capitulo quentinho e clichê saindo do forno pra vocês.
Ja sabem o que vai acontecer?Beijos da vó e até o proximo capitulo!