_Amor, você pegou a salada de batatas?_ Gritou Arthur, ao me questionar enquanto tirava as bagagens do carro.
Dois meses haviam se passado e finalmente chegou a Páscoa, estávamos na casa dos meus avós Francisco e Roseli, eram seus nomes, nunca fomos muito próximos, apenas nos víamos nas datas comemorativas, as quais eram perfeitas (ironicamente falando) com minha vovó perguntando sobre meus namorados inexistentes. Ela ficou surpresa ao ver que nesse ano havia um rapaz comigo, sendo que fez questão absoluta de dizer o quanto Arthur era bonito, e de apontar para minha barriga e falar " vejo que ele é viril", o que de fato deixou -me constrangida.
Depois de inúmeras análises, decidi que o melhor para todos seria se eu voltasse com Arthur, o neném precisava de um pai, e eu até que gostava de ter ele por perto, era bom ser mimada, ter alguém para ouvir meus problemas, aconselhar, carregar os fardos, ligar na madrugada quando sentia câimbra ou o bebê tinha soluço. Nós também já sabíamos o sexo do nosso pequeno, era um menino, como o pai havia dito, ainda bem, porque a quantidade de mini camisas masculinas que eu teria de doar se ele estivesse errado era absurda. Outra novidade é que nós tínhamos resolvido alugar um apartamento, o qual estava quase pronto, e seria nossa lar dali a dez dias. Questionei várias vezes meu coração se estava fazendo a coisa certa, eu sonhava em casar, ter filhos, mas não , bem o que eu sonhei que estava acontecendo, não teríamos uma cerimônia de casamento, nem sairíamos na capa de uma revista, era só mais uma adolescente grávida indo morar com o pai do filho, ambos imaturos e despreparados para a vida, unidos por circunstâncias, não por amor verdadeiro.
Estava deitada na rede que ficava na varanda da espaçosa casa feita de madeira, de cor branca e janelas de vidro na frente, quando Arthur me surpreendeu, ele estava segurando um minúsculo buquê de flores, provavelmente havia retirado do jardim, se vovô visse aquilo ele estava ferradissimo, visto que embora o velhinho fosse uma figura carismática com seus cabelos brancos ralos, sua pele rosada com algumas pintinhas circulares marrons, seu nariz fino, olhos verdes, lábios grossos e corpo rechonchudo, guardava também dentro de si uma fúria fora do comum quando alguém mexia em suas plantinhas, jardinagem era uma espécie de terapia para ele.
_Obrigada, querido._ Sussurrei, como era relaxante estar deitada, afinal de contas aos seis meses de gravidez tudo dói, qualquer posição é desconfortável, a barriga se torna pesada, as dores nas costas são constantes e os pés parecem de elefantes.
_Você está bem?_ Disse gentilmente, enquanto beijava os meus lábios suavemente. Com certeza ele havia percebido a expressão de dor em meus rosto.
_Vida, estou bem. É que estar grávida é complicado, sinto como se meu corpo estivesse lutando contra ele mesmo e nosso filho parece um super herói da Marvel, sempre golpeando a mamãe._ Respondi tentando ser engraçada e deixa-lo despreocupado. Ele deitou na rede comigo, passando seu corpo por trás do meu, o que fez minha mente fértil pensar em muitas coisas safadas, o que me fez sorrir, despertando a curiosidade dele.
_O que foi?_ Indagou passando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.
_Essa posição é muito perturbadora._ Falei baixinho, tentando deixar minha voz sexy, o que não deu muito certo, era muito mais próximo de um gato engasgado.
_Gosto disso._ Sussurrou pressionando ainda mais o meu bumbum. O que me levou a loucura. Entretanto, precisávamos nos comportar, estávamos em público.
_Não é lugar._ Repreendi afastando meu corpo e levantando da rede, dei um beijo em seus lábios, Arthur me olhava com o sorriso de lado mais safado e perfeito do mundo. Como era difícil dizer não àquele homem. Todavia, meu gesto encerrou a conversa, fui para o quarto e meu futuro marido continuou onde estava.
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361° As Faces De Aurora
RomansaVocê já olhou para o céu e percebeu a sua insignificância hoje? Eu sim. É estranhamente inquietante saber que sou apenas um ponto em vasto e desconhecido universo. E se eu for apenas uma bactéria, o universo um corpo e a terra não passar de uma...