Capítulo 1 Devaneios

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Sabe quando você conhece alguém e todos os seus sentidos dizem que aquela é a ¨pessoa certa¨pra você? Eu estou nesse exato momento da minha vida. 

Já gostei de outros caras antes. Mas nada comparado com o que eu sinto agora. Dá ultima vez, eu passei 3 anos num relacionamento enrolado. Tipica amizade colorida. Culpa dessa era digital na verdade. Você passa horas do seu dia conversando com uma determinada pessoa e depois de um tempo começa a gostar daquela atenção. Começa a se perguntar se aquela pessoa também gosta de você, mas nenhum dos dois toma iniciativa, com medo de perder a amizade. Mas depois a amizade acaba do mesmo jeito e você se da conta que nem gostava daquela pessoa tanto assim.

Eu já passei por isso. Mas agora parece tão diferente, tão verdadeiro. Mas como é possível ter certeza? Será que meus instintos estão certos? Eu errei da ultima vez, não errei? Ou foi só falta de tomar uma atitude? É isso, dessa vez eu vou tomar uma atitude. Vou acreditar nos meus instintos e ir atras do que eu quero.. . Mas como exatamente eu vou fazer isso? As perguntas são muitas, mas eu não estou achando nenhuma resposta.

Antes de continuar eu sinto que devo me apresentar corretamente. Meu nome é Mariana Torres Ferraz, tenho 23 anos e nenhuma ideia do que fazer da minha vida. Tenho dois irmãos mais velhos, Christian de 25 e Ricardo de 28. Nossos pais morreram num acidente quando eu tinha uns 10 anos. Quem terminou de nos criar foram meus tios, Isabel e Francisco. Assim como meus pais, eles vieram da Espanha pro Brasil logo após se casarem. Ah! Eu já contei que a tia Isabel é irmã do meu pai e o tio Francisco é irmão da minha mãe? Eles ficaram muito amigos nos anos que passaram num internato em Barcelona e acabaram casando entre si. Isso significa que eu, meus irmãos e meus primos temos os mesmos avós e o mesmo sobrenome. ¡Por Dios! Falando assim pode parecer embolado, mas vai por  mim, depois de um tempo você acostuma.

Por falar nos meus primos, nós crescemos todos juntos. Mesmo antes da morte dos meus pais, nós já eramos todos muito amigos. Então as vezes parece que nós somos todos irmãos . Fernando é o mais velho, ele tem 29 anos. Já as gêmeas, Victoría e Verônica, tem a minha idade. Nossas mães ficaram grávidas na mesma época, dizem que foi uma loucura. Uma grávida já não é fácil, imagina duas! Ainda tenho mais dois primos, filhos do irmão da minha mãe, e que também moram aqui no Brasil.  O Caio foi adotado ainda bebê, porque minha tia não conseguia engravidar. Depois de uns anos, ela ficou grávida do Guilherme, isso logo depois que eu nasci. 

Agora mais uma informação embolada... Quando a gente era criança, estudamos com a prima de sangue do Caio. Conclusão: ela também cresceu com a gente e é como se fosse da família. Na verdade pra mim é como se ela fosse minha irmã. O nome dela é Gaby. Com Y mesmo. Não posso esquecer esse detalhe porque ela fica brava. E foi graças a Gaby que eu conheci a minha ¨pessoa certa¨.  

O nome dele é Maurício, ele tem 25 anos, 1.80m, cabelos pretos e o sorriso mais lindo que eu já vi na vida. Más além disso, ele também é o ex da Gaby. É aí que a história se complica. Eles ficaram juntos uns 4 anos. Se conheceram numa viagem pro Sul junto com uns amigos. 

-Foi paixão a primeira vista. - Eles diziam.

Eles terminaram a alguns meses atrás, quando a Gaby conseguiu um emprego numa empresa na China. Ela sempre consegue o que quer. Mas também, ela parece uma modelo, dessas que a gente vê no Instagram. É alta, tem os cabelos compridos e pintados num lindo tom cobre, tem os olhos marcantes, um nariz perfeito e uma boca em que qualquer batom fica lindo. A única coisa que temos em comum é a altura. Porque fora isso não somos nada parecidas.

Eu tenho os cabelos loiros, quase brancos, parecidos com os da minha mãe. Tenho olhos azuis, mas que não chamam muito a atenção porque eu vivo olhando pra baixo. Um nariz que chega antes nos lugares, herança da minha avó italiana. Não sou o tipo de garota que chama atenção, nem que alguém vai se apaixonar de cara. Sou o tipo de garota que demora pra se acostumar com pessoas novas. Que fala muito e que acredita em tudo que dizem. Minha terapeuta diz que é porque eu perdi meus pais muito cedo e fui super protegida a vida toda. 

- Você precisa deixar de ser tão dependente da sua família. Tem que aprender a se virar sozinha e trabalhar pra ter seu próprio dinheiro. - É isso que a Dra. Solange me disse ha alguns meses.

Eu até tentei trabalhar. Mas depois de uns 10 dias trabalhando num ateliê eu desisti. Acho que não levo jeito pra trabalhar com artesanato. Fico me perguntando com o que eu me daria bem... Lembro que quando eu era criança, eu queria ser veterinária. Mas eu cresci e desisti pois não aguentaria ter que ver animaizinhos doentes todos os dias. Eu gosto de cantar, mas odeio ser o centro das atenções. Acho um máximo quem sabe exatamente o que quer fazer. No momento eu estou bem perdida. Queria ter meus pais aqui pra me orientar. Não gosto de pedir conselho pros meus tios. Parece que eles já tem tantas coisas pra resolver e tantos filhos e agregados.

*barulho de mensagem*

Abro o Whats. ..

Mensagem de Maurício:
¨Ei! Vamos tomar um sorvete. Hoje tive um dia daqueles. Tô precisando conversar com alguém¨.



Mariana Where stories live. Discover now