CAPÍTULO 07

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Dois meses passaram-se, e a dor que sinto em meu coração, devido aos últimos acontecimentos, só faz aumentar. E o sentimento de repulsa para com meu pai intensifica-se um pouco mais a cada dia.

Foram várias as tentativas de contato com John: através do celular, e-mail, e nada. Nem ele nem o Wagner dignaram-se a me responder.

Eu o perdi.

Assinei sua sentença de liberdade, no momento em que o deixei esperando naquele hotel. Talvez tenha sido melhor assim, pois não seria justo hoje mantê-lo preso nas grades escuras e frias que se transformaram as paredes do meu coração.

Perdi meu filho antes mesmo de tê-lo em meus braços, perdi minha mãe querida, e perdi o grande e único amor da minha vida.

Mas preciso continuar.

Hoje, darei início a segunda fase da minha vida.

— Papai!

— Filha, finalmente você saiu daquele quarto para me fazer companhia. Não aguentava mais vê-la isolada desse jeito, e seu desprezo está machucando o coração desse velho pai.

— Precisamos conversar. Tomei uma decisão muito importante e gostaria de comunicá-lo.

— Eu também tenho algo de extrema importância para falar com você.

— Não estou interessada em nada que diz respeito à fazenda ou a seus negócios, pai.

— Uma coisa tem tudo a ver com a outra, Koany, e principalmente com você.

— Não estou entendendo, papai. O que o senhor está tentando me dizer?

Ele passa as mãos pelos cabelos em um movimento de impaciência, para de frente para a grande janela da sala de estar, e começa seu discurso:

— Os negócios da fazenda vão de mal a pior minha filha. Estou enfrentando a fase mais complicada de todos os tempos na história do legado Vasconcellos. Tenho me desdobrado para contornar a situação, tentando manter nosso patrimônio intacto. Mas não tem sido nada fácil. Já faz algum tempo que venho fazendo empréstimos altíssimos para manter tudo em ordem até que a situação se resolva.

— Já disse que seus negócios não me interessam, papai. Nunca foi da minha vontade assumir as fazendas e muito menos cursar administração.

— Talvez não seja preciso que você assuma, seu futuro marido o fará em seu lugar.

— O quê? Está ficando louco, papai? Eu não sei de casamento nenhum.

— Pois agora você saberá. O agiota que vem me tirando do sufoco é Anselmo Andrade, ele é um ex-banqueiro que agora ganha a vida emprestando dinheiro a terceiros. Você o conheceu aqui durante aquele jantar no outro dia.

— E o que eu tenho a ver com aquele homem papai? A forma com que ele me encarou durante todo o jantar me deixou com um frio na espinha. Não fui com a cara daquele sujeito, pai.

— Pois o filho de uma puta está me ameaçando, e acha que eu não terei como pagá-lo. Na verdade, não vejo como fazê-lo sem que fiquemos praticamente sem nada. Mas como um bom homem de negócios que ele é, ofereceu-me uma saída, uma proposta irrecusável. E é aí que você entra.

— Explique-se melhor, papai, continuo sem entender nada.

— Ele quer você, Koany! Ele quer um casamento entre vocês e, em troca, ele deixa o dinheiro da dívida como um investimento, tornando-se meu sócio. E como tem a partilha pela morte de sua mãe, ele administrará também a sua parte da herança. Por um lado, achei até bom, você é minha única filha e eu odiaria entregá-la a um inconsequente qualquer. O Anselmo é um homem de negócios. Já que você não tem interesse algum pelo patrimônio de nossa família, ele saberá cuidar de tudo, e também de você.

Uma paixão sem limites (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora