Capítulo 6

1.2K 151 33
                                    


Capítulo 6

A mente estava a mil lembrando das peças do último sonho e pensando no quanto aquilo tinha estragado com qualquer chance da sua segunda-feira se tornar um dia bom. Não tinha dormido quase nada, acordara por volta das três da manhã e, como sempre, correra seus habituais sete quilómetros antes de entrar no seu ritual habitual pré-trabalho. A única coisa diferente daquela segunda era estar cercado de telefone tentando decidir qual deles mandaria para Melissa.

Encarou o vendedor de forma inexpressiva. Não lembrava da última vez que comprara um celular. O seu tinha há três anos e fora Thereza que comprara por ele. Começou a cogitar a possibilidade de se retirar e pedir para que ela fizesse a compra depois.

— Senhor, já decidiu o modelo? — o vendedor o trouxe de volta a realidade.
Vaughn colocou as mãos no bolso e relaxou os ombros.

Não conhecia Melissa o suficiente e não sabia do que poderia gostar, porém, lembrava que o celular partido não era de um modelo recente. Focou sua atenção aos últimos lançamentos de todas as marcas que ali tinha.

— Não, mas pode dar aquele — apontou com o queixo para o celular em tom verde pálido.

— Ótima escolha senhor, o iphone é uma marca boa. E esse é o lançamento deste ano. — Já tinha ouvido falar do celular e sinceramente não entendia a popularidade, mas também não gastaria tempo se questionando tal coisa. — Temos capas protetoras — o jovem acrescentou.

— Coloque algo feminino apenas — retrucou sem muito entusiasmo e foi pagar a fatura.

Ao retornar no carro deu o plástico a Saint com instruções claras de ir deixar na casa de Melissa, pessoalmente.
O motorista acenou entendendo o pedido, incomum, porém, não era ninguém para julgar. Seu chefe era um homem de rotinas então algo assim o chocava de varias formas. Antes de partir pegou o celular e digitou uma mensagem rápida para Thereza informando o sucedido, mas claro excluindo detalhes de ter visto Melissa sair do apartamento do patrão e todo trajeto que fizeram na tarde do domingo.

Ele olhou pelo retrovisor antes de fechar a divisória e responder mais uma mensagem de Thereza. Não riu do pedido dela como gostaria, contudo, concordou.

— Senhor, chegamos — informou, neutro, como sempre.

— Obrigado.

Vaughn desceu e acompanhado de alguns seguranças pôs-se no elevador chegando logo ao seu andar presidencial. Thereza o recebeu com um sorriso largo.

— Saint contou-me que comprou um celular — Thereza invadiu a sala do chefe, minutos depois dele entrar. — Não quero ser intrometida, mas um buquê de flores acompanhado de um cartão não seria nada mal.

— Isto é para você — Vaughn ignorou o comentário da secretaria e lhe passou os papéis em que trabalhou após deixar sua convidada ontem. — E peço os que tem para mim. — Thereza entregou os que trazia.

— O que quer que mande escrever no cartão? — Ignorou a vontade do chefe de não falar sobre isso. — Rosas podem ser uma boa opção de flores.

— Uma reunião com o RH ao meio dia, informe —colocou a atenção na tela do computador. Pela fresta do olhar viu sua secretária digitar algo e depois o encarar, porém não retribuiu.

— Adora me torturar, não é?

— Não sei do que fala — curvou os lábios num sorriso divertido. Que culpa ele tinha se ela e seu motorista tinham um tipo de relacionamento em que gostavam de fofocar e conspirar sobre sua vida.

— Claro que não sabe — revirou os olhos, — eu vou mandar rosas, agora se não se importa tenho aquelas reuniões chatas por te representar.

— Obrigado — Vaughn deu um sorriso torto ao sentir o desgosto na fala de Thereza. Geralmente passava para ela todas as reuniões que considerava aborrecidas, com sócios e clientes que tinham expectativas ao limite e queriam acordos difíceis de serem firmados.

Cacofonia [EDITANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora