T104 - A Noite É Uma Criança

Prologo

                      Kelly estava caminhando pela Thorne St. uns minutos assim que saiu da Blue Dive, segurando um par de sacolas com roupas, em direção ao metrô.  O tempo estaria ótimo se eu pudesse ir a praia, ela olhou para o céu claro escondendo um rosto franzido. Eu poderia ver que ela não gostou de ter saído de casa, quando ela poderia estar assistindo a uma maratona de séries ou filmes na Netflix ou dormindo com o seu namorado. 

                        Ela conheceu o Michael no começo de abril, quando estava 'averiguando' seu Facebook e começaram a conversar até escurecer. Desde o início ela o achou bem legal. Para uma pessoa que se apaixona rápido, seu primeiro encontro foi apenas semanas depois, quase no fim do mês. 

                         Certo... Onde parei mesmo? Ah! Ela entrou no metrô, indo para a plataforma T.  Quando ela chegou, já eram 09:05 da manhã e o trem tinha passado havia alguns minutos. Então ela sentou em um dos bancos para esperar a próxima partida.

- Que demora - suspirou, observando o movimento na plataforma. - Acho que não valeu a pena eu ter ficado lá naquela loja só para ver aquelas roupas caras.

                          A plataforma estava quase que completamente vazia. Só estava ela, uma mãe e uma criança de onze anos, que esteve quieta daquele momento até o trem chegar.

                          As portas do trem abriram e, assim que entrou, notou que estava vazio. Apenas um homem sentado em um dos bancos do meio, próximo da janela. Evitando contato visual, sentou no primeiro banco à sua frente. E o trem seguiu normalmente.

                          Estava tudo tranquilo para a jovem Kelly, quando, atravessando a rodovia Schweiz a caminho da estação 2, o trem para. Por completo: sem luzes, sem energia. A partir de alguns segundos, ela começa a surtar.

- O que aconteceu? - olhando para os lados, pela janela, sem entender o que acabou de acontecer. - Não, não! Não pode ser! Estou sozinha, presa nessa porra de trem? Não, não, me diga que estou dormindo! 

                          Nenhum sinal do motorista. Silêncio total. Apenas a visão da cidade pela janela e... a mãe e a criança? Onde é que eles estariam? Quando, há alguns minutos atrás, estavam lhe fazendo companhia. 

                           Por um momento, quando lança seu olhar para o lado, se depara com a mãe e a criança, ambos de pé com um olhar franzido. Seus olhos eram negros, ela pôde perceber. E apontaram-lhe o dedo.

- Você não deveria estar aqui! - disse a mãe em voz alta, como se estivesse dando uma sermão.

- A mamãe está certa, você deve ir embora! Agora! Ela não gosta de empecilhos como você! - disse a criança em voz alta, como se estivesse dando um conselho. 

                            Depois que disseram isso, desapareceram. Ela ainda pensa que está dormindo.

                            Tudo fica escuro no trem. E sussurros começam a soar no meio daquela escuridão.

- Kelly... - a voz que parece ser da mãe daquela criança. - Kelly... 

- Quem está aí? - gritou.

                             Você consegue ouvir o vidro da janela se arranhando? Não, não consegue. Mas ela, sim, e não está gostando nada disso. Ela está morrendo de medo por dentro.

- Olha, se tem mais uma no nosso mundo... - o homem sussurra, querendo rir.

- Quem é você? Não tenho medo de você!