O encontro

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Noah

Eu lembro como se fosse hoje. O dia em que conheci Henry, meu melhor amigo. Ele sempre foi do tipo brincalhão e descontraído , e foi justamente por uma brincadeira sua que nos conhecemos. Ele estava sempre la, para o que der ou vier. As vezes eu me pego pensando o porque dele ser meu amigo, a maioria das pessoas não gostaria de ser amigo de um mudo, mas ele não parecia ligar pra isso.

- terra chamando noah, repito, terra chamando noah!- henry chamou minha atenção estalando os dedos na frente do meu rosto

Eu olhei para ele descontraído, o seu sorriso fácil e gentil era algo incrível , certamente algo que o faz ser o cara popular , como esse cara ainda não tinha namorada?

- vai me ajudar ou não noah?- ele perguntou meio aborrecido pela minha distração

Balancei a cabeça confirmando. O que ele me pedia era algo simples, fazer uma carta de agradecimento. Ele estava ingressando no ramo de comediante , era um iniciante ate o momento. Um bar que tinha certa quantidade de clientes o aceitou para um show , e ele queria fazer uma carta de agradecimento.

- sabe que não sou bom em escrever nada que não tenha a ver com piadas , preciso que você me ajude- ele disse quase implorando

Acendi para ele pegando o papel e começando a escrever. Ele me observou escrever, hora e outra eu dava uma pausa para pensar. Enquanto isso , ele fazia outro pedido de batatas fritas, já era o terceiro. A garçonete jovem e bonita , aproveitava toda vez que Henry chamava para dar encima dele, e ele nem percebia, o que estava deixando a moça frustrada

Ele com certeza era meio cabeça de vento na maior parte das vezes, assim como todas as outras pessoas, não olhava o seu redor. Na verdade , ele era pior que as outras pessoas, se tem alguem que não percebe as coisas que estão no ar, como um ambiente hostil ou algo tipo , era henry. Mas quando percebia sempre tentava apaziguar a situação , seja tendo uma conversa sensata ou fazendo piadas para quebrar o gelo. Isso era o que o tornava alguém incrível e especial. Sua bondade e carisma

- terminou?- ele perguntou assim que deixei a caneta cair sobre a mesa.

Confirmei lhe entregando o papel. Enquanto ele lia, resolvi olhar ao meu redor. Avia somente mais duas pessoas na lanchonete , afinal quem iria para uma lanchonete as três da tarde de um sábado ?, Um deles era um garoto comendo um hambúrguer ,provavelmente um estudante do ensino médio, porque será que ele estava sozinho ?, A outra pessoa era a garçonete que não parava de olhar para henry de relance, provavelmente esperando que ele a chamasse para tentar algo de novo

- cara , isso ficou sensacional- henry exaltou, me fazendo voltar a atenção a ele- sério, quando o assunto são palavras, você é o cara- ele disse sorrindo ,e me fazendo sorrir junto

- vou a uma festa hoJe a noite , quer ir?- perguntou me pegando de surpresa

Ele geralmente não me convidava para esse tipo de coisa, porque sabia que não era minha praia.

- a vamos lá, vai ser legal, você nunca sai comigo- ele disse fazendo uma falça careta de tristeza

Eu pensei por um momento, eventos assim não faziam meu tipo. Quando se vai a lugares assim , as pessoas tentam socializar com você, mas então quando descobrem que sou mudo ficam sem graça e mudam de atitude, fazendo parecer que tenho algum retardo mental ou algo do tipo. Odeio isso

Estava pronto para negar quando Henry me interrompe

- a vamos lá- ele repete- só dessa vez, pode ir pra casa se não curtir, só vamos tentar festejar um pouco

" só dessa vez, e se não gostar, vou pra casa"

Escrevo em meu caderno , fazendo o sorriso de Henry se abrir.

O Silêncio Das PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora