Capítulo 37

1.2K 117 0
                                    

                                                                       ARTHUR 

Quando a manhã seguinte surgiu, eu não queria sair de casa, não queria sair da cama, queria apenas ficar com Lídia. Sua revelação da madrugada havia me atingido como um chute no saco e eu estava realmente baqueado. Porém, eu não podia ficar ali, eu precisava extravasar tudo o que eu estava sentindo e não poderia ser ali. Cheguei ao escritório um pouco mais cedo do que de costume, não cumprimentei minha sorridente secretária como sempre fazia, apenas me aproximei e em um tom mais ríspido do que eu planejava, falei:

- Não quero ninguém me interrompendo hoje, desmarque qualquer coisa que eu tiver - e com isso caminhei para meu escritório. Vitória me olhou de uma maneira esquisita e eu não me surpreendi, eu sabia como estava minha aparência. 

As sombras negras sob meus olhos eram evidências da noite mal dormida, aliás, depois da conversa que tivemos, apenas coloquei Lídia na cama e não consegui pregar os olhos novamente. Sentei-me em minha cadeira atrás da mesa negra perto da ampla janela e tentei relaxar, acalmar os meus nervos, mas era algo praticamente impossível.

Eu me esforcei bastante para ser forte para Lídia, não querendo lhe causar mais aflição do que a que ela estava sentindo, mas agora eu estava desmoronando. E se realmente acontecesse alguma complicação? E se a doença já tivesse se espalhado e não fora detectada? Não vi o momento em que passei o braço sobre a mesa, derrubando tudo que havia sobre ela no chão, uma bagunça de papéis, calculadora e até um pequeno abajur de escritório. 

Me levantei, não conseguindo permanecer parado e quebrei uma cadeira na parede, urrando. Merda. Joguei os restos mortais do objeto em um canto, passei os dedos por meus cabelos e desatei o nó da gravata, que parecia estar me sufocando. Bati o punho na mesa e rosnei.

- Redecorando o escritório? - perguntou Nick, entrando sem bater. 

- Saia! - gritei em alemão e começamos a falar em nosso idioma nativo, algo que fazíamos muito quando haviam pessoas por perto e não queríamos que entendessem. 

- O que diabos você está fazendo? - ele perguntou, torcendo o nariz.

- Não é da sua maldita conta.

- Se o meu irmão mais novo, sempre divertido e relaxado, está surtando, é da minha maldita conta.

Me sentei no chão, os cotovelos em minhas coxas e a cabeça entre minhas mãos.

- É Lídia - resmunguei e Nick sentou-se ao meu lado, cruzando as pernas como um índio. 

- O que tem a Lídia?

- Prometa que não contará nada para Anne. 

- Arthur, não posso omitir nada de Anne, prometemos isso um ao outro.

- Então apenas esqueça e saia daqui - resmunguei - eu quero ficar sozinho. 

- Você vai acabar se machucando aqui - ficamos em silêncio durante um longo tempo e eu podia sentir as olhadas de esguelhas que Nick estava me dando - apenas me conte. 

Eu queria manda-lo para o inferno, mas preferi manter-me em silêncio. Entretanto, eu queria dizer isso para ele, desabafar com meu irmão mais velho. Quando éramos mais jovens, Nicholas sempre sabia quando havia algo me incomodando, quando eu precisava conversar e ele não saía do meu lado enquanto eu não abrisse a boca. E apenas olhando para ele, nós dois homens feitos, eu sabia que ele seria um chute na bunda que ficaria ali o dia inteiro se fosse preciso; porém, eu não abriria a boca. 

- Não vou falar nada para Anne - ele cedeu com um suspiro e eu sabia o quanto estava sendo difícil para ele. 

- Talvez eu não deva falar, não quero te colocar nessa situação.

ღ Conquistando um SullivanWhere stories live. Discover now