Capitulo 7

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POV Zayn

O som da música alta que vinha do andar de baixo foi desaparecendo aos poucos dando lugar ao choro da Eve. Eu devia dizer alguma coisa ou fazer algo que pudesse melhorar o seu estado de espirito mas sinceramente não sabia o quê. Nunca tive muito jeito para consolar as pessoas, principalmente alguém que tem receio de mim.

A minha t-shirt começou a ficar húmida na zona em que ela estava encostada com a cara. Mas não me importei mesmo sabendo que depois iria ficar com marcas de maquilhagem da Eve. Ela apertou-me ainda mais contra ela como se tivesse medo de desaparecer. Retribuí aquela força e inconscientemente a minha mão direita começou a movimentar-se de cima para baixo ao longo das suas costas.

Encostei a minha cabeça no topo da dela e o cheiro do cabelo dela inebriou-me por completo. Era suave e fresco, como se me preenchesse. Isto era possível? Sinto-me como se tivesse sido atropelado por um camião e tudo está a acontecer com demasiada intensidade.

Pareceu uma verdadeira eternidade até ela se acalmar. Relutantemente senti-a a afastar-se de mim deixando o meu abraço. Os olhos dela estavam agora vermelhos e a maquilhagem preta descia pela face por causa das lágrimas. Deixei escapar o ar que estrava preso em mim. Sinceramente nem me tinha apercebido que estava a conter a respiração.

Levantei-me um pouco para procurar um lenço ou algo parecido dentro dos meus bolsos mas só tinha o maço de tabaco, o isqueiro, o telemóvel, a carteira e as chaves da minha mota e de casa. Porque raio trouxe as chaves da mota se nem vim nela e não trouxe um lenço?

“Tenho a cara toda esborratada, certo?” Um pequeno sorriso apareceu no seu rosto e imediatamente fiquei feliz. Eu gosto dela a sorrir. Ela tirou um lenço da pequena mala que trazia consigo e limpou o nariz.

“Um pouco…” respondi sinceramente mas também com um sorriso. Não queria que ela achasse que era um insensível embora já tenha sido. Essa é a parte que quero mudar em mim.

“Ainda pior do que está a tua camisola?” Olhei para baixo vendo a t-shirt. Sinceramente não me importava com as manchas pretas de rímel que se encontravam espalhadas pela minha t-shirt vermelha. Talvez por ser vermelha que as manchas não se notavam assim tanto mas mesmo que fosse branca não me importaria à mesma.

“Por incrível que pareça, sim.” A Eve estava a rir-se e abençoei-me mentalmente por estar a fazê-la rir. Ela devia estar a passar por um mau bocado e a última coisa que queria era que a minha presença fosse prejudicar o seu estado de espirito ainda mais.

“Para a próxima vez ponho maquilhagem à prova de água!” Ela disse de forma convicta. Fiquei por segundos preso às palavras ‘próxima vez’. Haverá uma próxima vez? Bem a julgar pelos nossos encontros até agora, amanhã encontramos a almoçar no mesmo sítio.

“Para a próxima vamos tentar que não chores, ok?” respondi quando deixei os meus pensamentos de lado.

“Espero que sim…” Imediatamente como pura magia o olhar dela entristeceu. Sou mesmo estúpido. Porque é que tinha que voltar a falar no assunto? Quando ia abrir a boca para falar ela interrompeu-me. “Desculpa e obrigada.”

“Agora fiquei confuso…” não sabia o porquê de me estar a desculpar e a agradecer.

“Desculpa o estrago que deixei na tua camisola e obrigado por teres aturado a minha crise de choro.” Ela explicou timidamente. Não sei porquê mas gostava da forma como ela parecia que se escondia atrás dos olhos. Dava-lhe um ar incrivelmente irresistível.

“Não precisas de pedir desculpas nem agradecer, era o mínimo que podia fazer.” Respondi praticamente no mesmo instante em que algo brilhou na pequena mala da Eve.

Fear || z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora