Nunca Saímos De Moda

  É meia noite, já faz tanto tempo que meu sono se quebrou que nem sinto os olhos pesarem. Apenas continuo sentada em meu sofá esperando que estacione seu carro em frente da minha casa.
  Você, como de costume, aparece dando três batidinhas na porta em momentos como esse.
Sempre usando uma maldita camiseta branca. Sempre deixando alguns botões abertos, o cabelo penteado para trás e esse teu riso galanteador.
E eu sempre abro, com essa fé de boa moça e  meus clássicos lábios vermelhos que você tanto gosta.
  É que você carrega esse tipo de sonho no olhar, que me faz querer adormecer em seus braços.
E nós dois sabemos que no fim nada funciona, mas é como se nunca saíssemos de moda.
  Mesmo que eu tenha tido notícias de você com outra garota, e que você a levou para passear com os vidros baixos e faróis apagados.
Exatamente como faz comigo.
  Porque eu sei que você gosta da brisa marítima contra a sua pele, e de poder se misturar junto das sombras da noite.
Mas eu não me importo, porque você sabe quando encontra uma tendência, e ela te prende.
  Você gosta de enrolar os dedos em meus cabelos, e eu amo inalar o seu perfume. Talvez tenhamos sido feitos para ser assim. E eu vou continuar abrindo a porta. Porque eu sei que você vai continuar tocando a campainha.

E você sabe que nós nunca saímos de moda.