Hoje não era um dia bom, lembranças fizeram questão de perturbar. Porém, aquele dia era o único que permitia seu domínio.
Estava por olhar a imensa janela do refeitório, no mesmo lugar de habitual, com as mesmas pessoas, bebericando o mesmo chá costumeiro que não parecia o mesmo de sempre, entretanto o preparo tinha sido o mesmo.
Não conseguia entender, ou melhor, não gostaria de admitir que a verdadeira culpada de tudo era minhas emoções à flor da pele.
Todos ao meu redor sabiam o significado desse dia em minha vida, por isso fizeram questão de manter uma distância segura, até mesmo a Hanji se manteve no seu devido lugar e não ousou em me perturbar uma vez se quer.
O clima estava gélido e a chuva despencava do lado de fora fortemente, relâmpagos iluminavam o céu escuro e isso só conseguiu fazer o meu humor piorar mais do que já estava.
Me mexo desconfortável na cadeira quando uma lembrança sem nenhum aviso prévio me invadiu ao observar os pingos ao fazerem desenhos diante aquela imensa janela.
"Ela amava a chuva", digo em meus pensamentos. Dou um sorriso ao me lembrar dos momentos em ela corria pela chuva como uma criança e ficava há me provocar, eu amava aquelas provocações.
Fecho os olhos e me deixou levar para aquele tempo, aonde ela ainda estaria viva.
***
Alguns anos atrás...
Chovia timidamente, pessoas corriam para se abrigar em suas casas, com o intuito de se aquecer. Eu normalmente faria o mesmo para evitar algum resfriado.
Entretanto estava nesse exato momento a correr atrás daquela pirralha insolente, enquanto a mesma fazia caretas zombando da minha pessoa.
Quem visse de longe pensaria estávamos a brincar de pega-pega ou éramos tolos por continuarmos na chuva, de fato éramos mesmo.
Numa escala de puto, estava no meu auge. Ela havia me empurrado em uma poça de lama e ainda tinha feito uma cara dissimulada ao me estendendo a mão no intuito de me ajudar. Só consegui sorrir diante sua atitude, pelo reflexo dos seus olhos me fazia parecer um maníaco pronto ao ataque.
Sentia repulsa daquela lama grudenta em contato direto com a minha pele, nojo puro era o que definia. Não sou fresco, só não me sinto confortável em meia tanta lama. Tentei tirar o grosso com as mãos mas só fez a situação piorar.
Maldita pirralha. Filha da puta. Bastarda. Desgraçada. Garota sem noção. Miserável. Lamentável. Verme rastejante.
Eu estava puto demais.
Todos conheciam minha tolerância com a sujeira e aquilo foi a gota d'água. O mundo parecia ter parado, tudo começou a correr em câmera lenta enquanto levantava e a mesma se posicionava para sair dali o mais rápido possível, como se sua vida dependesse disso. De fato dependeria.
ー Le-levizinho, se acalーsua frase não conseguiu ser finalizada. A mesma corria ferozmente tentando escapar de mim, avancei raivoso pronto para fazê-la engolir toda aquela lama.
Estava borbulhando de ódio, só conseguia pensar em uma coisa "ela vai pagar".
Entre escorregões e tombos de ambas as partes, nenhum dava sinal de desistência. Para a minha infelicidade a desgraçada era rápida, mas não tanto quando eu.
Depois de muito tempo eu consegui captura-lá e derruba-lá em uma enorme poça com um simples puxão em suas pernas quando tentou me desferir um chute.
O tombo foi certeiro, meu humor mudou na hora. Bem feito.
Seus olhos estavam arregalados e sua expressão era de puro choque ao me olhar de cima.
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Minha Garota [Levi Ackerman]
General FictionーAcho que a minha fita vermelha está ligada há você...ー olheia incrédulo e a mesma continuava com os olhos fechados. ーPor que isso do nada? Não conseguia assimilar aquela informação inesperada. Que porra era aquela? Eu sabia que lenda era aquela, d...