Capítulo II

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Capitulo II

Cheguei ao portão, abri e respirei fundo, "controle-se, controle-se."- ouvi uma voz no fundo da minha mente, meus olhos já estavam embaçando, passei pelo portão e não me virei, a medida que fui caminhando as lagrimas iam caindo, me dei conta apenas quando cheguei em casa, aí percebi que havia entrado e estava sentada no sofá. Como? Não sei! Estava tão longe pensando em tanta coisa, que fui usada, me iludi por alguém, esperei demais dele, quis que ele se tornasse meu centro, meu universo, mas não, Eduardo não mais fazia parte do meu universo. Suas palavras ecoavam no meu cérebro "não posso, simplesmente não posso porra" – ele gritando comigo foi o fim, ele não merecia uma lagrima minha. Tão contido, ele precisava de uma fuga e explodiu em mim. Ele não aguentou a pressão e como ele conseguia viver em seu mundinho? Devido ao seu super controle? Ele era uma bomba atômica, debaixo da sua mascara de um homem poderoso, das coisas sofisticadas e caras, do seu gosto exótico ele era apenas mais um como eu, alguém marcado por um passado sombrio, assustador. Mas afinal, o que ele não podia me contar que era tão grave assim? Pior do que aconteceu comigo? Não tinha ideia por onde começar a pensar a respeito do seu passado e a mim pouco interessava depois de hoje, um dia pra esquecer, mas como? O sexo envolvente, as amarras, a venda, as palmadas. Era de mais. Não tinha como esquecer! Os orgasmos! A forma como ele me conduzia ao seu mundo e a confiança que eu já havia depositado nele. Inúmeras, as horas em que pra mim não foram sexo, não da forma como ele me conduzia, não como ele me cuidava, não como ele me envolvia... Chorei, não era possível ele ter feito isso comigo, depois te tudo o que aconteceu? Como ele podia ter feito isso comigo? Desgraçado! Eu estava com muita raiva, me senti suja, usada, meu choro era aos soluços, eu não entendia, como fui idiota!

Depois do que me pareceu ser uma eternidade eu decidi tomar banho e apagar da memória o que havíamos vivido, mas quando senti a água quente percorrendo meu corpo, era como se suas mãos percorressem minha pele, era tudo muito intenso e familiar. Chorei de mais, quando sai do banheiro, vestindo meu roupão e uma toalha envolta nos meus cabelos, vi Elisa sentada na minha cama me esperando. Ela apenas pôs o dedo indicador na boca e eu deitei com cabeça nas coxas dela e sentei no chão sobre um tapete lilás e chorei. Meus olhos estavam gordinhos de tanto chorar. Como ela sabia? Ela entendeu meu olhar e me mostrou a mensagem que Eduardo mandou à ela: 

***Esta tudo acabado entre nós, não posso ser quem Juliana deseja, não sou suficiente pra ela. Apenas cuide dela por mim. Eduardo.***

Ao ler a mensagem o choro tornou-se compulsivo. Chorei... Não tinha mais forças para me mexer, me senti usada, traída e estava ferida, eu tinha que parar de chorar ou iria me afogar com meu próprio choro. Eu estava exausta. Lisy não disse nem uma só palavra, apenas ficou ali, esperando eu me acalmar, depois de um bom tempo que eu já havia me acalmado, ela continuava a passar a mão na minha cabeça na tentativa de diminuir meu sofrimento.

- Primeiro quero agradecer pelo presente, saiba que amei. E também obrigada desde sempre.

- Não precisa agradecer por nada, você sabe como eu fico triste quando você esta triste...

- Eu sei, mas foi exatamente o que eu não queria... Acabei me machucando e... O pior disso é que eu sinto por ele algo diferente do que pelo Will, é como se eu contasse os segundos para vê-lo, para que eu possa sentir seus cabelos macios e densos em minhas mãos de novo... É tão diferente Lisy. – estava contendo meu choro, minha voz falhava, estava roca, nada apropriado para uma dama.

- Ju amada, é triste eu sei e... Vai passar sabe... Vai doer muito, mas vai passar, eu vou pedir uma pizza pra gente e enquanto isso eu seco seu cabelo...

 - Eu não tenho fome. – disse cortando ela

- Mas você vai comer, vamos pedir a pizza que você adora. -  eu sacudi a cabeça negativamente à ela. –Você vai comer, faz tempo que você não come.

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