Nathaniel Hayes.
A noite havia acabado de cair, as estrelas brilhavam no céu, enquanto o vento frio me dava a impressão de que eu iria congelar à qualquer momento.
O engraçado é que eu já sou acostumado, basicamente todas as minhas noites são assim enquanto eu volto do trabalho. Não costumo me divertir, mal tenho amigos por aqui. E por mais que seja assim, eu vou sentir falta quando for pra faculdade e esse dia está perto, perto o bastante para a maioria das minhas coisas já estarem encaixotadas.
Eu não estou preparado, ainda mais por não ser uma pessoa tão sociável, eu sou do tipo que escuta mais do que diz e por um lado isso é bom.
Ao chegar em casa me deparei com o meu pai na cozinha, o jantar já estava na mesa e ele me esperava sorridente. Molly, minha irmã caçula, correu para me abraçar como sempre fazia e eu sorri largando minha mochila no sofá.
— Um banquete? O que tem de tão especial? — Perguntei e ele sorriu.
— Amanhã você vai para faculdade e isso é motivo pra se comemorar, não acha?
— Comemorar o fato de que eu não vou estar mais aqui pra te tirar do sério? — Respondi em meio à risos enquanto me aproximava da pia para lavar as mãos.
— Como você adivinhou? — Fingiu indignação.
Gargalhamos e nós três nos sentamos para comer, conversamos sobre diversas coisas e, sem dúvidas, isso seria o que eu mais sentiria falta.
Eles são tudo o que eu tenho e eu não sei se aguentaria ficar longe por tanto tempo.
As horas passaram voando, desde o momento em que cheguei em casa, parecia que tudo estava conspirando para minha ida até a faculdade, talvez porque eu não quisesse ir, mas depois de tanto esforço do meu pai para me dar o melhor, aquilo seria o mínimo e eu estava disposto a fazer.
O dia amanheceu e o despertador tocou, meus olhos já estavam abertos e focados no teto de madeira, porém os meus pensamentos estavam bem longe dali.
Respirei fundo e me levantei, em passos lentos caminhei até o banheiro, me encarei no espelho por alguns segundos e balancei a cabeça.
Tomei um banho quente e ao sair enrolei a toalha em minha cintura. Assim que voltei para o meu quarto me assustei com Valerie jogada em minha cama bagunçada, ela gargalhou ao notar minha reação.
— Você sabe que se continuar fazendo essas coisas vai me matar do coração né, garota? — Perguntei a encarando e ela gargalhou.
— Blá-blá-blá, você vai pra faculdade e nem vai lembrar de mim, então estará fora de risco... ou não — A garota semi-serrou os olhos e dessa vez quem riu foi eu.
— Nós nos falaremos todos os dias e eu prometo te contar o quanto meus dias serão incríveis — Ironizei.
— Senti esse tom de ironia na sua voz, porque não acredita que realmente poderá ser legal? Cara, já pensou se você conhece o amor da sua vida lá?
— Ok, Valerie. Deixa eu me trocar — Disse abrindo uma das portas do guarda roupa.
— Você é um bobo — Ela jogou meu travesseiro em mim e se levantou — A vida ainda vai te surpreender, por isso eu vivo te preparando com esses sustos diários — Disse ela dando um tapa na minha bunda coberta pela toalha e eu a olhei indignado — Estarei te esperando lá embaixo.
Sacudi minha cabeça com um riso frouxo nos lábios.
Valerie é a pessoa mais hilária que eu já conheci, além de ser dona de uma beleza única, seus olhos redondos e castanhos, combinam perfeitamente com a sua pele bronzeada e seus cabelos dourados. Ela me faz rir como ninguém, não é à toa que é minha melhor amiga desde o jardim de infância. Sempre fizemos tudo juntos e o fato da faculdade nos separar, me deixa ainda mais angustiado, porém sei o quanto ela torce por mim e eu não quero decepciona-lá, isso seria a pior coisa que eu faria em toda a minha vida.
Terminei de me arrumar e aproveitei para acabar de ajeitar as coisas em minha mochila, coloquei a mesma em meus ombros e apanhei meu violão que ficava no canto do quarto que, eu olhei por pequenos segundos antes de me retirar.
Desci as escadas, me deparando com meu pai, minha irmã e Valerie me olhando orgulhosos. Molly já estava cheia de lágrimas nos olhos e aquilo me partia o coração.
— Bom, acho que estou pronto — Disse com um sorriso de canto.
— Não vai comer nada? — Perguntou meu pai se aproximando e eu neguei com a cabeça — Eu sabia, foi por isso que passei na confeitaria e comprei Donnuts para viagem, caso fique com fome.
Ele me entregou e eu assenti.
— Obrigado, pai — Disse o abraçando e ele sussurrou que estava muito orgulhoso. Aquilo me encheu de coragem o que, de fato, eu precisava muito.
Nós caminhamos para fora e eles me ajudaram a terminar de colocar as coisas no carro.
— Tem certeza que não quer companhia até lá? — Perguntou Maia e eu assenti sorrindo.
— Se você for, vou querer muito que fique — Disse e ela fez um bico segurando o choro, logo seus braços se envolveram em meu pescoço, me apertando num abraço que sempre foi o meu maior Porto Seguro.
— Me ligue todos os dias. Te amo! — Choramingou e eu beijei sua testa.
Assim que larguei Valerie, olhei Molly e me ajoelhei ficando à sua altura, ela me abraçou e beijou minha bochecha.
— Promete pra mim que vai se comportar? — Perguntei sorrindo e ela afirmou com um aceno — Tá certo e eu prometo que quando eu voltar, nós iremos ter um dia todo juntos com muito chocolate, milkshakes e fritas, certo?
— Sim! — Ela deu um sorriso largo me abraçando novamente, beijei o topo de sua cabeça e me levantei.
Encarei meu pai e assim nós nos despedimos com mais um abraço apertado. Entrei no carro com o coração na palma da mão, mas eu devia isso à eles. Coloquei o cinto e suspirei ao dar partida no motor, os deixando para trás.
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Desde que te encontrei
Romance"Ela foi como um sopro de ar quente, eu me sentia seguro. Estar com ela, fazia com que cada partícula de mim se sentisse anestesiada, longe de toda e qualquer dor. Mas, eu fui burro, burro o bastante para acreditar que ela seria mesmo o meu anestési...