Da cor do meu céu

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O céu estava azul e sem nuvens, com aquele peculiar "céu de brigadeiro". Julia o observava com sua mente vazia, exceto pela percepção dos sons do mar.

—Desculpa. A senhora vai querer mais uma bebida? — perguntou o garçom.Julia deu um salto, estava tão absorvida naquela atmosfera, que não se deu conta que o rapaz estava se aproximando. 

—Não, obrigada, já vou me recolher.

Voltou a deitar, e a pensar, que sorte que estava tendo, foi transferida para a unidade da empresa na praia, ela que sempre morou no interior, finalmente poderia morar perto do mar, o sonho dela desde menina. Foi uma surpresa quando recebeu a notícia, tinha muitos profissionais com anos de carreira na empresa, escolheram ela que mal tinha acabado a faculdade. 

O processo para seleção foi longo, mesmo assim alimentava esperança de ser escolhida. Quando finalmente conseguiu, uma onda de expectativa e ansiedade tomaram conta dela, estar finalmente naquela praia lhe trazia uma satisfação que ela não podia explicar. Olhou o relógio já era final de tarde, e resolveu tomar um banho e fazer novas explorações no hotel que seria sua nova casa, pelo menos por enquanto.

Rumo as suas acomodações, estava a observar os jardins do hotel, era um grande prazer estar hospedada ali, ficar no hotel tinha sido a melhor escolha que ela poderia ter feito a experiência estava sendo fantástica, o jardim dava acesso a todas as dependências e também a praia, o que se via era muito esmero com os cuidados do jardim, com flores e árvores por todo lado, todos os quartos eram no estilo de bangalôs, que davam acesso aquele adorável e deslumbrante jardim.

Quando já estava quase chegando ao seu, em meio aos canteiros de gérberas coloridas, viu um homem alto, moreno, não era exatamente um homem bonito, tinha uma fisionomia um pouco triste, mas por algum motivo que ela desconhece, ficou ali a observar a cena que se desenrolava a sua frente.

Ele estava conversando com um dos funcionários, parecia dar algumas instruções sobre os cuidados de jardim, os olhos deles se encontraram por uma fração de segundo e nesse momento foi invadida por uma avalanche de emoções, sentiu um tremor nas pernas, o coração acelerado, como se o tempo tivesse ficado suspenso, uma coisa que não sabia explicar o que era, ficou um pouco confusa nunca teve atração só de olhar uma pessoa, mesmo assim continuou o seu caminho, procurando entender o que tinha acontecido.

O quarto era igualmente adorável, não que tivesse alguma coisa de nova na decoração, seguia a tendência de muitos quartos de hotel litorâneos, os tons marítimos, os móveis de fibras naturais, nada de novo, mas a atmosfera daquele lugar era inigualável.

As horas passaram rápido, Julia atribuía isso ao fato de estar feliz, era assim sempre que estava feliz, as horas passavam rápido. Estava decidida a conhecer melhor a cidade em que moraria, sairia para jantar e descobriria o que de bom a cidade tinha a lhe oferecer.

O restaurante do hotel era outra surpresa aos olhos de Julia, o teto de palha, as mesas redondas, aquilo lhe trazia um aconchego, como estava na baixa temporada não tinha muitos hóspedes. Um garçom simpático veio atendê la, encaminhou-a para uma mesa próxima as vidraças, assim poderia observar o mar enquanto estivesse fazendo sua refeição.

 Resolveu enquanto observava a noite que lá fora que se fazia vistosa, que não iria se preocupar com o dia de amanhã viveria cada coisa ao seu momento. E com esse sentimento que lhe acalentava o coração viveria os próximos dias, ouviu uma voz que lhe resgatou dos pensamentos otimistas que estava tendo.

—Boa Noite. Foi bem servida?

Quando ergueu seus olhos em direção a voz, quase engasgou com o pedaço de camarão que estava em sua boca, as suas bochechas ficaram rosadas, as pernas começaram a tremer de novo, o coração parecia que saltaria pela boca. Era ele o homem que tinha visto logo cedo. Demorou uns segundos para responder, devido a sua surpresa.

—Está tudo maravilhoso. — disse Julia acanhada.

—Que bom que está gostando. Meu nome é Fernando se precisar estarei as ordens.

 Tentando reagir a tudo o que estava passando pelo seu corpo, resolveu responder.

—Na verdade preciso, cheguei essa manhã, e gostaria de saber se tem algum lugar para tomar uma bebida, e ouvir uma boa música?

Fernando a fitou, como era bonita, a pele rosada, cabelos longos loiros, lhe dava um ar quase angelical.

—Sabe que estamos na baixa temporada, então não temos muita opções para os turistas, tem um Pub no centro da cidade que os moradores locais frequentam, música de boa qualidade, a melhor cerveja artesanal da região, acho que a senhora vai gostar. — respondeu Fernando olhando-a fixamente.

— Sim, é disso que estou precisando, pode me passar o endereço? — deu uma pausa e continuou.—Prazer eu sou a Julia. 

 —Vou para lá daqui uma hora, se quiser uma carona posso lhe levar. Como disse estamos na baixa temporada e como tem poucos hóspedes dispensamos o serviço de leva e traz.

Julia resolveu aceitar a carona, que mal teria conhecer melhor Fernando.

—Claro que sim, se não for gerar algum incômodo.

Ficaram combinados assim, eles iriam se encontrar no hall do hotel em uma hora. De volta ao quarto Julia ficou pensando em Fernando, ele tinha um ar triste, uma melancolia no olhar que lhe chamava atenção, pensou que ele não fazia exatamente o tipo de homem por quem ela se interessava, mas não podia negar a atração instantânea que sentiu por ele.

No carro a caminho do Pub, conversaram sobre passeios turísticos, dias de temporada tudo muito trivial. Ela ria o tempo todo, e se sentia um pouco infantil com essa atitude, mesmo assim não conseguia se conter. Como se alguma coisa a levasse a rir a toa, a voz dele era doce, e por vezes se pegou encarando a sua boca enquanto falava.

Ao chegarem ao Pub, Julia ficou entusiasmada, era um ambiente rústico, com enormes vidraças, algumas mesas altas em que as pessoas poderiam ficam de pé, um palco pequeno em um dos cantos e no final do salão tinha um bar, para onde Fernando estava a lhe encaminhar.

—Suzy, essa é minha amiga Julia, quero que cuide bem dela. — disse ele a moça que estava servindo o bar.

—Não vai ficar aqui? — perguntou Julia tentando disfarçar a decepção.

—Desculpa, estou aqui a trabalho, depois venho ver como você está. — disse ele já saindo apressado.

Ela olhou para a atendente, que logo em seguida perguntou o que ela gostaria de beber, resolveu por experimentar a cerveja artesanal,Julia observava o movimento, as pessoas naquele lugar tinham todas à pele dourada, olhou para si mesma e ficou se perguntando quanto tempo levaria para ficar com a cor das pessoas que moravam ali. Riu de si mesma, achou que a resposta só o tempo diria.

—A sua cerveja, então você é amiga do Fernando? — perguntou a atendente.

—Na verdade eu o conheci hoje, estou hospedada no Beach Hotel.

Julia achou estranho a pergunta da moça, mais não se prendeu aquilo, estava ali para se divertir. A noite foi animada, Julia fez amizade com algumas moças que estavam lá, três amigas, Amanda, Camila e Verônica todas moradoras da cidade, trocaram telefone e elas ficaram de mostrar a cidade para Julia, a afinidade foi instantânea entre as três, mas com Camila parecia que se conheciam a muito tempo. 

Cantaram as músicas com a banda de rock, se divertiram muito, até que Fernando apareceu, disse que retornaria para o hotel, mais que poderia deixar o número de um táxi para ela, Julia resolveu voltar com ele, tinha que levantar cedo no dia seguinte, se despediu de suas novas amigas com o coração repleto de alegria.

No caminho de volta conversaram sobre a banda, a cerveja, ele lhe contou que conhecia Camila desde menino, e que ela era uma ótima pessoa. Não falou dele, e Julia estava curiosa para saber mais dele, apesar de simpático, não falava sobre ele. Se despediram ele ficou de lhe enviar uns guias da cidade para que ela pudesse conhecer melhor, Julia lhe agradeceu muito e foi se recolher, o dia seguinte seria cheio.

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⏰ Última atualização: May 07, 2019 ⏰

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