Ser barista era fenomenal.
Ele pensou, enquanto a olhava no palco. Os movimentos da garota eram fluidos como os de um gato. Não, não um gato... uma nuvem. Os braços rodopiavam acima de sua cabeça e ao redor do corpo farto, envolvido por um vestido vermelho brilhoso e apertado. Por debaixo deste, havia um espartilho muito mais do que justo, que engolia a cintura da cantora e deixava as curvas perfeitas de seu ser infinitamente mais sensuais, ao ponto de fazer qualquer homem se apaixonar apenas pelo movimento de seus quadris.
"Gone... Today.
I might just see you around
It hurts but I understand
If you can't find another reason not to stay, yeah"Ela canta, a voz tão profunda e suspirada que parecia meramente um sussurro da noite. No entanto, era exatamente isso o que era, um murmúrio sensual e farsante pertencente à escuridão... os cabelos longos cor de fogo que cobriam quase que completamente um dos olhos e desciam em ondas até as ancas, o vestido cor de sangue e os lábios da mesma cor ajudavam a mostrar como aquela era a própria imagem do pecado. Um ser concernente ao sacrilégio da volúpia. Ainda assim, a libertinagem das ações se contrapunha à voz e rosto angelical, tornando-a uma visão antagônica.
"And while she's walking away... she says
That she can't change
for love
And she explains
How long she's waited for
She wanted more..."Os grandes olhos contornados de preto se abrem, revelando pupilas tão dilatadas que chegavam perto de tomar as íris verde-oliva. A sombra arroxeada tão bem aplicada que o barista sabia que causava inveja nas outras mulheres que performavam no local... mas todas elas sabiam que jamais poderiam superá-la, nem em um milhão de anos.
"And as these days
go by
They can't change
how long we've waited for
A love that's more..."Os olhos se cerram novamente, enquanto as mãos finas cobertas por luvas violáceas deslizam sobre sua cintura, os quadris novamente oscilando em um meneio sereno, quase fantasioso.
"... a love that's more."
O que a diferenciava das outras, além de toda a graciosidade, beleza e sensualidade, era que produzia as canções que cantava no palco. Ela se vangloriava de ter tocado pouquíssimas versões de músicas existentes em seus shows, e que sua voz tornava as composições melhores que as originais.
E ninguém tinha a irracionalidade de declarar que isto era uma mentira.
Essa era a última música antes do intervalo, o horário em que geralmente os homens se levantavam em manada para reabastecer seus copos de bebida. Nenhum deles ousava desviar seus olhos dela durante a apresentação, esta era uma blasfêmia entre os clientes e funcionários da segurança, portanto o trabalhador segue para a parte detrás do clube, onde se localizavam as bebidas, afim de reabastecer o bar.
Para a sorte dele, ela já estava ali.
"Parece que escapou rápido de seus fãs desta vez."
Proferiu, com um meio sorriso. Além da luz da lua, a única luminosidade vinha do pequeno ponto fumegante na ponta de seu cigarette holder, o qual ela carregava entre os lábios com um sorriso semelhante ao dele.
"Ou não. Parece que estou me encontrando com meu maior fã."
Diz, colocando o cigarro de lado e caminhando vagarosamente até o homem, como se não tivesse mais um show em apenas vinte minutos. Entretanto, os lábios se chocam com os seus rapidamente, um movimento muito oposto ao de seus passos. Mas o rapaz não a nega, apenas entreabre a mandíbula o suficiente para deixar sua língua passar e encontrar a da trovadora. Pega uma de suas coxas pela fenda no vestido e a leva para se enroscar em sua cintura, fazendo com que o jovem sentisse o salto fino espetar de leve a parte traseira de seu joelho.
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Drugstore Perfume | One Shot
FanfictionEla era uma cantora da noite. Vendia sua voz para quem quisesse ouvir, mas não cobrava o dinheiro. Ela amava o que fazia, vestir-se daquela maneira e se movimentar daquele jeito. Nasceu para isso, de uma maneira que as pessoas retrógradas da década...