Sinto um frio na barriga... minha cabeça não é a mesma de 5 meses atrás.
Nunca imaginei passar por tantas polêmicas, reviravoltas, brigas e por fim encontrar alguém que apesar de pegar muito no meu pé, me aceita como sou e não tem "interesses" constrangedores.
Aquela proposta de emprego martela em minha cabeça. Uma parte de mim morreria por essa vaga, a outra tem medo de falhar, fracassar e ser só mais um peso.
Vou até o balcão entrego as chaves, abro um sorriso cheio de energia e vontade, mais no fundo.. bem lá no fundo queria continuar ali, era minha casa...
-Pode voltar quando quiser, será sempre bem vinda, minha jovem.
O recepcionista a qual me acolheu desde o começo me agradece e como sempre me trata bem.
-Posso pelo menos almoçar? Kk ( Pergunto num tom interesseiro e ao mesmo tempo brincalhão ).
-Claro, claro aproveite..
( ele se despede e volta a seus afazeres ).
Como de tudo um pouco, aproveito a última refeição, me "empanturro" e ainda guardo umas sobremesas pra viagem.
Minha mãe não chegou ainda de viagem, da "lua de mel na verdade", "não tenho o que fazer, ou a quem recorrer".
"Preciso fazer isso sozinha" .
Meu subconsciente manda segui com o plano de viajar sozinha com Eiri.
Tudo está na mochila laranja, abarrotada de coisa, "quase nem da pra fechar".
Respiro fundo, penso várias vezes em voltar e desistir mais quando tenho coragem de bate..
-Agora que você chegou? Pensei que levaria mais uma vida..
( ele me encara sério mas não deixa o tom do deboche de lado ).
Dou de cara com as malas prontas, a secretária falando no telefone, tudo muito arrumado.. impecável.
-Boomm, já é hora né.. incrível como o tempo passa rápido.
Ele não me responde só pega minha mochila e da na mão de um rapaz, que já carrega uma de rodinha prata consigo.
-Achei que levaria... ( olho pra ele com desprezo ).
-Não.. tem gente pra isso.
Ele pega a mochila da minha mão deslizando-a pelas minhas coxas e eu sou pega por aqueles olhos.
Meu vestido fica meio levantado, e antes de sair ele mesmo arruma pra mim, roçando sem querer sua mão em minha coxa.
Seu toque me esquenta um pouco, me sobe um calor inexplicável.
O olho com desejo até descermos do elevador.
Sua respiração em minhas costas, me faz suspirar, eu encosto nele por causa do tranco que o elevador da, ele me segura firme com o braço e aqueles "verdes, que parecem que mudam de cor" me hipnotizam, fazendo minha boca abrir.
Ele me olha com eles brilhando, desliza os dedos pelo meu braço, subindo ao pescoço, encostando a ponta do nariz em meu cabelo e pescoço.
Fecho os olhos e parece que a sensação fica mais forte.
Eu dou um gemido baixinho, seguido de uma respiração descontrolada.
Ele chega ao pé de meu ouvido e diz..
-Não acha que tá se precipitando demais?
Eu olho pra ele com carência, misturada de desejo..
Ele passa seus dedos sobe meus lábios, como se desenhesse ou riscasse algo.
Eu molho os lábios passando a língua. Me inclino para que ele me beije, mais a porta se abre.
-Pode ir.. ela abriu ( ele aponta pra porta).
Como se aquele momento não fosse nada.
-hunf...
-Que?
-Nada só... me empolgo as vezes.
-Eu percebi ( ele diz numa voz calma e pacífica ).
No carro acompanho as árvores passando rapidamente.
Chegando lá espero para que ele confirme se ta tudo ok as passagens.
Finalmente embarcamos, vejo aquelas coisas enormes, "máquinas de asas".
-Num dá pra ir de táxi.. sei lá? ( minhas pernas tremem assim como as mãos)
-Não. Tá com medo.. ( sua voz é fria como sempre ).
-Jamais ( minto )
-Então vai.. ( ele me empurra aos poucos até a entrada do avião ).
-Sabe o que é?
-Tá tentando me enrola mais não vai funciona, bora.. ( ele fica a 1 centímetro de mim me olhando feio ).
O piloto sorri e deseja a boa viagem.
-Moço isso é seguro, não tem perigo de morre né.
Eiri sem paciência me pega forte pelo braço.
-Andaaaa, que você tá me estressando.
-Aiiiii ta me mmachucando
-Larga de ser fresca nem apertei tão forte.
-Tudo bem aí ?( pergunta gal, " só que do outro lado e na janela").
-Põe o sinto..
-Pra que? ( Pergunto de idiota mesmo ).
-Põee ooo sin-too.. ( ele quase soletra ).
-Agente não tem que escuta eles falarem primeiro?
Ele põe a mão na cara com desgosto de mim.
-Por favor moça coloque o sinto ( diz a aeromoça).
Eiri sem nem me perguntar já faz o que tem que fazer.
-Desculpa moça ela nasceu prematura e caiu do berço...
-Eiriii vai de vagar tá me machucando.
-Não pode encosta em você que você já geme ,tá difícil.
Gal ri, mas disfarça olhando pra janela.
Eiri coloca pra mim o sinto, pegando um pouco em minha cintura. " isso realmente desperta algo em mim".
Na subida eu fecho os olhos e involuntariamente pego na mão dele, que está apoiando o queixo com a outra, olhando perdido em pensamentos pra pista.
-Desculpa. ( digo sem jeito )
-Pelo quê?
-Por..aperta sua mão.
-Pode aperta... só não quebra, preciso delas pra escrever. ( ele ri, passando o dedo entre os lábios ).
Aperto sua mão e quando o avião se firma no ar, eu solto um respiro alto e permaneço imóvel.
-Ta passando mal?
-Nãa-aoo to too.. bem-m ( gaguejo de nervoso ) .
Estou um pouco tonta e meus ouvidos tamparam " deve ser normal ".
-Povo tranquilo né?
- Eles são acostumados..
Eiri não está muito ativo nos assuntos, mais quero chamar sua atenção.
Eu finjo que estou durmindo e vou me chegando em seu ombro devagar.
"Como é quentinho e macio".
-Tenho cara de travesseiro ? ( eiri implica ).
Percebo que Gal faz um sinal pra ele.
E então o Eiri muda seu comportamento repentinamente.
Quando vejo adormeci de verdade e estou até babando em sua blusa.
Ele olha como uma cara meio de nojo, mas não fala um " A".
-Frescooo ( digo ainda meia sonolenta ).
Ele ri, faz um carinho em minha mão.
A decida até que não foi tão ruim, me senti como num ônibus quando corre, e só falta tirar a coluna do lugar de tanto que se mexer bruscamente.
Desço tropeçando...
-Toma cuidado, presta atenção onde você tá andando... ( ele apoia as mãos em minha cintura )
Estou com tanto sono que não consigo ficar de pé.
-Gal pega as coisas, junto com o Sigg, vai na frente, já te alcanço.
-O que vai fazer?
Ele me monta em suas costas e e me segura nas coxas.
-Ela não vai consegui anda por muito tempo..
-Ahhh sim ...claro senhor.
Minha respiração ta mais calma e finalmente volto a mim, olho para meu redor e estamos num carro em movimento.
-Pensei que estávamos no avião ainda?
Gal sorri e o "menino" também.
-Katharina esse aqui é o Sigg ele é nosso motorista, bagageiro, amigoo...
-Se Eiri confia nele quem sou eu pra contrariar?
Ambos riem novamente.
-O senhor Foster escolhe as pessoas a dedo. Dificilmente ele confia em alguém. ( diz Sigg no volante ).
-Verdade ( Gal fala olhando pra mim ).
E eu já deduzo que.. sou uma escolhida.
Sinto uma queimação em meu estômago, e algo sobe e eu acabo segurando.
-Kate? Se tá bem.. ( Gal coloca a mão em minhas costas ) .
-To sim to.. to bem.. ( coloco as mãos na boca pressionando pra que nada saia sem meu consentimento ).
-Quer que eu pare ( pergunta Sigg ).
-Nã..o acontece, é normal.. tá tranquilo.
Os acalmo.
-Cadê o Eiri ? ( pergunto a Gal).
-Tá vindo. Ele te trouxe de cavalinho, colocou no carro e pediu para que cuidássemos de você.
Eu fico boquiaberta e balanço a cabeça num sinal de sim como uma " retardada".
Quando chegamos no lugar onde iremos nos alojar por um curto período de tempo.
Procuro rapidamente um banheiro e jogo tudo pra fora.
-Que que agente faz? Conta pra ele que ela tá mal? ( Sigg se preocupa ).
-Não ela não pode ser prioridade dele. Ele tem assuntos sérios pra resolve. ( diz Gal com a voz séria e de forma estranha ).
Passado uns 50 minutos Eiri chega, coloca a chave na mesa de vidro, tira o sobretudo preto. Mexe os cabelos e pergunta por mim.
-Onde ela tá?
-Bom senhor como foi a reunião? ( Sigg muda de assunto ).
-Cadê a Gal, já que não quer me responde. ( Eiri corta).
-Bom ela.. saiu não sei pra onde..
-Tem que saber, você é parte disso. ( Eiri é frio com ele ).
-Desculpe ela não disse .. aliás..
Eiri coloca wisque e gelo no copo prestando atenção em suas palavras.
-Ahh Katharina... kate né? No caso.. tá passando mal.
Eiri solta o copo na mesa e escuta uns barulhos fortes no banheiro.
Eu estou debruçada na privada, soltando quase minha alma.
-Eiri.. sai daqui é nojentooo, sério.
-Para de ser chata, não tá vendo que você tá ruim. Porque não me ligou?
Eu continuo a vomitar e então suas mãos seguram meu cabelo passam em minhas costas, aliviando a sensação ruim.
-Se não melhorar te levo ao hospital.. ( ele ameaça)
-Nã..ao de jeito nenhum, é meu aniversário, não quero desperdiçar isso.
Ele me ajuda a se sentar no vaso sanitário, pega água na cozinha e volta, eu tomo alguns goles, e pressiono a barriga.
-Tá queimando.. acho que comi demais..
Ele massagea minha barriga e eu o observo como está sendo fofo.
-Toma! Bebe mais..
-Nãaaaaummmm.
-Para de ser mimada anda logo.
Eu bebo o resto, e ponho tudo pra fora.
-Lá vamos nóss.. desse jeito agente não sai daqui hoje.
Eu saio do banheiro e vou em direção ao quarto.
-Deita aqui perto da janela onde tem vento.
"Até nisso ele se preocupa".
-Hunff .. ( reclamo ).
-Que é?
-Queria alguma coisa.. pra come
-Tipo o que?
-Uma pizza ou um bolo de padaria... aii risole é tão bom.
-Meu deus.. você não conheci a palavra limite.
Eiri sai pela porta e intima Sigg
-Vai pra mim em alguma...sei lá, padaria, quiosque, bar.. qualquer coisa e trás o que ela quer .
-O que ela quer?
-Pizza, bolo... enfim.
-Ok senhor vou providenciar.
Passado algumas horas eu tinha apagado, o sono estava sendo persistente.
Quando passo pela sala Eiri está conversando com uma mulher esquisita.
Vejo na mesa ...bolo, risole, frutas, até coxinha.
Enfio duas coxinhas na boca, pego uma colher do bolo para experimentar, e Eiri flagra na hora.
-Vaiii com CALMA amigona... VOCÊ tava vomitando igual um exorcista a 3 horas atrás.
A moça me olha de forma muito irritada.
-Então você tá engravidando mocinhas inocentes?
-Quê?tá lokaaa? Ela é uma criança.
Não sei se me assusto com ela falando isso de mim ou o Eiri me tratar como se eu fosse.. criança.
-Olha vai embora, já deu..
-Eiri até quando vai brinca de boneca com ela.
-Chegaaa, tá me irritando..
-Ei que que há com vocês, eu TO AQUI TÁ... ( me intrometo na conversa dos dois ).
Eiri coloca a mão no rosto, como se estivesse me xingando mentalmente.
-Ohh garota, não se mete não, a conversa é minha e dele.
"Ahhh ela conseguiu me tira do sério."
-Desculpa mais QUEM É VOCÊ DONA?
( digo com as mãos na cintura ).
- Sou a noiva dele...
"Ahh não de novo não. Porque só.. comigo."
-Isso é inventado, é coisa da minha família, não tem nada haver com sentimentos. ( Eiri coloca um cigarro na boca ).
-É mais, sou sua noiva agora, tá no contrato ( ela permanece brava e de braços cruzados ).
-Eu nem assinei aquela porcaria ( Eiri da de ombros ).
-Haa vai se desfazer agora, vai bancar o COVARDE. ( ela altera a voz ).
-Nosso caso não passa de negócios.
( ele se levanta e olha bem nos olhos dela ).
Ela se cala, baixa a cabeça, pega a bolsa da poltrona e diz...
-É por você que ainda faço isso Eiri, não pela empresa.
Olho para Eiri para ver se sua resposta vai ser a mesma ou não. Dependendo do que for.. desisto dessa loucura agora.
-Não faço por nenhum dos dois ( ele é frio nas palavras, curto e grosso ).
Meus olhos voltam a ter brilho e finalmente consigo controlar minhas batidas.
-Você.. já tem outra? ( ela pergunta se segurando pra não derramar uma lágrima ).
-Isso importa? ( Eiri olha pra sacada enquanto da o último trago no cigarro ).
Ela me olha de cima a baixo e estreita os olhos.
-Já vi tudo... seja feliz EIRI.
Ela bate porta na raiva e eu ameaço perguntar..
-Não diga nada... EU sou livre para fazer minhas escolhas.. e você sabe mais do que ninguém o que eu escolhi.
Fico paralisada, mais agora ...sinto um turbilhão de sensações em mim.
Algo que não posso controlar, é automático..
-Eu também fiz minha escolha ( digo num sorriso vergonhoso e tímido ).
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A Última viga
RomanceUma menina de 20 anos entra em uma faculdade famosa, uma das mais disputadas do país,com intuito de melhorar o comportamento, fazer novas amizades e se "Libertar" da vida chata e monótona que levava em Port Angeles. Ela tenta se inturmar, mas acaba...