MATÉRIA BRUTA- Armando Scoth Lee-romance gay

CAPÍTULO 17-ÉRICK VOLTA A PINTAR!

"O que entra na sua mente define o que sai dela." (Universoneural)

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Érick Máximo subiu para o seu ateliê rapidamente.

O pintor arrancou as próprias roupas como se elas queimassem o seu corpo!

O desejo de pintar novamente parecia fogo em suas veias já cheias de adrenalina pelo que passara nas últimas horas.

Mais uma vez, a tela precisava ser preenchida pelas cores que pareciam berrar para que fossem espalhadas pela superfície ainda vazia.

Ele pintava com fúria, com paixão, com ansiedade...excitação, desejo e uma revolta que ele mesmo  não saberia dizer de onde vinha!

Cada pincelada parecia significar uma das últimas emoções de sua vida: a perda de Nick...o abandono  de sua terra natal...o enfrentamento com Davi...a cena do homem nu sobre a mesa...o homem nu que urinara sobre ele...

As pinceladas pareciam quase se fazer sozinhas e ele, criador diante da própria criatura, parecia não se reconhecer, mesmo no momento em que ainda estava criando...sentindo-se encaixar-se perfeitamente numa das frases preferidas de sua irmã Alessia a respeito do seu trabalho:

"Todo artista, no momento da criação, está a um passo acima dos homens e a apenas um passo abaixo de Deus!"

A porta fechada, mais uma vez, bloqueou a entrada de qualquer possível intruso, menos a entrada de Alessia, que mais uma vez, esgueirou-se sem que o irmão a visse.

Mais uma vez, ela imaginou se ele teria consciência de sua presença ali, pois se ele realmente não quisesse que ela invadisse o seu espaço sagrado, teria trancado a porta.

A garota afastou os lábios e arregalou os olhos, como se assim tivesse uma chance maior de descobrir o que estava acontecendo ali, pois diante dela, mais uma vez, estava o seu irmão completamente  nu, como ele gostava de pintar desde sempre...como ele se sentia bem, desde sempre...como ele parecia demonstrar que não queria nada entre ele e a sua arte!

Alessia piscou para liberar as lágrimas que teimavam em turvar os seus olhos incrédulos diante daquele poder de criação de um homem que confessava que nem ele mesmo se reconhecia naquele momento sagrado!

A garota teve seus pensamentos alertados para a possibilidade daquilo ali sendo criado ser, nada mais, nada menos do que a representação do sonho de Davi, no quarto próximo dali.

Ela sabia que o agricultor estava dormindo.

Curiosa e pressentindo que pudesse, mais uma vez, confirmar o que descobrira por acaso, arrastou-se até ali. Novamente, a dúvida a invadiu: estaria Davi sonhando o que Érick estava pintando...ou estaria Érick pintando o que Davi estava sonhando? Quem dava o gatilho daquela criação afinal? Quem materializava primeiro  em sua mente a obra a ser criada: aquele que pintava...ou aquele que sonhava?

Teria uma ação prioridade sobre a outra? Será que Davi sonhava primeiro e só depois Érick pintava? Ou seria o contrário? Ou seria simultâneo?

A  garota fixou atentamente os olhos na tela, encantada com o que ali estava surgindo...automaticamente já avaliando o quanto ganhariam com aquela bela obra num leilão!

Era tão fácil...tão garantida a venda de cada obra que chegava a faltar um desafio maior nas vendas. Compradores já catalogados...a maioria homossexuais, talvez se identificando com a obra...talvez se identificando com o autor...o que importava é que eles quase se digladiavam nos leilões virtuais a fim de ter a posse da obra de Érick Máximo!