Quando conheci Taehyung ele tinha apenas nove anos e eu vinte e três. Eu estava no penúltimo semestre da faculdade de Psicologia e estagiava em um Centro de Referência em Assistência Social.
Ele era aquela criança desnutrida que aparecia toda semana para sessão, vindo do Abrigo Raio de Sol. Ele ia e voltava para o abrigo, sempre.
Seu pai havia assassinado sua mãe em uma briga doméstica, estava preso havia cinco anos. Pegou perpétua. Quem o criava era a avó, que acabou falecendo dois anos depois do acidente. Desde então ele ia e voltava do abrigo, indo para lares adotivos e voltando por mal comportamento.
Ninguém conseguia domar a raiva de Taehyung. A raiva pelo abandono, tristeza, a morte da família e pela situação que se encontrava.
Somente eu conseguia. Nunca soube o motivo. Talvez ele não me achasse um risco.
- De novo isso Tae? - Perguntei cansada enquanto via o menino passando pela porta, indo em direção à mesa de brinquedos, mas os ignorando.
- Eles queriam cortar meu cabelo, noona. - Tae me dizia raivoso, enquanto se acomodava melhor na cadeira. Seu rosto estava mais pálido que o normal e as bochechas mais magras. Ele não se alimentara bem.
- E não cortou por?
- Eu gosto do meu cabelo comprido assim. - Deu de ombros.
Toda vez que ele ia em sessão era sempre a mesma coisa, mau comportamento. Havia acabado de completar onze anos mas tinha a imposição de um adulto.
Isso durou até os quatorze anos quando em uma ida para um lar, Taehyung agrediu o pai adotivo.
Nessa época eu já era formada e possuía meu próprio local de trabalho, onde meu foco era atendimento infantil. Soube que ele seria mandado para o Centro de Menores Infratores mas resolvi agir, sabia que alguma coisa estava errado.
- Por que você agrediu ele? - Perguntei calma ao adolescente em minha frente. Anos haviam se passado e o menininho desnutrido já se mostrava maior e mais viril, mesmo assim a tristeza em seu olhar ainda permanecia.
- Ele bateu nela, noona. E eu já vi isso acontecer antes. - Pude ver a tristeza e raiva em seu olhar.
Aquilo havia me destruído. O modo com que ele me falou foi o estopim para que eu caísse na real que não conseguiria mais permitir que Tae passasse por tudo novamente.
Levou dois anos até conseguir justificar a agressão de Taehyung contra o pai adotivo. Nesse meio tempo ele não foi para o Centro de Menores Infratores, mas ficou no abrigo e trabalhava meio período em atividades voluntárias. Durante esse tempo fui atrás para conseguir um direito de tutela e enfim poder levar Tae para morar comigo.
Quando isso aconteceu, ele iria completar dezessete anos em três meses. Eu havia completado trinta e um.
- Esse é teu quarto. As paredes estão brancas, mas pode pintar da cor que quiser, tenho algumas latas de tinta no porão, mas se quiser eu compro mais tinta, só me falar. O colchão da cama é novo, só precisamos sair pra comprar roupa de cama e decoração pra ti.
Ele olhava para mim fascinado, como se realmente tivesse encontrado seu lugar no mundo, ao meu lado.
O vi se aproximando de mim e senti seus lábios em minha bochecha em um beijo simples, mas demorado. Seus braços logo rodearam meu corpo em um abraço apertado.
- Obrigado por tudo, noona. - Senti o ar quentinho em meu ouvido e pude aspirar o cheirinho de sabonete de bebê, o que todos os menores usavam no abrigo.
- Só não vai se comportar mau comigo e querer voltar para o lar ein. - Falei brincando enquanto me afastava do rapaz, que já era um palmo mais alto que eu.
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COM AMOR, VINCENT | Taehyung [BTS]
Fanfiction• Coleção de imagines com V (Kim Taehyung). ❗️ A fanfic contém: Taehyung hétero, Taekook, Taegi, Taejin, Taejoon, Vmin e Vhope. ⚠️ AVISO DE GATILHO: Contém cenas de nudez, mutilação, abuso sexual, pornografia, sexo, violência e morte. ⚠️ Para maior...