Foram três longos e torturantes meses, particularmente sofredores para mim.
Desde aquela inesperada e tempestuosa terça-feira de novembro, venho sofrendo com minha pesada consciência, sempre lembrando-me da estupidez que há em meus pensamentos lascivos. Tenho lutado muito arduamente para não cair nesta armadilha.
É interessante perceber que toda aquela ardente fascinação se dissipou dos brilhantes e inocentes olhos azuis da excepcional senhorita Hayes.
É uma atitude em que deveria me agradar e aliviar a culpa que venho sentindo ultimamente, mas, ao contrário disto, sinto-me frustrado e ridículo. Bem, eu sou um homem muito confuso e estranho. Aqui estou, sentado junto a minha mesa, ansioso para vê-la novamente.
O que a adorável Karen pensaria a respeito de minhas tão recentes atitudes? Talvez eu devesse buscar por seus conselhos maternais? Mas, muito provavelmente, talvez ficasse preocupada com a preciosa vida da senhorita Hayes. O que me faz lembrar do último evento com a família. Estive acomodado em meu silêncio, comentando ocasionalmente.
Atualmente, estou me comportando como um assediador. Talvez seja a explicação pela qual ela vem ignorando-me depois do primeiro choque de olhares? O que eu podia esperar? Por que eu estou esperando algo, afinal?
Passo a mão pela barba, completamente atormentado.
— Hum, bom dia, senhor Raymond.
E de repente, está hesitante e confusa voz ofegante irrompe em minha profunda solidão.
— Ótimo dia, senhorita Hayes.
Busco por seu inocente rastro sedutor pela sala. Como não há mais ninguém além dela, facilmente a localizo no fundo da turma, afundando graciosamente em seu assento. Ela é realmente muito bonita, sério, e sei que é pecado sentir isto. Talvez eu devesse procurar outra, me dissociar desta tormenta. É, farei isto. Ela é problema.
Abro meu exemplar do Pequeno Príncipe — um dos meus favoritos e tento apenas ignorar minha aluna. Mas, ao desviar minha atenção para o pequeno copo de café sobre a minha mesa, percebo que Anna parece bem entretida em uma silenciosa leitura. Ironia demais.
— Antoine Saint Exupéry?
Anna olha para mim e paralisa.
Levamos um longo segundo em nossa deliciosa disputa de olhares.
— Eu amo as reflexões que ele traz. — Ela olha com fascinação para o livro em suas mãos bem cuidadas. — O senhor não acha o livro simplesmente...
— Genial? — Nossos olhos voltam para a eletrizante conexão de novembro. — Eu concordo plenamente, senhorita Hayes.
— É um ótimo livro. É impressionante como a simplicidade dele, voltado exclusivamente ao público infantil, possa nos envolver tanto.
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Amores Proibidos - Vol. 1
RomanceA tempestade costuma castigar a cidade de Dreamland e não é uma novidade a nenhum de seus habitantes. Mas, atrasada para a aula de literatura do senhor Raymond - a brilhante, encantadora e jovem Anna Hayes não esperava contar que justamente naquele...