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— Tô indo - Digo ao chegar na sala.
— Ué, vai dormir lá? - Meu pai pergunta ao ver as duas mochilas.
— Não sei - Digo - Mas vou levar porque não sei se vamos demorar com esse trabalho ou não.
— Filha, você não quer falar sobre o que aconteceu no Rio?
— Não pai, agora não.
— Vai direto pra casa da Carol?
— Aham, aliás tô indo, meu Uber já tá aí na frente.
— Tá bom, cuidado e qualquer coisa avisa.
— Tá bom - Abraço ele.

Saí de casa e atravessei a rua, coloquei minhas mochilas no banco de trás e então entrei na frente.

— Vai dormir comigo? - Ele pergunta quando entro.
— Não, na Carol.
— Dorme comigo?
— Não - Coloco o cinto - Amanhã tenho aula.
— Eu te levo.
— Quero ir com as minhas amigas.
— A Carol mora na rua de baixo da minha casa, vocês podem ir juntas.
— Léo, não - Encaro a rua - Onde nós vamos?
— Onde você quiser - Liga o carro - Tá com fome?
— Um pouco.
— Então vamos jantar primeiro, tá? - Sai com o carro.
— Pode ser - Ligo o som.
— Pode colocar sua playlist - Diz.
— Você odeia minhas músicas.
— Não odeio - Ri - Só não é o meu tipo de música, ainda mais porque a maioria sou eu quem canta.
— Não se preocupa, tô evitando ouvir suas músicas - Pego meu celular.
— É sério? - Me olha rápido.
— Sim.
— Ah mano, é foda - Suspira - Me desculpa Maria, eu não queria ter falado com você daquele jeito, não queria ter te tratado como tratei nesses dias.
— Tá tudo bem, já passou.
— Se tivesse passado, você estaria sentada no meu colo e a gente estaria transando na frente da sua casa.
— É, talvez - Ri.

Abri minha playlist e procurei alguma música que quisesse ouvir.

Cê sabe o endereço da minha casa se quiser conversar, então senta no sofá e a gente termina na cama - Começo a cantar - Eu sei que cê não quer compromisso, eu não sei se fujo disso. É que eu prefiro errar por tentar, do que não ter tentado e conviver com isso. E essa saudade só corta o meu peito, só dar valor quando perco sempre foi meu maior defeito.
E eu não vejo mais saída - Léo começa a cantar - Cê se tornou o motivo até de noites mal dormidas. Insônia, café, mais que doce ilusão, mais saiba mulher, cê tem meu coração.
— Uau - Ri.
— O que? Ele é meu amigo.
— Mas nunca imaginei você cantando isso e olha que eu já imaginei você cantando até cinco patinhos - Digo e nós rimos.
— Quer que eu cante cinco patinhos pra você?
— Não precisa - Ri - Tô ouvindo música mais bad.
— Tá nessa porque quer, a gente pode voltar e continuar como se nada tivesse acontecido.
— E eu vou poder viajar?
— Não.
— Então nós não vamos voltar.

•••

— Eu vou pro Uruguai - Diz antes de beber o suco.
— Sério? - Olho pra ele.
— Aham, acho que na primeira semana de agosto.
— Que legal - Sorri.
— Você já vai ter voltado? Sei que você ficou afim de conhecer depois que os manos foram pra lá e tal.
— Volto dia sete de agosto.
— Ah - Me olha - Não sei, se você ficasse, poderia ir comigo.
— Léo, eu não vou ficar - Ri.
— Não custa tentar, né? - Suspira.

Olhei pra ele e sorri, mais então logo fiquei séria. Meu professor de história estava entrando no restaurante com uma mulher, provavelmente sua esposa.

— Maria, que foi? - Léo pergunta.
— Nada - Tento disfarçar.
— Você conhece? - Ele olha pra onde eu estava olhando antes.
— É meu professor de história.
— Ah, quer falar com ele?
— A gente pode ir embora?
— Já? A gente nem terminou de comer.
— Por favor - O encaro.
— Eu hein - Ri - Vamos.

Nós levantamos e ele foi pagar, enquanto eu esperava um pouco mais atrás.

— Maria - Ouço o professor me chamar.
— Ah, oi - Digo sem graça.
— Amor, essa é a Maria, uma das minhas melhores alunas - Diz pra esposa.
— Prazer - Ela sorri pra mim.
— Tá sozinha aqui? - Ele pergunta.
— Não, tô com o meu nam... meu amigo.
— Bora? - Léo se aproxima.
— É, vamos. - Concordo - Tchau.

Não deixei ninguém falar nada e arrastei o Léo pra fora do restaurante.

— Tá bom, pode falar o que aconteceu - Ele diz assim que entramos no carro.
— Nada Léo.
— Maria, cê ficou mais branca que o normal quando eles chegaram, o que rolou?
— Eu não quero falar disso - Encaro o vidro.
— Mas vai ter que falar, eu tô preocupado caralho.
— Você não é nada meu, não tem que se preocupar comigo, por favor, me leva pra Carol.
— Eu só quero que você fique bem - Coloca a mão na minha perna. 
— Você não entende? Cê não é a mais a pessoa que pode me fazer ficar bem Leonardo.

Ele não disse mais nada, tirou a mão da minha perna e então ligou o carro.

•••

Passamos no BK e compramos milk-shakes e batata frita, mas ele não gostava de comer no estacionamento dali, então ele dirigiu procurando um lugar melhor.

— Tava pensando - Diz - A gente sempre falou de ir, mais nunca fomos num motel.
— Verdade - Concordo.
— Então vamos agora.
— Léo, eu não vou num motel com você.
— Relaxa - Ele ri - Não vamos fazer nada, só comer e ficar de boa lá, a não ser que você queira fazer outras coisas.
— Léo...
— É sério Maria.
— Eu sou menor de idade - Digo.
— Isso não é problema - Ri - Tem um que o Krawk disse uma vez que é foda, vamos nele.
— E vocês conversam sobre essas coisas? - Pergunto rindo.
— Lógico ué, não entramos em detalhes igual vocês, mais a gente fala - Ri.
— Entendi - Digo.
— Maria, o que aconteceu?
— Como assim?
— Você saiu chorando da aula e agora, quando viu seu professor, ficou toda nervosa, cê tá com algum problema na escola?
— Não foi nada - Digo e sinto o nó se formar na minha garganta.
— Você pode confiar em mim, eu posso não ser a pessoa que te faz sentir bem, mas eu me preocupo com você.
— Ai Léo, é foda.
— Por favor, fala pra mim.

𝙨𝙚𝙪𝙨 𝙨𝙞𝙣𝙖𝙞𝙨 🥀• leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora