Dinner?

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Entrei na sessão rapidamente, minhas mãos estavam cheias de papéis e pastas. Cumprimentei todos e fui em direção a minha sala. Andei em passos rápidos até escutar um estalo e me fazer perder o equilíbrio. Praguejei mentalmente ao olhar que meu salto havia quebrado. Droga. Era meu preferido.

— Começando o dia com o pé esquerdo ein, Hale? -Michelle brincou enquanto passava ao meu lado, em seguida pegando alguns papéis das minhas mãos que estavam ao ponto de cair. — Você não deveria estar em casa se recuperando?

— Deveria. -Assenti. — Mas não aguento mais passar o dia inteiro em casa assistindo Netflix e aqueles desenhos repetitivos da Jade. Eu iria enlouquecer.

— Você está de licença, não precisa vir trabalhar.

— Meus pontos estão fechados, olha só. -Levantei a blusa discretamente mostrando os meus pontos e a enorme cicatriz que aquilo ali ficaria após retirar os pontos.

— E você está louca para abri-los, né? -Ela riu caminhando comigo até a minha sala.

— Estou louca para prender os desgraçados que fizeram isso comigo. -Fechei a porta assim que ela entrou. Joguei as minhas coisas encima da mesa e andei até o meu armário, que por sorte tinham um par de Scarpin preto que eu os deixava de reserva.

— Onde está o Stilinski? - Ela perguntou e eu soltei um suspiro, tentando não transparecer nada.

— Não sei -Dei de ombros me sentando em minha cadeira. — Ele não veio aqui esses dias?

— Poucas vezes eu o vi -Ela falou se acomodando no pequeno sofá enquanto colocava uma xícara de café. — Normalmente ele chega e já está apressado para algum compromisso.

— Estranho... -Analisei e a Michelle me olhou com uma enorme interrogação na testa.

— Ele deve estar resolvendo coisas do caso -Ela falou dando de ombros e eu assenti.

— É, deve ser -Disse tentando não me importar muito.

As horas passaram rapidamente, o dia já estava no fim quando escutei batidas na minha porta e em seguida o vi entrar.

— Me disseram que você estava aqui -Ele falou fechando a porta atrás dele. — Você não deveria estar assistindo novela e tomando sopa enquanto se recupera?

— Digamos que essa é minha forma de me recuperar -Disse apontando para enormes planilhas empilhadas na minha mesa.

— Você sabe que está de licença né? -Stiles franziu a testa. — Vão arrumar alguém para fazer isso para você.

— Mas eu quero resolver esse caso, preciso interrogar algumas crianças para saber se elas dão mais detalhes da gangue.

— As meninas já disseram tudo que podiam, mas você pode tentar absorver algo delas -Ele disse soltando um suspiro. — Segunda vemos isso, hoje você precisa ir para casa descansar.

— Já descansei demais esses dias -Disse rindo e ele revirou os olhos.

— Essa teimosia nunca muda né? -Ele riu em seguida. — Qual é, Malia? É sexta-feira, o final de semana está aí e você vai ficar enfurnada nesse escritório?

— Basicamente -Disse sem olhá-lo enquanto fazia algumas anotações.

— Onde estão suas amigas? -Perguntou.

— Lydia tem todo um cuidado com o bebê agora e a Allison está doida com o casamento -Falei dando de ombros. — Só sobra eu.

— Então vamos fazer algo -Ele disse roubando o lápis da minha mão e eu o olhei furiosa.

— Você me fez errar -Fingi uma cara brava e ele sorriu.

— O que acha? -Ele disse perguntando sobre a sua proposta.

— E iríamos para onde? -Perguntei o analisando, mas em seguida chegou uma mensagem no seu celular, fazendo-o olhar por alguns segundos.

— Preciso ir -Ele disse se levantando e eu estranhei sua reação, ele mal havia chegado e já estava de saída? — O que acha de jantar comigo?

Ele disse e eu arqueei a sobrancelha não entendendo o intuito daquilo. E eu ao menos consegui dar uma resposta, ele foi andando até a porta e a abriu.

— Te pego as sete -Ele me lançou um sorriso antes de fechar e me deixar com cara de besta por alguns minutos.

Após ele sair, vi um sorriso involuntário se formar no meu rosto e tentei esconder aquilo. Olhei no relógio encima da mesa que marcava 16:34 pm, resolvi recolher meus pertences e fechei o escritório.

Andei até o elevador e a sessão inteira já tinha ido, apenas alguns monitores estavam acesos e os zeladores limpando o local. Entrei no elevador apertando o botão do estacionamento, assim que sai, vi de cara meu carro sozinho naquele estacionamento vazio. Destravei o carro, mas antes de entrar, escutei passos firmes e um estalo, que parecia mais que alguém havia tirado uma foto.

— Quem está aí? -Perguntei olhando ao redor verificando, mas não vi ninguém.

Toquei minha cintura onde a minha arma estava e dei alguns passos para frente, me aproximando de um corredor escuro. Após alguns segundos, ninguém apareceu e eu decidi voltar ao carro.

Entrei e dei partida saindo daquele estacionamento, aquilo havia sido estranho mas deve ter sido impressão minha. Tentei tirar isso da cabeça, peguei a pista indo em direção a minha casa, o caminho não foi longo e eu rapidamente cheguei ao meu destino. Estacionei o carro e peguei meus pertences, tirei a chave da bolsa abrindo a porta e logo fui recebida por um enorme abraço da Jade.

— Mamãe, mamãe -Ela repetia seguidas vezes enquanto se agarrava em minhas pernas.

— Oi minha princesa -Disse pegando-a no colo enquanto enchia suas bochechas de beijos. 

— Mamãe, a vovó fez popoca e chocolate para mim -A pequena disse errando e eu ri. — Ela disse que vai ser a noite das meninas.

— Tudo bem, meu anjo -Ri andando com ela até a cozinha. — Só vou tomar um banho e vamos comer pipoca.

— Larga essa menina, Malia -A voz da minha mãe se fez presente enquanto ela andava em minha direção e tirava a Jade dos meus braços, me dando um beijo na testa. — Você sabe que não pode pegar peso, está doida para abrir esses pontos não é?

Ela negou com a cabeça e eu ri.

— Boa noite para você também, dona Hale -Sorri e ela franziu a testa.

— Que alegria toda é essa? -Ela cerrou os olhos. — Não me diga que você... transou?

Ela disse tapando os ouvidos da Jade na última palavra, me fazendo arregalar os olhos.

— Mãe! -A repreendi.

— O que é? -Ela soltou a cabeça da Jade que fez uma cara de desentendida. — Ela não escutou nada e nem deve saber o que é isso.

— Mãe, eu não discutia minha vida amorosa nem sexual quando eu era adolescente -Disse subindo as escadas. — Isso não vai mudar agora.

— Mas deveria, por causa disso você tem a Jade -Ela falou e eu virei em sua direção.

— Não meta ela nisso -Disse séria e a pequena apenas nos olhava tentando absorver algo da conversa.

— Não estou metendo, só quero que você seja uma pessoa mais aberta com sua mãe -A partir da primeira frase, eu já continuei a subir as escadas enquanto ela continuava a reclamar.

— Tá bem, mãe -Dei uma risada fechando a porta, bloqueando a voz dela de entrar.

Soltei um suspiro rindo, minha mãe nunca mudava.

Unintentional Love You - Segunda temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora