Passeios de Primavera

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Flocos de neve caiam ao lado de fora da nossa janela, finos e elegante como cristal. A neve pousava suavemente sobre as árvores, como um cobertor branco e fofinho, impedindo a primavera de chegar.

Primavera.

Essa era sua estação favorita.

Durante toda a minha vida, nunca havia gostado da primavera. Sempre preferi o outono,onde as folhas secas me dão uma sensação aconchegante, no qual eu podia deitar em um grande monte de folhas e ler meus livros.

Mas, durante a primavera, você me tirava de minha casa e me levava para longos e gostosos passeios no parque de mãos dadas até de tardinha. Nos deitavamos lado a lado na grama para admirar o céu, com as flores de cerejeira sobrevoando sobre nós. Você intrelassava seus dedos aos meus e me puxava contra o seu peito, nossos corpos se encaixando perfeitamente. Nunca acreditei que alguém me completaria tão bem, até te conhecer.

Sai do nosso quarto e fui até a cozinha tomar um chocolate quente, com a esperança do mesmo aquecer meu coração congelado.

Chocolate.

Você também adorava chocolate.

Durante o inverno, todas as noites , você fazia duas canecas de chocolate cheias de marshmellows e levava para a sala. Você deitava ao meu lado e víamos vários filmes até pegarmos no sono agarradinhos. Era tão bom dormir com você. Eu me sentia protegido e amado, de um jeito que só você me fazia sentir.

Desisti do chocolate e voltei para o quarto. Deitei em nossa cama e fiquei um longo tempo encarando o teto, completando assim a torturosa rotina dos últimos dias. A cama parecia muito grande sem você ao meu lado. Você não estava mais ali para acordar no meio da noite, me abraçar e me consolar fazendo cafuné no meu cabelo, principalmente quando eu tinha pesadelos. Acredite, agora eles eram muito mais frequentes.

Inspirei o ar do seu antigo travesseiro, tentando captar ao menos um resquício do seu cheiro. Mas não havia mais nada ali, já que nos últimos seis dias eu havia dormido agarrado a ele, imaginando que você estava ali comigo.

Toda vez que eu abria os olhos e era desiludido, tinha ainda mais vontade de chorar.

Então já fazem seis dias.

Seis dias que o meu coração parou de bater.



Seis dias que o amor da minha vida tinha ido embora para muito longe de mim.

Sinceramente, mesmo que tenha sido a quase uma semana, ainda não entendo muito bem os acontecimento daquele dia.





Eu tinha acabado de chegar do trabalho, trazendo comigo kimchi para compartilharmos no jantar. Estava super cansado, afinal, dar aulas de dança a vinte crianças de cinco anos não é fácil.

Deixei a sacola com o nosso jantar na cozinha e subi para o quarto. Já eram sete horas da noite, então provavelmente você já havia chegado do trabalho.

Chegando no cômodo, encontrei as luzes acesas e a porta do banheiro fechada. Parei em frente à mesma , que estava trancada, e dei três batidas esperando uma resposta.

Nada.

Bati novamente chamando o seu nome.

Ainda nada.

Bati uma terceira vez , um pouco mais forte, o desespero começando a tomar conta do meu corpo.

Também não tive resposta.



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