Prólogo

14 0 0
                                    

O som das folhas balançarem de um lado para o outro nos galhos das árvores, voando por todo o ar e arrastarem-se sobre o chão era a música perfeita para Doot, sempre amará acampar e poder relaxar sobre a magnífica orquestra musical que a floresta tinha a oferecer.
Estava deitado em frente a sua querida barraca verde concentrado na dança do vento.
 
Infelizmente, sua felicidade não durou muito quando surpreendeu-se com um som doce ecou entre aquele mar de árvores da floresta. O som era baixo e contínuo, "uma flauta, talvez?". Doot jamais encontrará alguém nessas áreas, por serem locais distantes da cidade e cheia de animais selvagens.
"Seria alguém perdido?", "Mas por que estaria tocando uma.. flauta?". Tomou a decisão de verificar a origem do som, mas, sem entender nada, sentia não poder confiar no que havia a frente. Pendurou sua mochila pesada sobre as costas e sobre suas mãos carregava sua amiga, uma carabina antiga que antes era de seu pai.

Pronto para descobrir aquela persistente melodia, o velho caçador anda atentamente entre os troncos das árvores tentando não perder o equilíbrio e escorregar no barro que chuva de ontem causou.

Tendo a estranha sensação de estar andando as quase meia hora e o som que perseguia nunca se aproximar questionou-se sobre o que estava fazendo, mas não perdeu muito tempo com isso, lembrando de seus longos aprendizados com sua família, fechou os olhos e lentamente foi seguindo o som que assemelhava ser de uma flauta doce, e quanto mais próximo sentia-se podia ter certeza deste fato.

Caminhou persistentemente, mas já não sabia a quanto tempo estava ali. O som parecia não se aproximar nunca e ainda mais confuso do que estava, Doot descansa encostando em uma das árvores, esfrega seus olhos para tentar aliviar a dor de cabeça que há dias martelava sua mente. Começou a pensar o que estava fazendo ali e se não estava velho demais para caçar sozinho, mas logo notas altas alcançaram seus ouvidos o trazendo de volta para a realidade.

Com isso voltou a procurar e parecia estar cada vez mais distante da música novamente. Com uma mão apoiando sobre alguns galhos de um arbusto ao seu lado, respirou fundo e de olhos fechados buscou uma direção entre as trilhas da floresta. Notas ainda mais altas o ganham.
Confuso, Doot lentamente segui uma das trilhas de olhos fechados e não demora muito para notar que agora está progredindo da busca.

Parou em frente a uma folgando robusta em sua frente quando notou a melodia, que vinha se tornando cada vez mais doce no caminho, estar a poucos metros de si.
Ao abrir os olhos de novo, percebeu sons altos do que se pareciam ser o vento rebatendo violentamente entre os galhos das árvores, fazendo com que a dança serena das folhas sobre os galhos se tornassem um disco riscado de vinil.
A melodia da floresta se converteu em um barulho alto e desagradável, fazendo com que sentisse em um tornado de folhas e sons agudos maçantes.

Tentando entender o que estava acontecendo, Doot se escondeu atrás do arbusto que tocava apertando carabina contra o peito. Quase em pânico, encurvou-se para mais para frente buscou encontrar de onde vinham notas.

O barulho então se tornou um mero detalhe quando sentiu seu coração apertar no peito ao cruzar a visão com uma deformada figura em cima de um resto de cepo.

Uma forma alta, coberta de pelagem parda coberta com o que  parecia ser musgo e suja de lama, podia ser vista de canto por trás. Ela parecia segurar um pequeno pedaço de galhos com restos de folhagem nas pontas ser dedilhado por mãos compridas e pontudas.

Curioso para ver o rosto da criatura tentou se apoiar mais ao lado para esticar-se, só não esperava sua mão escorregar com o barro entre os dedos e o fazer cair de costas no chão.

Toda sua curiosidade se transformou em pavor quando as notas agudas silenciaram e uma correndo de ar parecia querer rasgar suas roupas.
Ao manter a força e levantar-se, só teve tempo de cerrar os olhos ao escutar o ar correr entre as árvores com som assimilando-se ao de um grito agudo, quando foi lançado ao barro novamente e arrastado agressivamente com um impacto sobre sua carabina.

Desesperado, Doot começa a se debater as cegas tentando escapar ou mesmo tirar algo que está moendo suas pernas de dor. Apavorado, abre os olhos com a ausência de força causada pela falta de ar e depara-se com dois círculos dourados boiando em uma imensidão negra.

Buscando entender o que o amassa sobre o chão, enclina o rosto para o lado e tudo que pode ver são cascos, como de cavalos, enormes sobre suas coxas.
Os dedos pontiagudos de antes, agora, estavam apoiados sobres suas costelas, quase que as quebrando.

O par de círculos dourados tomam novamente sua vista: são os olhos de um rosto pequeno e repleto de penas claras, quase que brancas. Um bico pequeno mais abaixo e as duas incríveis iris cor áurea hipnotizam Doot.

Lentamente a criatura curva o rosto para o peito do caçador, e encosta-o sobre onde está um coração disparado e apavorado.
Doot paralisado, tomado pelo medo, olha para o céu, entre as folhas que chacoalham. Pode ver entre dois galhadas que quase formam um arco sobre seu rosto.

Satisfatoriamente, sente-se calmo e toda a dor desaparece entre formigamentos.
Um raio de luz sobre o rosto de Doot cercado por um par de chifres enquanto suas pálpebras pesam e sua visão esmaece.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 06, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

FatalismoOnde histórias criam vida. Descubra agora