— E aí foi isso - Digo - Pedi pra ela ficar e ela simplesmente disse que não dava e saiu do carro. — Porra mano - Thiago diz - E agora? — Acabou de vez, já era. — Não mano, não é assim - Krawk diz. — Como não Krawk? Ela não quer mais nada comigo. — Ela quer sim babaca, só que você não pode achar que manda e ela obedece, eu entendo que vocês não iam entram em um acordo, mas sei lá, tudo tem um jeito - Diz. — Não tem - Rodo na cadeira. — Véi, deixa ela viajar, vocês vão ficar longe por um tempo, mas cê vai ver, passa voando. — Não dá mano, são quase três meses, é muita coisa. — E você prefere terminar do que aceitar? - Thiago diz - Porque na real, cantar é seu trabalho mas também é o seu sonho e a Maria tem os dela, se você ama mesmo ela, vai apoiar e não ficar com essa criancice. — Vocês estão do lado dela mesmo? Achei que eram meus amigos. — E nós somos, por isso estamos falando isso pra você - Krawk diz. — Mas já era, ele não quer mais voltar comigo, já tentei de tudo. — Até dizer que vai deixar ela viajar numa boa? — Isso não. — Então fala cara, depois vocês dão um jeito nisso, vai perder a mina por uma coisa tão besta? Sai daqui e vai pra casa dela. — Ela não tá em casa agora - Digo - O Victor mandou uma mensagem pra ela, pra eles irem comprar as malas pra viagem. — O Victor vai? - Thiago pergunta. — Vai. — Então é melhor você correr, a gente conhece, sabe que ele não vai deixar isso passar. — Eles já estão juntos - Krawk me entrega o celular e era um story do Victor.
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— Eles combinam - Digo. — E daí? Ninguém gosta de casal que combina muito - Thiago diz. — Verdade, a gente gosta do casal que a mina é linda e o cara é horrível - Krawk completa. — Nossa, valeu em. — É só a verdade - Ri - Mas sério, vai atrás dela mano, você viaja hoje e se não resolver agora, já era. — Tenta falar com a Suzy ou com a Carol, elas podem te ajudar - Thiago diz. — É, vamos lá falar com elas - Krawk diz. — Só falar da Suzy que ele fica empolgado - Digo e Thiago ri. — Ah vai tomar no cú - Diz - Nada a ver isso aí e não muda de assunto não, o negócio é você e a Mariazinha. — Não tem ela e eu mano, cê não entende? — Não tem porque você é um babaca - Krawk levanta - Bora, vamos dar um jeito nisso.
•••
Parei o carro em frente a casa dela e ficamos esperando até que ela voltasse. Uns vinte minutos depois que chegamos, o portão foi aberto e o pai dela saiu de lá. Percebi que ele estava vindo até o carro então desci.
— Eai Marc... — O que você quer aqui? - Me interrompe. — Eu vim falar com a Maria — Ela não tá em casa. — Eu sei, mas vou esperar ela voltar. — Esperar pra que? Pra fazer alguma coisa que magoe ela? Porque com certeza você fez alguma coisa, ela voltou do Rio sozinha. — Eu sei, a gente brigou e... — E você deixou ela voltar sozinha? — Ela veio escondida. — Nós tínhamos um acordo, não tínhamos? - Altera o tom de voz. — Sim, nós tínhamos, mas ... — Então pelo menos uma vez, cumpra com o combinado - Diz - Eu concordei, desde que você nunca fizesse ela sofrer, por nada, tá lembrado? E o que você me disse que faria, caso isso acontecesse? — Que eu ia sumir da vida dela pra sempre. — Então vai, antes que eu perca a paciência e a coisa não vai ficar legal pra ninguém. — Mas eu amo a Maria. — Eu não tô nem aí, não quero você perto da minha filha, você não é o cara pra ela. — E quem seria o cara certo pra ela? Um desses babacas que você acha que são bons porque fazem faculdade ou que você julga como certinhos porque eles não fumam maconha? Porque é só isso que você vê em mim, né? Um vagabundo maconheiro que vive de música. — É exatamente assim que eu te vejo. — Pois é, mas fique você sabendo que eu pago pela minha maconha com o meu dinheiro, eu me sustento, sustento meus luxos, compro tudo que eu gosto, levo sua filha pra jantar nos restaurantes mais caros e ela gosta de mim assim - Digo - E tem mais, pelo menos a minha maconha eu compro com o meu dinheiro, enquanto esses babacas aí compram com o dinheiro dos pais deles. — Olha pra sua cara - Ele diz - Com certeza seus pais te sustentam garoto e não me venha com mentiras, os amigos da Maria são garotos bacanas. — Eu sustento meus pais, você quis dizer, não é? E vai por mim, você não sabe nada sobre essas caras, assim como não sabe nada sobre a sua filha, enquanto você tá aí dizendo que eu não presto, ela diz a mesma coisa só que gemendo no meu ouvido.
Virei as costas e voltei pro carro, então sai cantando pneus.
