5. Kids, schools and sexual tension

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Acordei com um único e triste pensamento: ainda é quarta feira.

O dormitório onde eu ficava era dividido entre eu, um enxadrista chamado Jonas Smith (que só aparecia ali pra dormir), o beato Pablo Williams e Pete. Era um cenário engraçado: Pete tomava banhos demais e sempre estava cansado; Jonas era o turista do dormitório, e quando falava algo para era para reclamar; Pablo rezava desesperadamente sempre que cometia algo parecido com um pecado; e eu dormia com medo de cair da cama de cima do beliche que dividia com Smith. As cortinas azuis listradas de verde nas janelas emperradas quase sempre estavam abertas, e eu sempre pedia para alguém fechar, sem coragem de fechá-las, também. No quarteto, Pete era o único proativo, então ele era uma espécie de líder para nós do dormitório.

Pablo era mexicano, e segundo boatos, era filho de um padre. Desde pequeno fora ensinado a rezar pelo pecado de ter nascido, e seu rosto oleoso sempre se mostrava culpado por algo. Ele andava curvado, como se quisesse sumir entre a mobília, e seus óculos redondos pareciam dificultar isso tudo. Engraçado que ele sempre parecia fingir estar dormindo; talvez tivesse insônia, mas eu nunca perguntei. Jonas era bonito, tinha os cabelos cacheados e escuros, os olhos azuis geralmente cobertos por óculos escuros e uma pose que me dava nos nervos de tão irritante. Às vezes eu queria bater nele; só reclamava! Era uma perturbação. Não gostava dele.

Boa parte dos problemas do dormitório 415-C podia ser resolvido com sexo. E, bem, era assim que eu tentava resolver boa parte dos meus, mas com sexo comigo mesmo.

Era raro que eu usasse o banheiro do dormitório para isso; era mais fácil nos banheiros comunais (digamos que eu não era um grande simpatizante dos banhos). Eu apenas me sentava no vaso, pegava no meu membro e… é, daí pra frente ficava mais fácil. Estava difícil, com minha maldita concentração. Eu não conseguia me concentrar nas aulas, que dirá na masturbação! Tinha muitas preocupações, e isso afastava um pouco os pensamentos excitantes. Precisava comer, e me desculpar com Mikey por arruinar o RPG, e separar as roupas para sair com Bob, aquelas que Gerard havia citado. Merda, eu ainda precisava entender o que diabos Gerard havia feito no auditório. O que ele queria com aquela aproximação. Será que ele queria me deixar em faniquitos? Queria me deixar pensando se eu realmente odeio ele? Porra, eu odeio Gerard Way.

Na real, eu devo odiar metade da escola. Tudo bem, eu era um cara de 15 anos com pelos de barba e voz grossa demais; devia ser normal eu odiar todo mundo. Se não, ainda assim eu ponho a culpa nos hormônios.

Voltando ao foco; naquela quarta feira, acordei triste por ainda ser quarta, mas tive que me levantar. Aqueles três dividiam quarto comigo desde o início do ano passado, então já sabiam que eu dormia de cueca e meias. Não importava a temperatura, as meias estavam ali. Segundo minha mãe, meu pai dormia daquele mesmo modo; sem camisa, de meias, e durante muito tempo eu fugi daquele "pijama" por medo de ficar igual meu pai. Depois, vi que era até bastante confortável. Sentei na cama me sentindo um pano de chão retorcido, e estava coçando os olhos quando ouvi um "Bom dia, Iero" vindo de Pablo, que já havia terminado de rezar seu terço matutino.

– Bom dia, Williams. – respondi, e quando iria perguntar se ele dormira bem, algo acertou meus calcanhares.

Porra! – reclamou uma voz fina. Olhei para baixo e vi Smith passando a mão pela testa, os cabelos amassados de um lado. – Iero! Quantas vezes eu já falei pra você não invadir o espaço da minha cama?

– Eu estava com os pés no ar. – me defendi. – A culpa não é minha se você é um desatento.

– Desatento?! Eu vou te mostrar o desaten…

– Caras, – ralhou Pete – não vai ter um dia de paz nesse dormitório?

Eu encarei Wentz, emburrado. – A paz depende do Smith.

The Radio Guy Hates The ActorOnde histórias criam vida. Descubra agora