A Queda no Monte

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Star POV

Pip! Pip!

7:20....nesse horário, em um pleno sábado ensolarado, muitos ainda estão na cama, dormindo um profundo sono de beleza, esquecendo dos problemas e até tendo lindos sonhos, mas eu não. Nessa hora, eu já estou na minha 5° tarefa do dia, das mais de 50 que tenho que fazer. Lavar roupas das crianças, cozinhar, passar, arrumar os quartos...tudo recai em cima de mim. Desde que o orfanato perdeu investimento, a mais de 5 anos, o número de cuidadoras foi diminuindo, tendo assim que atribuir algumas tarefas as meninas mais velhas, no caso, eu. Sim, sou a única, em todo o orfanato, com mais de 15 anos, e isso me faz alvo fácil de exploração.

Não tenho mais roupas decentes, nem sapatos, casacos, nada. Tudo foi rasgando e sendo jogado fora, assim como a minha própria felicidade. A única coisa que sobrou nesses tempos difíceis foram os meus livros, que eram donativos da biblioteca, mas que agora, são a única coisa que sobrou de recordação dela. Pouco a pouco, a cidade estava perdendo lugares importantes, assim como o orfanato. Não tínhamos mais sala de aula, nem parquinho, e muito menos uma TV para assistir. Tudo estava desmoronando em cima de nossas cabeças, e eu não aguentava mais viver naquele inferno, tendo que viver por migalhas e aos cuidados daquelas mulheres, que pouco se importavam conosco. O orfanato podia suportar mais de 200 pessoas, entre crianças e jovens, mas que agora só contava com 20 delas, com idades entre 6 e 8 anos.

Elas eram uns amores comigo, sempre me ajudando no que eu precisava. Elas viam que a nossa vida ali ia de mal a pior e faziam de tudo para melhorar. Eu gostava dessa determinação delas, mas sozinhas, não teriam muito chance em mudar a nossa situação. Mesmo assim, em agradecimento pela ajuda, comecei a fazer um "Tempo de Leitura" para as crianças: uma hora da noite, eu juntava todos os meus livros e me reunia no quarto delas para ler histórias antes de dormir. Era uma forma de dar um pequeno traço de esperança para elas, com as histórias que geralmente envolviam fantasias e romances. Elas gostavam de todas, mas a preferida no momento é a do monte Ebott.

Era uma antiga história, inventada pelos avós do tempo, que dizia existir criaturas mágicas no topo do monte Ebott, maior monumento da nossa cidade. Nele, diversas criança que subiam encontravam algo mágico e maravilhoso, que as faziam vivênciar a verdadeira felicidade. Mesmo sendo um pouco "fantástica" demais, ainda sim eu lia para elas. Sei lá....acho que, no fundo, eu procuro algum lugar assim, para esqueçer essa minha realidade.

Bom, mas quem disse que a minha rotina acaba quando eu coloco as crianças para dormir? Assim que elas adormecem, eu vou para o meu quarto, finalmente, tentar descansar. Como assim tentar? Bom, de uns tempos pra cá, minhas noites foram tomadas por um sonho, ou pesadelo, na real eu não sei, onde eu estou em frente ao grande monte Ebott, onde uma voz me chama incansavelmente.

"Nos ajude...."

"Precisamos de você...."

"O Multiverso está em perigo"

"Ela quer vingança...."

Ela? Ela quem? E que negócio é esse de "Multiverso"? Essas eram as perguntas que eu sempre me fazia ao acordar no outro dia. Por um tempo, imaginei ser por causa do livro, da história, no caso, mas não. Eu comecei a ler ela faz pouco tempo, não seria possível ser isso. Então, resolvi deixar de lado, devia ser só coisa da minha cabeça mesmo. Mas agora, em meio a um inverno intenso e lento, vejo que não posso mais viver aqui. Mais uma....mais uma criança morreu, e o pior, foi de uma simples gripe, uma doença que poderia ter sido tratada se tivesse os remédios necessários. Mas que não foi. Porque não houve tempo? Não, foi porque eles não quiseram mesmo.

Parte o meu coração ter que sair daqui e deixar elas nas mãos dessas idiotas dessas criadoras, mas eu preciso tentar. Eu não sei bem para onde eu vou, mas qualquer lugar será melhor que aqui. Mas preciso ser cuidadosa. Mesmo sem investimento, eles ainda tem dinheiro para contratar seguranças. Tem que ser a noite, mais precisamente depois que todos foram dormir. No meu quarto, eu já estava com a minha mochila pronta, distração preparada e tudo apagado. No meu celular, que era bem velhinho, estava marcando 22:10 da noite. Hora perfeita. Era agora ou nunca.

Abri a porta do quarto lentamente, por causa do barulho e andei na ponta nos pés. Antes de sair, passei no dormitório das crianças. Dei um beijo em cada uma delas e deixei o livro preferido na mesa perto da porta. Abri a porta da frente e percebi os dois seguranças no portão de entrada. Estava na hora da distração. Tirei da minha mochila um pedra média, com um bilhete amarrado e fui para trás do prédio. Atirei em uma janela e esperei os dois virem investigar. Assim que notei as luzes de lanternas se aproximando de um lado, escapei pelo outro, indo direto ao portão. Mas eu não contava com uma coisa....

"Ei você!"

Olhei antes de chegar ao portão, e vi uma daquelas mulheres idiotas na porta, apontando para mim. Corri para o portão, abri na velocidade da luz e sai correndo por meio a rua deserta. As luzes estavam na minha cola, e eu corria para qualquer direção, tentando despista-las. Acabei chegando a uma entrada que dava para um morro. Comecei a subir, enquanto as luzes me seguiam incansavelmente. Não sei por quanto tempo eu subi, mas quando alcancei o topo, tropeçei em um galho e cai de cara no chão.

Segurança 1: Parada!

Um dos segurança segurava uma arma, enquanto o outro apontava a lanterna para mim.

Segurança 2: Fique parada.

Me levantei com as mãos para o alto, rezando para não tomar um tiro. Me levantei lentamente, ainda com as mãos na mesma posição.

Segurança 1: Quem diria, hein? Star dando um passeio a noite. Ela pediu para sair Marco?

Segurança 2: Eu não me lembro não Teddy.... então, ela tem que voltar com a gente né?

Segurança 1: Com certeza.

Eles começaram a se aproximar de mim, lentamente, enquanto eu fui recuando. Não queria voltar para aquele lugar, não agora, quando eu já estou livre, basicamente. Mas assim que eu me afasto mais um pouco deles, sinto uma passo falso me puxando para baixo. Meu corpo começa a cair por um fundo buraco, passando por diversos galhos e flores, até aterrissar no chão. Antes que eu pudesse fechar os meus olhos, vejo duas silhuetas estranhas se aproximarem de mim.

"Olha! Tem alguém aqui"

"Outra humana? O que ela está fazendo aqui?

" Acho que ela desmaiou. O que vamos fazer com ela?"

"Vamos levar ela para a mamãe, ela vai saber o que fazer"

Continua...

Voltei pessoal!!! *Grito*

E melhor do que nunca. Vamos continuar a história qur eu tinha parado de uma maneira bemmmmm melhor. Infelizmente, eu não vou postar como antes, vamos ter que colocar ordem nessa bagunça. Mas isso eu vejo depois.

Obg por todos que tiveram a paciência de esperar a minha volta.

"Vê seus leitores ao seu lado te enche de determinação"

Eu estou quase soltando fogos de artifício aqui!!!

Bjs meus Darlings, até a próxima.

Saga InkTale - Duas Partes de um PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora