Otávio havia acabado de chegar da faculdade, estava muito cansado, apenas queria deitar em sua cama e dormir pelo resto do dia.
Passou por sua mãe na cozinha, que sorriu pra ele.
— Filho, que bom que já voltou. — Dona Ágatha sorriu enquanto tirava um bolo da geladeira, comido pela metade. — Mas poderia ter vindo mais cedo, perdeu a visita.
— Oi mãe...que visita ? — Disse sem prestar atenção, talvez fosse apenas a Dona Ofélia e sua filha mais nova, Lídia, as duas senhoras juravam por Deus que os dois deveriam namorar.
Se ao menos ela soubesse que de mulher eu só quero amizade. Pensava, no alto de seus dezenove anos, ainda não havia criado coragem para se assumir para sua mãe.
— Luccino. Vieram ele e Dona Nicoletta aqui comer um bolo, matar as saudades...ele inclusive perguntou de você. — Disse Ágatha, sorrindo descontraída. Otávio parou, nostálgico. — Você se lembra do Luccino, não é ?
É claro que ele lembrava, não havia como esquecer seu amigo de infância.
E o seu primeiro menino.
[…]
Há dez anos atrás...
Era mais uns daqueles dias de escola onde Otávio ia pra casa de Luccino, era mais perto do que a casa de Otávio e muito mais divertida, pois Luccino tinha muitos irmãos para brincar.
Mas ele preferia brincar apenas com Otávio. Dividia os brinquedos apenas com ele e mais ninguém, ia apenas com ele no parquinho, na gangorra e no balanço. Trancavam-se no quarto de Luccino e brincavam lá a tarde toda, até Ágatha vir buscar Otávio.
E nada seria diferente naquele dia. Luccino e Otávio correram pra casa do italianinho, apostando corrida.
Otávio ganhou, pois era muito competitivo, depois, um bom prato de almoço os alimentou para o cansaço da manhã e para dar energia a tarde.
Nicoletta foi trabalhar e deixou os dois com o irmão mais velho, Vírgilio, que ficou na sala, assistindo televisão.
— Você vai ver, não vai dar meia hora depois dela sair e ele vai sair também. — Luccino disse a caminho do quarto, Otávio assentiu. Sempre havia sido assim, Virgílio dizia que ia cuidar dos meninos, mas sempre saía e trancava a porta — E é claro, proibia Luccino de contar para a mama dos dois.
— E então podemos jogar no meu videogame, eu trouxe ele na mochila. — Otávio disse, empolgado. Luccino sorriu também, adorava jogar videogame, mas apenas Otávio tinha um.
— Eu quero fazer uma coisa hoje. Com você. — Disse Luccino, no quarto.
— O quê ? — Otávio questionou já sentado no tapete.
— Só posso fazer depois que o Virgílio sair. — Luccino sentou junto de Otávio e olhou fundo em seus olhos.
Otávio esperou ansioso para Vírgilio sair. Assim que o mais velho saiu, os dois foram para a sala e arrumaram o videogame, bom, Otávio estava conectando os cabos, Luccino apenas observava no sofá e esperava, ansioso.
No que Otávio se sentou no sofá e passou o controle para Luccino, sentiu a pequena e macia mão do garoto lhe tocar a bochecha, e os lábios prensarem os seus. Assim, rápido, Otávio ficou surpreso, mas não se afastou, fechou os olhos e se deixou levar.
De um jeito desajeitado o beijo aconteceu, Luccino era tão inexperiente quanto Otávio, mas fazia seu melhor. Já havia visto seu irmão mais velho, Ernesto, beijar meninas no quarto, tentava fazer igual.
