O ano é 1800 e um punhado de areia, localização Oeste. As pessoas sofrem da baixa condição de saúde, falta de alimento e é claro, o perigo causado pelos assaltantes que vagueiam pelas cidades espalhando caos e morte. Vim de uma família muito humilde, mas bem rigorosa. Ainda me lembro de estar no sol do campo, com uma enxada na mão, ouvindo meu pai dizer "acostume-se com essa vida, mas não siga a merda do caminho errado". Tenho certa saudade e pena, mal sabia ele que após alguns anos eu me tornaria o terror de todo o Oeste, porém isso é para depois. Sempre fui uma criança muito parruda, então eu sempre acabava entrando em brigas quando os outros pareciam estar tirando sarro de mim. Isso evoluiu para o uso de armas de fogo, como o meu favorito revólver Colt. Aos 17 anos eu já estava mais esperto, mais aventureiro, passava de cidade em cidade com o meu tio Jesse, um irmão bastardo de meu pai que preferiu aproveitar a vida ao invés de ficar sentado em uma cadeira de balanço apreciando o pôr do sol. Sinceramente, eu tinha vergonha de carregar o sobrenome de alguém que apenas fazia isso de sua vida, tanto que passei a chamar Jesse de pai depois de tanto tempo viajando com o mesmo.
Certa vez em uma de nossas façanhas demos de cara com um pivete que carregava uma arma interessante, por seu sotaque e forma de vestir era claro que ele não era destas bandas. Logo se identificou como Billy e dizia que veio do Centro Oeste em busca de novas oportunidades, nós sabíamos claramente quais eram essas oportunidades. O mesmo ficou algumas estações conosco, era um ótimo contador de histórias e adorava falar sobre seu passado, foi em uma das noites sentado na fogueira que ele nos contou mais sobre sua arma, ele a chamava de Winchester. Ele nos explicou que era uma carabina, arma extremamente potente que exigia um treinamento árduo, coisa que Billy dizia ter desde criança e que não parecia mentira, já que o mesmo tinha tiros precisos demais com a arma.
Em 1888 eu já tinha 28 anos e o bando havia aumentado bastante, mas com isso os problemas que começaram a surgir. Primeiro um de nossos parceiros J.Wesley foi preso em um de nossos assaltos a uma locomotiva que carregava minério de ouro até uma cidade vizinha. O primeiro a morrer foi Billy, o pobre rapaz foi pego em uma saia justa num bordel durante nossas paradas. Ele tinha um prazer incontrolável e isso o matou. Ficamos sabendo que o xerife tinha subornado o dono da Saloon e assim arquitetou a morte de meu "escudeiro", que descanse em paz.
Meu tio Jesse teve um final menos trágico, além de ter adquirido uma doença por causa do fumo, ele estava velho demais para continuar os roubos. Logo se aposentou em uma antiga fazenda da família e pelo que soube morreu por lá mesmo. Não tive tempo para ver e enterrar o corpo da devida forma, já que estávamos sendo procurados por toda parte.
Conhecemos um tal de James em nossas aventuras, ele não era de falar muito e pelo que ouvimos o homem era de outro continente e veio para cá após um exílio. Soubemos que ele era um assassino em massa, porém não era muito inteligente, após um de nossos roubos ele quis dar uma de louco e saiu correndo para cima dos policiais enquanto fugíamos de cavalo. O homem já tinha tantos buracos no peito que nem podia contar. Por último restava apenas eu...
1890, o bando sequer existia, eu era o único bicho solto ou vivo, um lobo solitário que corria de qualquer alcateia que lhe oferecessem lugar. Estava escondido em uma cidade pequena, caminhava sentindo o calor do deserto sobre meu rosto. Passei por uma esquina então vi um papel que possuía um de meus retratos falados, nada que eu fosse me importar. Mas algo me deixou enfurecido, aqueles malditos "cinco mil" de recompensa por minha cabeça, eles achavam que eu era algum pivete?
Esperei até o anoitecer e entrei na casa do prefeito. Ao amanhecer o povo viu a cabeça do mesmo em cima da igreja. Porem eu também vi algo que me chocou: o xerife em minha porta e junto a ele 30 homens armados até os dentes... agora, eu espero meu destino apodrecendo em uma antiga cela de prisão, sem agua, comida e... sem poder apreciar o pôr do sol.
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Oeste
Historical FictionEste é o segundo conto de uma "série" de contos inspirados em músicas do cantor Kamaitachi, como o outro, não creio que vá chegar ao mesmo, mas o agradeço novamente por me dar inspiração e motivação para continuar a escrever. Bem, a história é basea...