CAPÍTULO 25-UMA VISITA INESPERADA!

1.6K 226 84
                                    


"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração." (Música "Eduardo e Mônica"-Legião Urbana)

                                                                     &*&*&*&


Não havia trégua...a mão do pintor parecia ter vida própria e não uma obediência ao dono da inspiração que a impulsionava!

Não havia clemência...e ele chegou a pensar que a cãibra pelo esforço desmedido e quase insano  iria interromper as pinceladas vigorosas a qualquer momento!

Não havia procrastinação pra sua arte que pedia urgência...uma urgência que parecia exigir que ele expressasse o que sentia...não tinha como o próprio criador nomear o processo de criação de sua obra naquele momento!

E ele, Érick Máximo, o famoso pintor italiano, começou a pintar e só parou com as primeiras luzes da manhã, exausto, coberto de suor, apesar de ainda estar chovendo lá fora...e ainda estar frio dentro do ateliê...e ele estar, como sempre, completamente nu!

O pintor finalmente parou ofegante, sem fôlego, exausto! Soltou o pincel no chão, como se mesmo o peso dele fosse demais para a sua fadiga!

Érick Máximo caminhou a passos débeis, descoordenados, vacilantes até uma cadeira mais próxima e desabou  totalmente exaurido de suas forças!

Mais uma vez, o criador olhou para a sua obra, como sempre fazia,  sem entender como fora o processo da criação...sem sentir-se autor do próprio trabalho que acabara de realizar!

Percebeu o cheiro da porra de Davi ainda em suas mãos...percebeu o cheiro de sua própria ejaculação que ocorrera em algum momento do seu processo de transe sem que ele ao menos notasse que gozava ali, diante de sua obra!

Os olhos do artista estavam estáticos e assustados diante do quadro ainda úmido e, surpreendentemente, completo...totalmente completo! 

Pela primeira vez ele percebeu que não caberiam mais o aparar de arestas...algum acabamento nos traços furiosos e, por vezes...totalmente insanos: a obra estava totalmente completa!

O pintor ficou longos minutos ali, sentado tentando reorganizar as ideias, pois elas até então não pertenciam a ele e sim a sua obra!

Arrastou os pés descalços pelo corredor iluminado apenas pela luz que vinha da porta aberta do seu ateliê dirigindo-se até o banheiro.

Quase não precisava da luz artificial, pois a natural já pedia passagem anunciando o novo dia.

Piscou várias vezes, pois os olhos ardiam pelo  esforço que havia feito.

_Cacete, cara! Não sabe bater na porta?_xingou Davi que se aliviava no vaso e já balançando o membro pra liberar rapidamente o restante da urina.

Érick assustou-se com a presença do outro ali, como se fosse Davi o errado e não ele!

O agricultor ficou chocado ao ver aquele homem ali, completamente nu e visivelmente desfeito a sua frente.

Os dois homens se encararam...em silêncio...sem fala...sem voz...sem entender aquele momento estranho no meio da noite.

_Desculpe, eu só queria tomar um banho..._disse o pintor desconsertado preparando-se para sair.

_Não...pode ficar...já estou de saída._avisou Davi, também desconsertado,  dando descarga, após tampar o vaso.

O dono da casa baixou a cabeça, constrangido por estar ali naquela situação singular em sua vida: havia um homem nu com uma aparência exaurida de todas as suas forças e parecendo mal conseguir se manter sobre as próprias pernas bem na sua frente.

MATÉRIA BRUTA- Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora