16 - O Pirata e o Dragão

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"Sou Greyjoy, Senhor Ceifeiro de Pyke, Rei do Sal e Rocha, Filho do Vento Marinho e ninguém me dá uma coroa. Eu pago o preço do ferro. Tomarei a minha coroa, como foi feito há cinco mil anos."

Balon Greyjoy

***

Daenerys partiu com os dragões pelos mares escuros. Voava alto e com toda a velocidade, ouvindo o som das ondas e dos ventos. Drogon sentia sua fúria e seu rosnado estremecia o corpo da Rainha. Do lado direito dela estava Rhaegal e do esquerdo Viserion. Eles partiam como raios no céu, sobrevoando o mar para atacar a Fortaleza do lado oposto ao que os soldados atacariam.

Acima das nuvens, Daenerys visualizou alguns pontos abaixo no oceano. Eram os navios de Euron. Ela sabia que Cersei teria reforços marítimos, mas nem de longe parecia ser algo relevante. Agarrou o mais forte que conseguiu em Drogon e o fez descer com ferocidade sobre eles. Quanto mais os três dragões e sua mãe chegavam perto, mais percebiam a emboscada. Alguns navios estavam equipados com balistas, armas imensas com lanças longas e afiadas.

Euron vinha à frente em seu navio, com seu rosto pálido e elegante, com um olho coberto e outro, azul claro, mirando os céus acima de sua cabeça. Em suas costas ele trazia um berrante, uma antiga e mágica arma usada para domar dragões na Antiga Valyria. Era provavelmente o último berrante em todo o mundo, com cerca de mil anos de idade, segundo dizia a sepultura em que o encontrara enterrado. Mas Euron ainda não havia experimentado usá-lo, pois tinha visto um de seus homens morrer com os pulmões pretos ao soprá-lo. O som produzido havia sido demoníaco, causado pânico e queimado o corpo do rapaz de dentro para fora.

— Será minha última tentativa... — Pensava ele, enquanto dava ordens aos homens para mirar na Rainha Dragão — Se nada mais funcionar...

Das alturas, Dany ouviu um som, como de um soco, e viu uma das lanças passar bem perto de Viserion. Eles começavam a atacar. Ela desviou sua rota e deu um giro no ar, indo para trás dos navios. Eles haviam construído armas para se defender dos dragões e isso a amedrontou e irritou ao mesmo tempo.

— Dracarys. — Sussurrou para Drogon, que desceu como uma flecha de cima para baixo, jorrando sua chama negra e vermelha sobre o oceano antes de voltar a se erguer.

As bases dos navios explodiram e eles se viraram como cachalotes abatidas, rangendo suas madeiras distorcidas. Os gritos dos homens era ensurdecedor, assim como do rugido dos dragões e o bater das águas confusas. Tudo começou a ficar negro de fumaça e enlouquecedor aos ouvidos.

— Atirar! Atirar!

— Não consigo ver nada!

— Diabos! São dragões! 

— Dragões! Demônios! 

As lanças continuavam a ser atiradas praticamente às cegas, mas os três dragões desviavam delas com precisão, enquanto obedeciam Daenerys e jorravam o fogo da morte sobre os inimigos. A agitação do mar, dos homens e dos dragões parecia uma dança frenética. Euron não estava acreditando no que via e apertava os punhos com força nas madeiras do grande navio que balançava perigosamente. A água do mar molhava seus cabelos escuros e salgava seus lábios cruéis.

— Me dá isso. — Ele correu para a balista e jogou o rapaz que estava atirando em Drogon para o lado, tomando o comando da arma — Cadê você desgraçado?

Drogon passou bem diante dele e a lança que atirou, passou a centímetros da garota Targaryen. Quase pode ouvi-la gritar, pois havia se desequilibrado e quase caído de cima da fera. Rapidamente ele preparou outra lança na balista, enquanto ouvia os gritos e o barulho dos navios afundando no mar. Eles estavam perdendo aquela guerra.

Vendo que Rhaegal, o dragão esverdeado, voava mais baixo que os demais, os soldados das embarcações que ainda estavam de pé começaram a atirar as lanças em sua direção. Foi desesperador, porém, constatar que elas mal entravam na pele do dragão, apenas o enfureciam ainda mais. Rhaegal passava as garras sobre os navios e os estraçalhava, enquanto apenas o bater de suas asas próximas os fazia balançar para metros de distância.

— Demônio verde! — Gritavam — Fujam todos!

Euron mirou na garganta do dragão, firmando o olhar com concentração. Fez seu pensamento se acalmar, como fazia quando estava em uma tempestade no oceano. Foi então que conseguiu acertar a parte inferior da extensa asa do dragão, desequilibrando-o. Não seria um grande problema se a lança seguinte, como que guiada pela mão de um deus, não tivesse atingido o olho esquerdo de Rhaegal.

— Morra, maldito! — O pirata riu com seus dentes adornados de ouro e prata.

Parcialmente cego, confuso, com a asa ferida e louco de dor, o dragão de esmeraldas encontrou sua ruína. Dany se virou rapidamente ao ouvir o choro de seu filho. Aquilo não podia ser real. Ela mal enxergava, mas continuava a queimar os homens e revirar os navios.

— Rhaegal... — Ela sabia que era ele.

Dany sentiu o corpo inteiro ficar em chamas, mas logo suas mãos e pés esfriaram como se sua alma fugisse do corpo. Estava tomada pelo pavor. Observou que Rhaegal tentava voar, mas não conseguia, até que por fim caiu no mar, bem em cima de uma enorme embarcação, causando o caos total.

— Não! — Gritou inutilmente, vendo-o tentar se erguer das águas turbulentas.

Euron sorriu quando viu o dragão cair, até que seu navio sentiu o impacto da imensa fera nas águas e ele foi jogado violentamente contra uma das velas. Sentiu o berrante se desprender e cair no convés, enquanto suas costelas quebravam. Mas mal teve tempo de gritar, pois a cauda do dragão bateu no navio e o quebrou ao meio, atirando Euron e os demais tripulantes ao mar.

A cabeça do dragão emergia e afundava coberta pelo sangue que fluía pelo olho perfurado e inundava o oceano, enquanto as chamas dos navios formavam uma densa fumaça negra no céu. As asas batiam ferozmente, causando ondas imensas, fazendo tudo voar pelos ares. Daenerys viu seu filho se debatendo sem poder fazer nada e seus olhos arderam em lágrimas.

— Ahhhhhhhhhhhhhhh!! — Ela gritou tão alto que Drogon estremeceu e soltou também um rugido feroz de dor e desespero.

Os homens que ainda estavam vivos apenas buscavam escapar da morte, agarrando-se em tábuas e partes dos navios destroçados. Mas o dragão estava jorrando fogo e sangue para todos os lados, destruindo qualquer chance de salvação. Nada ao redor dele sobreviveria ao redemoinho de fogo e restos de madeira que estava se formando.

— Olhos da cor de bronze, mais brilhante do que um escuro polido... — Daenerys ouvia repetidamente em sua mente paralisada — Um ovo verde... o dragão que levou o nome de meu irmão Rhaegar, morto no Tridente...

Quando Euron conseguiu nadar e emergir das águas, se viu confuso e perdido entre os destroços que boiavam. Então teve apenas um segundo para piscar os olhos antes de visualizar a fera de um olho só bem à sua frente, abrindo a enorme boca de dentes negros e afiados. Euron sentiu as dezenas de presas se enfiando como longas agulhas em sua carne quando o dragão deu o bote. Sua cabeça inchou até seus olhos explodirem e seus ossos se quebraram como galhos secos estalando e trincando. Rhaegal então afundou no grande mar levando consigo os navios, os soldados e a carne do pirata nos dentes.

Ao longe, o berrante milenar boiava, se afastando lentamente da destruição, como se os deuses o guiassem.

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Nota: Peço perdão a quem não queria morte de dragão de jeito nenhum, mas eu disse que seria impiedosa e isso quer dizer que ninguém está a salvo. Eu amo os dragões, mas não vou torná-los imortais e invencíveis, sobretudo porque tira qualquer chance de a Daenerys ser vulnerável a ataques. Não tem graça personagens invencíveis e não acho que a série fez errado em causar mortes de dragões, só a forma que foi mal feita.

Para ser mais coerente com a história do George Martin, a morte de Rhaegal foi baseada na morte do dragão Meraxes, de Rhaenys Targaryen. Já a morte do Euron eu fiz ocorrer no mar porque, pra mim, torna a morte grandiosa. Na religião dos Greyjoy existe algo muito místico em morrer afogado. Sobre o berrante de dragão, ele existe nos livros, então resolvi acrescentar aqui também. 

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora