Ji Min acordou e achou o fato engraçado, porque não se recordava de ter adormecido. Sentia-se molenga, e seus olhos encontravam dificuldade para se abrirem — como quando se vai deitar muito cansado e se dorme por várias horas a fio. Seu cérebro ainda estava enevoado de sono.
Avistou alguém através da estreita brecha de visão que conseguiu desobstruir e sorriu.
Aquele rapaz lindo estava ali, olhando atentamente para seu rosto.
Os cabelos dele estavam arrumados num rabo de cavalo alto bem como se lembrava, com a franja ameaçando esconder o olho esquerdo. Dessa vez, porém, além da presilha de prata, havia uma porção de correntinhas trançadas nos fios negros, desde o pé do cabelo até o prendedor. Usava branco e azul, o dapho de um azul muito claro e sem mangas exibia delicadas linhas níveas que formavam desenhos de crisântemos. Ji Min não entendia muito de tecidos, mesmo assim reconhecia seda de alta qualidade de longe e aquele hanbok era todo feito dela. Ninguém de Hongsaejoo usaria um item tão caro, tudo ali era simples. Ele é um dos nobres que vieram para Hworan por causa da guerra…
Mas como ele podia estar em seu quarto se nem havia lhe dito seu nome — ou, melhor, o nome que usava agora? Como ele havia feito para encontrá-lo? Tudo era tão estranho, como num sonho em que as coisas vêm e vão sem qualquer explicação… É isso! Eu estou sonhando! Ji Min concluiu, rindo de si mesmo (e perdendo a pouca visão que tinha por um momento, suas bochechas espremiam seus olhos) por ter demorado tanto para entender algo tão óbvio. Estou tendo um Sonho dentro de um Sonho pela primeira vez. Que louco…
— Você está bem? — indagou o rapaz, até a voz dele era linda.
Ji Min brincou, o tom moroso por conta da moleza:
— “Você está bem?” Por que essa é sempre a primeira pergunta que você me faz?
O rapaz lhe mostrou um sorriso mínimo.
— Porque a circunstância sempre pede. Como se sente?
Meu coração e meus olhos estão felizes, o resto está péssimo, Ji Min pensou em dizer.
— Ah, não importa. Vou me sentir melhor quando acordar. — Foi o que acabou dizendo. — Eu queria te ver, sabia?
Os olhos do rapaz se arregalaram, e as sobrancelhas se arquearam. Ele parecia chocado.
— Ver? A mim?
— Uhum — Ji Min confirmou. Iria contar tudo, era um sonho comum de qualquer maneira. Um sonho dentro de um Sonho. Seria como falar consigo mesmo, certo? Com seu subconsciente rebelde que só o colocava em furadas. Falaria sem reservas! — Eu queria te rever desde que você me deixou sozinho naquele corredor. Fiquei torcendo pra gente se esbarrar outra vez, mas não rolou. Não vi nem sua sombra esse tempo todo. Por que não apareceu assim pra mim antes?
O rapaz lhe lançava um olhar confuso, meio ressabiado, parecia em dúvida se respondia ou não. Por fim, disse:
— Eu estava viajando.
— Ah, era isso… — Meu subconsciente pensou nessa resposta? Fazia biquinho. — Não é que você não quisesse vir me ver, não podia porque estava longe. — Porque se ele estivesse viajando, realmente não teria como nós nos esbarrarmos. Faz muito sentido, faz sim. Abriu um sorriso imenso, recostando a bochecha às mãos entrelaçadas. Sentia-as um pouco dormentes, sem vigor, mas não se importou. Era apenas um sonho, afinal. — Que alívio! Pensei que não quisesse me ver…
— Por que você queria me ver? — Tudo que teve foi a voz do rapaz, porque seu sorriso tornara seus olhos dois riscos incapazes de ver tudo que não fosse o interior de suas pálpebras, ainda assim detectou um leve quê de suspeita no tom dele. Ele deve estar estranhando o meu comportamento por sermos ambos homens. Hum, faz sentido. Se um homem demonstrar esse tipo de interesse em outro é algo ainda visto como reprovável por muita gente na minha época, quem dirá nessa! Deve ser algo impensável. Uhum, isso mesmo. Meu subconsciente não esqueceu nem desse detalhe. Parabéns, subconsciente. Você realmente sabe das coisas.
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Outlander || Yoonjikook
РазноеA vida de Park Ji Min se resume a fazer seus deveres acadêmicos - que consomem quase todo o seu tempo -, comer e dormir. Suas amizades são mantidas por encontros de corredor, raras visitas em casa, ligações e mensagens. Vivendo entre o silêncio da c...